*crônica para uma aula de Gêneros do Jornalismo.
Já passei muitas vezes por essas ruas que ficam próximas a minha casa. Já percorri por elas, metros suficientes para atravessar o Brasil. Sei quase todos os seus detalhes. O buraco próximo à entrada da agência dos Correios, de onde os carros desviam. Uma casa com um muro alto, cercas e envolta em eucaliptos. Com um portão que está sempre fechado, logo em frente ao campo de futebol onde quando os meninos não jogam bola, as vacas pastam e aparam o gramado.
O posto da Previdência Social, que agora está em reforma, apesar de não se ver nenhum sinal de que algo esteja mudando. O mato cresce em volta das paredes brancas com o rodapé azul. O vendedor, que levava seus salgadinhos dentro de um isopor perdeu toda sua freguesia, que ficava na fila do posto. Isso logo depois que ele havia expandido seu comércio e já vendia até DVDs piratas da Banda Calypso.
Já o homem que vende caldo de cana ainda tem alguns clientes. Seu público alvo não era quem esperava na fila. O barulho de sua máquina instalada na caçamba de uma velha picape laranja chama a atenção das pessoas que passam pela rua, assim como eu. Conheço todos, apesar de não saber quem são. São velhos desconhecidos, por quem eu já passei várias vezes. Ouvi algumas conversas, mas sei tanto deles, quanto sabia do cachorro preto que dormia embaixo das mangueiras e que um dia desapareceu. Pode ter morrido atropelado, como tantos outros. Não sei se ele tinha um nome, mas costumava a o chamar de Charles.
A rua das mangueiras aonde o cachorro dormia era um lugar perigoso. Durante um tempo um homem corria pelado atrás das mulheres que passavam por ali. A longa rua de terra vivia vazia e não tinha casas, apenas uma loja que fabricava orelhões de fibra de vidro em formato de araras. As lâmpadas sempre estavam queimadas.
A rua está sempre esburacada e uma poça de lama sempre se forma nos períodos úmidos do ano. E as mangueiras sempre contrastam com o azul do céu de outono. E suas folhas refletem a luz do sol de maneira diferente em cada estação do ano.
Na esquina o ruído do moedor de cana não costuma a atrapalhar a feijoada com pagode que acontece no restaurante ao lado, todos os sábados. Restaurante que já teve algum sucesso, quando era uma peixaria que vendia peraputangas sem espinhos.
E atrás do restaurante fica um terreno vazio, em que o verde das arvores nunca contrasta com o céu, porque estão sempre queimadas. O fogo se espalha pelos terrenos do bairro todos os anos. E normalmente, nem isso costuma a atrapalhar a feijoada com pagode, o vendedor de caldo de cana e os meninos que jogam futebol quando as vacas não pastam.
Já passei muitas vezes por essas ruas que ficam próximas a minha casa. Já percorri por elas, metros suficientes para atravessar o Brasil. Sei quase todos os seus detalhes. O buraco próximo à entrada da agência dos Correios, de onde os carros desviam. Uma casa com um muro alto, cercas e envolta em eucaliptos. Com um portão que está sempre fechado, logo em frente ao campo de futebol onde quando os meninos não jogam bola, as vacas pastam e aparam o gramado.
O posto da Previdência Social, que agora está em reforma, apesar de não se ver nenhum sinal de que algo esteja mudando. O mato cresce em volta das paredes brancas com o rodapé azul. O vendedor, que levava seus salgadinhos dentro de um isopor perdeu toda sua freguesia, que ficava na fila do posto. Isso logo depois que ele havia expandido seu comércio e já vendia até DVDs piratas da Banda Calypso.
Já o homem que vende caldo de cana ainda tem alguns clientes. Seu público alvo não era quem esperava na fila. O barulho de sua máquina instalada na caçamba de uma velha picape laranja chama a atenção das pessoas que passam pela rua, assim como eu. Conheço todos, apesar de não saber quem são. São velhos desconhecidos, por quem eu já passei várias vezes. Ouvi algumas conversas, mas sei tanto deles, quanto sabia do cachorro preto que dormia embaixo das mangueiras e que um dia desapareceu. Pode ter morrido atropelado, como tantos outros. Não sei se ele tinha um nome, mas costumava a o chamar de Charles.
A rua das mangueiras aonde o cachorro dormia era um lugar perigoso. Durante um tempo um homem corria pelado atrás das mulheres que passavam por ali. A longa rua de terra vivia vazia e não tinha casas, apenas uma loja que fabricava orelhões de fibra de vidro em formato de araras. As lâmpadas sempre estavam queimadas.
A rua está sempre esburacada e uma poça de lama sempre se forma nos períodos úmidos do ano. E as mangueiras sempre contrastam com o azul do céu de outono. E suas folhas refletem a luz do sol de maneira diferente em cada estação do ano.
Na esquina o ruído do moedor de cana não costuma a atrapalhar a feijoada com pagode que acontece no restaurante ao lado, todos os sábados. Restaurante que já teve algum sucesso, quando era uma peixaria que vendia peraputangas sem espinhos.
E atrás do restaurante fica um terreno vazio, em que o verde das arvores nunca contrasta com o céu, porque estão sempre queimadas. O fogo se espalha pelos terrenos do bairro todos os anos. E normalmente, nem isso costuma a atrapalhar a feijoada com pagode, o vendedor de caldo de cana e os meninos que jogam futebol quando as vacas não pastam.
Comentários