Desde que Fernando Diniz foi anunciado como o novo treinador do São Paulo, os torcedores da equipe vivem em uma espécie de pavor constante. O nome de Diniz também tem sido rejeitado por uma pequena maioria dos torcedores, por mais que não haja um consenso sobre quem deveria ocupar este posto.
Há sim alguma razão para se temer Fernando Diniz no comando da sua equipe e a principal delas é que ele conquistou apenas cinco vitórias em suas duas passagens por clubes da primeira divisão do campeonato brasileiro. Seu Fluminense deste ano venceu apenas três partidas, duas delas em atuações memoráveis (Grêmio e Cruzeiro), mas fora isso acumulou uma série de derrotas agradáveis.
Diniz é um dos treinadores mais falados do Brasil desde pelo menos meados de 2014, quando seu Audax fez bons jogos no campeonato paulista. Em 2016, no seu auge, a modesta equipe de Osasco foi vice-campeã paulista, derrotando alguns gigantes pelo caminho e mantendo seu estilo pessoal: toque de bola, correndo riscos atrás, busca constante por impor seu jogo e dominar o adversário, mesmo quando ele é superior tecnicamente.
Fora isso, praticamente nada deu certo na carreira do treinador, discreto meio-campista quando foi jogador. Em 2017 o Audax foi rebaixado no campeonato paulista. Suas passagens por Guaratinguetá, Oeste de Itápolis e Paraná não resultaram em nada de relevante. Sua primeira oportunidade na série A, no ainda Atlético-PR, foi cercada de expectativa, mas terminou com o time na lanterna do campeonato. Para piorar, depois que Tiago Nunes assumiu o comando técnico, a equipe reagiu ao ponto de terminar o campeonato no 7º lugar e conquistar a Copa Sul-Americana.
No Fluminense, o time viveu grandes momentos e teve grandes vitórias, mas obteve muitas grandes derrotas. O Fluminense certamente foi o time que mais perdeu jogando bem na história recente do futebol, mas isso não chega a ser um alento para ninguém.
A seu favor, o treinador pode alegar que não tinha o material humano necessário (premissa que vale pouco para o caso do Athletico) e que ainda conviveu com os sérios problemas financeiros do Fluminense, com salários atrasados, jogadores a beira da greve e constantes vendas de revelações.
Mas, como em muitas coisas da vida, suas virtudes facilmente podem se transformam em defeitos. Os times de tem coragem e acabam por correr riscos, que muitas vezes se transformam em gols sofridos. Além disso - o elenco mais qualificado do São Paulo será uma oportunidade de verificar isso - há a impressão de que os times que ele dirige não conseguem transformar seu volume de jogo em chances reais de gol. A equipe finaliza muito, mas finaliza mal, sem as condições ideais, finaliza pela coragem de finalizar, mas em uma situação longe da ideal.
Bem, a carreira de Fernando Diniz não é das mais impressionantes, por isso impressiona mesmo é o calor que ele provoca nas discussões sobre futebol. Pode ser que ele seja apenas um louco mesmo e loucos fingindo normalidade sempre irão provocar discussões. Mas é mais provável que a torcida contra ele observada em grande parte da torcida seja o medo do novo. Quem se propõe a inovar, seja em que área for, sempre terá que lutar contra as verdades sedimentadas, que formam muros que nos dão conforto.
Talvez Diniz seja um desses técnicos idealistas, relegados a função de influenciadores, mas que jamais terão grande sucesso.
Dizem que o grande influenciador técnico de Guardiola é Juan Manuel Lillo, obscuro treinador espanhol cujo maior exito na carreira foi levar o Salamanca da terceira para a primeira divisão e cujo clube de maior estrutura que ele dirigiu em sua vida foi a Real Sociedade, quando a equipe basca estava na segunda divisão do campeonato espanhol e por lá permaneceu após sua passagem. Foi auxiliar de Jorge Sampaoli no Chile e acumula uma série de passagens curtas por equipes pequenas, sempre tumultuadas e sem grandes êxitos.
Ele pode ser citado ao lado de Paco Jemez, Juan Carlos Osorio, Zdenek Zeman e outros tantos treinadores cujos times encantam pela ousadia e ofensividade, mas que acumulam fracassos em termos de resultado. A principal razão são as goleadas sofridas. Eis aí o grande medo que Diniz proporciona, assim como o próprio Sampaoli: as goleadas.
Pouca coisa machuca mais um torcedor do que levar uma sacolada na cabeça. Perder de cinco, seis gols, quiçá sete. A vergonha de sair de casa no dia seguinte após um massacre, por saber que este será o assunto até entre o mais neutro dos torcedores. Claro que uma goleada pode bater as portas do mais pragmático dos torcedores, como bem sabe o Felipão, mas os treinadores idealistas correm mais esse risco.
Diante do fracasso inevitável, treinadores mais pragmáticos tendem a fechar o time para evitar a humilhação. Um treinador como Fernando Diniz e outros citados preferem correr o risco em busca da recuperação, tentando aproveitar o relaxamento adversário com a vantagem construída. Só um maluco como Fernando Diniz colocaria o time para atacar o Grêmio em plena Arena, depois de levar 3x0 em 20 minutos. Como tudo deu certo e a vitória por 5x4 entrou para história, foi uma maravilha. Mas qualquer torcedor estava é morrendo de medo de levar um 8x0.
E é esse o medo escondido que todo torcedor do São Paulo sente agora, o de saber que algumas vitórias poderão vir, mas que a goleada sofrida está à espreita, atrás da porta esperando o momento de acontecer.
Bem, a carreira de Fernando Diniz não é das mais impressionantes, por isso impressiona mesmo é o calor que ele provoca nas discussões sobre futebol. Pode ser que ele seja apenas um louco mesmo e loucos fingindo normalidade sempre irão provocar discussões. Mas é mais provável que a torcida contra ele observada em grande parte da torcida seja o medo do novo. Quem se propõe a inovar, seja em que área for, sempre terá que lutar contra as verdades sedimentadas, que formam muros que nos dão conforto.
Talvez Diniz seja um desses técnicos idealistas, relegados a função de influenciadores, mas que jamais terão grande sucesso.
Dizem que o grande influenciador técnico de Guardiola é Juan Manuel Lillo, obscuro treinador espanhol cujo maior exito na carreira foi levar o Salamanca da terceira para a primeira divisão e cujo clube de maior estrutura que ele dirigiu em sua vida foi a Real Sociedade, quando a equipe basca estava na segunda divisão do campeonato espanhol e por lá permaneceu após sua passagem. Foi auxiliar de Jorge Sampaoli no Chile e acumula uma série de passagens curtas por equipes pequenas, sempre tumultuadas e sem grandes êxitos.
Ele pode ser citado ao lado de Paco Jemez, Juan Carlos Osorio, Zdenek Zeman e outros tantos treinadores cujos times encantam pela ousadia e ofensividade, mas que acumulam fracassos em termos de resultado. A principal razão são as goleadas sofridas. Eis aí o grande medo que Diniz proporciona, assim como o próprio Sampaoli: as goleadas.
Pouca coisa machuca mais um torcedor do que levar uma sacolada na cabeça. Perder de cinco, seis gols, quiçá sete. A vergonha de sair de casa no dia seguinte após um massacre, por saber que este será o assunto até entre o mais neutro dos torcedores. Claro que uma goleada pode bater as portas do mais pragmático dos torcedores, como bem sabe o Felipão, mas os treinadores idealistas correm mais esse risco.
Diante do fracasso inevitável, treinadores mais pragmáticos tendem a fechar o time para evitar a humilhação. Um treinador como Fernando Diniz e outros citados preferem correr o risco em busca da recuperação, tentando aproveitar o relaxamento adversário com a vantagem construída. Só um maluco como Fernando Diniz colocaria o time para atacar o Grêmio em plena Arena, depois de levar 3x0 em 20 minutos. Como tudo deu certo e a vitória por 5x4 entrou para história, foi uma maravilha. Mas qualquer torcedor estava é morrendo de medo de levar um 8x0.
E é esse o medo escondido que todo torcedor do São Paulo sente agora, o de saber que algumas vitórias poderão vir, mas que a goleada sofrida está à espreita, atrás da porta esperando o momento de acontecer.
Comentários