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Akira

Sempre me lembrarei do dia em que fui conhecer a casa da minha tia em Florianópolis e reencontrei os cachorros da minha tia após seis meses. Em outros tempos eu via os cachorros diariamente e eles sempre pulavam em mim.

Akira era o mais bobo de todos e sempre ia correndo em minha direção, quando eu abria o portão. Chegava arfando, de uma maneira que lembrava um dinossauro, diziam amigos meus. Chorava e me sujava com sua baba volumosa.

Um dia, Akira entrou em um carro e foi para Florianópolis junto com a família. Dizem que cães não tem memória muito privilegiada, nem noção do tempo. Mas, naquele dia em Florianópolis, seis meses e dois mil quilômetros depois, Akira me reconheceu. Se levantou com toda a dificuldade que a idade já lhe impunha e se arrastou na tentativa de subir uma escada até onde eu estava, chorando como sempre.

Obrigado Akira e bom descanso.

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