Os dias são, em sua maior parte, secos. O céu permanece nublado, com nuvens distantes que parecem mais feitas de algodão do que de água. A chuva chega repentinamente, sem hora marcada, em qualquer momento do dia. Em poucos minutos o céu fica negro e a água começa a cair, mas não cai de uma maneira normal. Não são gotas esparsas que molham o chão de maneira uniforme. A chuva caí com tanta força e intensidade que sempre parece atingir proporções bíblicas. As gotas formam uma densa cortina, que impede a visão do horizonte e as ruas logo se convertem em cachoeiras. Chove tanto, que a impressão é de que nunca antes na história da humanidade uma chuva assim caiu sobre o solo. Impressão que aparece todo dia, numa espécie de Déjà-vu aquático. A chuva acaba e em poucos minutos o céu volta a ficar azul com suas nuvens distantes e inofensivas. O dia que parecia fadado as sombras, logo se mostra surpreendentemente ensolarado e a chuva parece ter sido apenas uma delírio coletivo.
Op. Cit, Ô psit, Ópio City