As manifestações de junho do ano passado continuam sendo um fenômeno difícil de entender. Não existiu um objetivo comum, sequer um objetivo claro, mas o fato é que elas demonstraram insatisfações.
A repercussão mudou bastante a avaliação pública sobre o cenário político até então. Dilma navegava em mares tranquilos para a reeleição e tinha um governo bem avaliado pelo povo. Sua aprovação era de 65% em março de 2013 e caiu para 30% no final de junho. Prova também de como nem sempre as pessoas sabem avaliar se o governo é bom ou ruim é o porquê. Outros governadores também sofreram com quedas drásticas de avaliação, sendo Sérgio Cabral no Rio de Janeiro o maior exemplo.
Toda essa movimentação gerou uma expectativa para o resultado das eleições agora em 2014. A avaliação é de que poderíamos ter mudanças drásticas no Congresso Nacional (um dos maiores alvos do protesto) e nos executivos estaduais. Passada as eleições e com o povo escolhendo algumas velhas figurinhas carimbadas, a impressão é de que nada mudou.
Bem, cada caso é um caso, claro. A oposição venceu em Minas Gerais, Mato Grosso e Maranhão. Perdeu na Bahia, onde a oposição era formada pelo grupo que estava no poder até 2006, discípulos do coronelismo de Antônio Carlos Magalhães.
O fato é que, na maior parte dos lugares, a oposição não se apresentou como uma nova alternativa. Vemos o triste caso do Rio de Janeiro, com três candidatos oposicionistas em que um era um ex-governador mal-avaliado, outro era um pastor que já foi da base governista e o terceiro é um senador que fazia parte do governo até outro dia. Em vários Estados, a oposição se apresentou como uma opção ainda mais conservadora, retrógrada do que os governos que já estavam no poder.
Isso aconteceu na disputada ao Governo Federal. Faltam opções à esquerda do PT, em parte por culpa do PSOL que se radicalizou em boa parte da campanha, se aproximando muito mais do PSTU e PCO com discursos contra o capital financeiro. Luciana Genro cresceu na parte final da campanha, pelo bom desempenho nos debates, quando adotou um discurso um pouco menos "DCE".
Quanto a eleição para o legislativo, a votação expressiva de Jair Bolsonaro, Celso Russomano, filho do Malafaia, Ronaldo Caiado e tantos outros conservadores, tenho a explicação de que eles talvez captaram melhor o desejo de mudança.
O povo queria mudar, não sabia direito o quê. Uma das ideias que ficaram é de que no Brasil é tudo uma bandalheira, que o Governo é corrupto e é preciso acabar com isso. Provável que esse discurso de defesa da família, da moral e dos bons costumes, de que é preciso acabar com a impunidade (discurso que se adapta à esquerda e à direita, mas que os reacionários sabem defender com mais veemência) tenha captado a atenção dos eleitores. "Esse cara defende o que é certo, vamos colocar ele no Congresso".
Deu nessa merda aí.
A repercussão mudou bastante a avaliação pública sobre o cenário político até então. Dilma navegava em mares tranquilos para a reeleição e tinha um governo bem avaliado pelo povo. Sua aprovação era de 65% em março de 2013 e caiu para 30% no final de junho. Prova também de como nem sempre as pessoas sabem avaliar se o governo é bom ou ruim é o porquê. Outros governadores também sofreram com quedas drásticas de avaliação, sendo Sérgio Cabral no Rio de Janeiro o maior exemplo.
Toda essa movimentação gerou uma expectativa para o resultado das eleições agora em 2014. A avaliação é de que poderíamos ter mudanças drásticas no Congresso Nacional (um dos maiores alvos do protesto) e nos executivos estaduais. Passada as eleições e com o povo escolhendo algumas velhas figurinhas carimbadas, a impressão é de que nada mudou.
Bem, cada caso é um caso, claro. A oposição venceu em Minas Gerais, Mato Grosso e Maranhão. Perdeu na Bahia, onde a oposição era formada pelo grupo que estava no poder até 2006, discípulos do coronelismo de Antônio Carlos Magalhães.
O fato é que, na maior parte dos lugares, a oposição não se apresentou como uma nova alternativa. Vemos o triste caso do Rio de Janeiro, com três candidatos oposicionistas em que um era um ex-governador mal-avaliado, outro era um pastor que já foi da base governista e o terceiro é um senador que fazia parte do governo até outro dia. Em vários Estados, a oposição se apresentou como uma opção ainda mais conservadora, retrógrada do que os governos que já estavam no poder.
Isso aconteceu na disputada ao Governo Federal. Faltam opções à esquerda do PT, em parte por culpa do PSOL que se radicalizou em boa parte da campanha, se aproximando muito mais do PSTU e PCO com discursos contra o capital financeiro. Luciana Genro cresceu na parte final da campanha, pelo bom desempenho nos debates, quando adotou um discurso um pouco menos "DCE".
Quanto a eleição para o legislativo, a votação expressiva de Jair Bolsonaro, Celso Russomano, filho do Malafaia, Ronaldo Caiado e tantos outros conservadores, tenho a explicação de que eles talvez captaram melhor o desejo de mudança.
O povo queria mudar, não sabia direito o quê. Uma das ideias que ficaram é de que no Brasil é tudo uma bandalheira, que o Governo é corrupto e é preciso acabar com isso. Provável que esse discurso de defesa da família, da moral e dos bons costumes, de que é preciso acabar com a impunidade (discurso que se adapta à esquerda e à direita, mas que os reacionários sabem defender com mais veemência) tenha captado a atenção dos eleitores. "Esse cara defende o que é certo, vamos colocar ele no Congresso".
Deu nessa merda aí.
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