Pular para o conteúdo principal

Por onde andará o Walfredo?

No competitivo e violento ambiente da pré-escola, o Walfredo se destacava. Ele era um pequeno torturador psicopata que espalhava o terror entre seus coleguinhas. Walfredo mostrava o pinto para os outros, rolava na grama, ficava gritando, batia nas crianças e tinha um umbigo esquisito. Tenho certeza que essa era a razão para toda a maldade. Olhando agora, em retrospectiva, parece claro que Walfredo era a encarnação do mal, um garoto possuído pelo demônio. Mas, de qualquer forma, acho que não deveria ser legal saber disso aos seis anos, mesmo.

Walfredo foi expulso do colégio antes do final daquele fatídico ano de 1993. A gota d'água, acredito eu, foi o dia em que ele aproveitou o momento em que uma das crianças bebia água no bebedouro e empurrou a nuca do garoto, fazendo com que o pobre coitado quase engolisse o bico do bebedouro, batesse os dentes e tudo mais. Terrível. Aquilo ali deve ter feito com que a diretoria percebesse que Walfredo era incapaz de conviver em sociedade.

Se eu não sei por onde andam os meus amigos da primeira série, o que direi sobre o Walfredo. Depois do dia em que ele foi expulso, nunca mais o vi em lugar nenhum. De vez em quando me lembro da sua existência, principalmente depois que vejo matérias sobre psicopatas infantis. Imagino que Walfredo deve ter esquartejado seu primeiro gato um pouco depois de sair do colégio, violentou sexualmente pequenos animais e, com sorte, nunca matou ninguém.

Comentários

Postagens mais visitadas

Assim que vamos

A maior parte de nós se vai dessa vida sem saber o quão importante foi para a vida de alguém. Uma reflexão dolorida que surge nesses momentos, em que pensamos que gestos simples de respeito tendem a se perder, enquanto o rancor - este sim é quase eterno.

Top 8 - Discos favoritos que ninguém liga

Uma lista de 8 discos que estão entre os meus favoritos de todos os tempos, mas que geralmente são completamente ignorados pela crítica especializada - e pelo público também, mas isso já seria esperado.  1) Snow Patrol - Final Straw (2003) Sendo justo, o terceiro disco do Snow Patrol recebeu críticas positivas quando foi lançado, ou, à medida em que foi sendo notado ao longo de 2003 e 2004. Mas, hoje ninguém se atreveria a citar esta pequena obra prima em uma lista de melhores discos dos anos 2000 e a culpa disso é mais do que o Snow Patrol se tornou depois, do que da qualidade do Final Straw . Antes deste lançamento o Snow Patrol era uma desconhecida banda escocesa de raízes norte-irlandesas, tentando domar suas influências de Dinosaur Jr. na tradicional capacidade melódica no norte da Grã Bretanha. Em Final Straw eles conseguiram juntar algum barulho suave do shoegaze com guitarras influenciadas pelo lo-fi e uma sonoridade épica, típica do pós-britpop radioheadiano. O resultado ...

Lembranças de shows

(Não que eu tenha ido em muitos shows na minha vida. Até por isso é mais fácil tentar lembrar de todos para este post/arquivo) Os Headliners (ou, aqueles que eu paguei para ver) Oasis em São Paulo, estacionamento do Credicard Hall (2006) O Oasis estava retornando ao Brasil após cinco anos, mas era como se fosse a primeira vez para muita gente. As apresentações de 1998 encerraram um ciclo produtivo ininterrupto de seis anos e a banda estava em frangalhos. Depois vieram dois discos ruins, que transformaram a banda em um dinossauro. No meio disso, uma apresentação no Rock in Rio no dia do Guns N Roses. Ou seja, a banda não apareceu por aqui nas desastrosas turnês de 2000 e 2002 (Na primeira, Noel chegou a abandonar a banda após Liam duvidar da paternidade de sua primeira filha. A turnê do Heathen Chemistry foi um desastre, com Liam cantando mal - vários shows tiveram longas sessões solo de Noel - os pulsos de Andy White não dando conta da bateria e diversas datas canceladas, seja por far...