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Textos Antigos: Lis

Havia uma fotografia minha, no meu primeiro dia de aula no meu colégio. Sob a sombra de uma amoreira, estavam eu, Lis e Mel - as duas cadelas aqui de casa, à época. Mel era uma Fila Brasileira, cor de mel (vejam só), enquanto que Lis era uma fox paulistinha. Seu nome derivava de flor-de-lis.

Foi uma cadela com uma vida sofrida. Teve seu crânio mastigado, o pescoço cortado, a mandibula quebrada. Foi atropelada, teve uma infecção no útero, intoxicação com veneno. Era hipertensa e com 8 anos os médicos diziam que ela não devia ter muito tempo de vida. Viveu quase 16 e metade dos seus acidentes, se deu nesse periodo.

Quando ela morreu, me deparei com essa foto novamente. E escrevi o texto abaixo:

"Eu e ela na fotografia, vivendo os primeiros dias, de nossas vidas. Parados embaixo de uma sombra, eu ela, aquele dia, somos uma pequena memória. Eu e ela passamos no tempo, nos separamos, mas nos encontramos no exato fim de um ciclo. E naquele dia o tempo parou. Eu e ela nos deixamos para sempre, num caminho sem volta. E agora só me resta lembrar dos dias vistos nos olhos dela. Porque não há flor que resita ao peso da eternidade".

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