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Petrópolis

Sempre que olho pela janela de Petrópolis, cidade em que nasci, eu vejo a chuva. Uma chuva constante e silenciosa, de tal forma que as gotas parecem suspensas no ar, como se fosse em uma fotografia. Os seus paralelepípedos parecem sempre submersos em uma camada de chuva imperceptível.

Olho no jornal e vejo a chuva que destruiu parte da cidade - mais precisamente em Itaipava, antigo distrito que cresceu e ficou famoso pelas suas casas e a cerveja. Vejo o rio em São José do Vale do Rio Preto. Ouço da destruição em Areal, Posse, Teresópolis, Nova Friburgo. Cidades que - se eu não conheci todas pessoalmente - as tenho na minha memória, pelas placas de rodovia e destinos dos ônibus. A tragédia no Vale do Cuiabá.

A região é até acostumada com a chuva, visto que sempre chove. Mas é frágil. Seus muitos riachos só têm o caminho do vale para escoar, o vale, onde vivem as pessoas.

Há anos que eu estou acostumado com os desbarrancamentos, as quedas de barreiras, estradas interditadas. Os desabamentos que matam pessoas que viviam em áreas de risco. Boa parte da região é uma área de risco, oras. É uma montanha, onde vivem mais pessoas do que deveriam. Se você vai a Petrópolis, não consegue imaginar onde é que vivem 300 mil pessoas no meio de tantos morros.

Morrem ricos, pobres. As pessoas se ajudam, o cachorro é levado pela correnteza. O que deve ser feito? Eu não sei, não estudei para isso. Sei que tem muito dinheiro que não vai para suas devidas finalidades, que deveria ajudar a minimizar o problema.

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