Seiscentos e sessenta e quatro milésimos. Essa foi a diferença que Lewis Hamilton colocou na concorrência direta no primeiro treino classificatório do ano, na Austrália. Traduzindo, Hamilton será pentacampeão do mundo no fim do ano. Não há de onde as equipes adversárias tirarem essa vantagem. Correndo contra um companheiro, Bottas, claramente inferior, Hamilton só não será campeão se despirocar no meio do campeonato, e olhe lá.
Vamos comparar a diferença da Mercedes em relação a concorrência em relação aos últimos anos, exceção feita a 2014, quando choveu na Austrália (depois choveu na Malásia e só no Bahrein, no primeiro treino com condições normais, a Mercedes enfiou quase nove décimos no adversário mais próximo).
- Em 2015, quando a Mercedes passeou apesar do incômodo constante de Vettel, a diferença foi de 1,397 para o adversário mais próximo. Nos treinos seguintes a diferença se manteve em uma média de oito décimos.
- Em 2016, quando a Mercedes só não venceu todas as corridas por conta de uma batida na Espanha e uma quebra de motor na Malásia, foram 838 milésimos. Nas corridas diferentes a diferença se manteve na casa de seis décimos.
- Em 2017, quando finalmente ocorreu alguma disputa no campeonato, a diferença foi de 268 milésimos. A diferença variou muito de pista para pista.
Ou seja, por mais que a diferença da Mercedes em relação a concorrência seja historicamente um pouco maior na Austrália em relação as outras corridas (dois décimos), neste ano estamos muito mais próximos de 2016 (19 vitórias em 21 corridas) do que de 2017. Pode haver uma zebra aqui e ali, mas não há o que os outros possam fazer. Hamilton será campeão. Sem um companheiro minimamente competitivo, pode ir atrás do recorde de 13 vitórias em uma temporada.
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Vamos ver a diferença que equipes dominantes impuseram aos adversários em outras temporadas recentes:
- Em 2013 a Red Bull começou o ano com 680 milésimos de vantagem. No começo do ano o desgaste dos pneus era um componente importante das corridas e a vitória terminou com Raikkonen da Lotus. Depois de uma metade inicial competitiva, uma série de explosões de pneus na Inglaterra mudou a fabricação dos compostos e Vettel venceu as últimas 9 corridas do ano.
- Em 2011 a Red Bull colocou 778 milésimos de diferença.
- Em 2009 a Brawn GP abriu o ano com Button colocando 628 milésimos na concorrência.
- Em 2004 foram 590 milésimos da Ferrari na Williams mais próxima.
- Em 2002 foram 436 milésimos de vantagem pró-Ferrari.
- Em 1996, primeiro ano de corridas em Melbourne, a Williams teve 0,518 de diferença para a Ferrari.
- Indo mais longe, em 1992 a Williams de outro mundo largou na pole com 0,741 de vantagem. (Com o desenvolvimento do Carro, logo no Brasil seriam 2,2 segundos de vantagem. A diferença seria superior a um segundo em 10 corridas do ano).
- Em 1988 a lendária McLaren-Honda teve 536 milésimos de vantagem. (Perto, não? Na Corrida seguinte foram inacreditáveis 3,352 segundos. 2,687 segundos em Mônaco. A diferença foi superior a um segundo em 8 das 16 corridas do ano).
Há claro, anos em que as coisas não são como elas pareciam que seriam:
- Em 1993 Prost superou Senna por apenas 88 milésimos. Logo a diferença padrão seria algo em torno de 1,5 segundo pró-Williams.
- Em 1997 Jacques Villeneuve foi 2,103 segundos mais rápido do que Schumacher, terceiro colocado. Pois bem, a Williams foi frequentemente 1 segundo mais rápido que as adversárias no começo da temporada, mas a partir do Canadá a Ferrari encostou e o título só foi decidido no final.
- Em 1998 foram sete décimos de vantagem de Mika Hakkinen sobre a Ferrari. Essa foi a tônica do começo da temporada, mas eram outros tempos: existiam os testes liberados, e novamente a partir do Canadá a situação se equilibrou e Schumacher levou a disputa do título até a última corrida.
- Em 1999 Hakkinen teve 1,3 segundo de vantagem. Demorou duas corridas para a Ferrari equilibrar e IRVINE disputar o título até a última corrida.
- Em 2000 novamente a McLaren começou o ano com meio segundo de vantagem. Só que a Ferrari era muito mais confiável nas corridas e também logo equilibrou nos treinos.
- Em 2003 Schumacher começou o ano com 1 segundo de vantagem sobre os adversários. Mas esse ano foi muito louco e não serve de parâmetro para nada.
Vamos comparar a diferença da Mercedes em relação a concorrência em relação aos últimos anos, exceção feita a 2014, quando choveu na Austrália (depois choveu na Malásia e só no Bahrein, no primeiro treino com condições normais, a Mercedes enfiou quase nove décimos no adversário mais próximo).
- Em 2015, quando a Mercedes passeou apesar do incômodo constante de Vettel, a diferença foi de 1,397 para o adversário mais próximo. Nos treinos seguintes a diferença se manteve em uma média de oito décimos.
- Em 2016, quando a Mercedes só não venceu todas as corridas por conta de uma batida na Espanha e uma quebra de motor na Malásia, foram 838 milésimos. Nas corridas diferentes a diferença se manteve na casa de seis décimos.
- Em 2017, quando finalmente ocorreu alguma disputa no campeonato, a diferença foi de 268 milésimos. A diferença variou muito de pista para pista.
Ou seja, por mais que a diferença da Mercedes em relação a concorrência seja historicamente um pouco maior na Austrália em relação as outras corridas (dois décimos), neste ano estamos muito mais próximos de 2016 (19 vitórias em 21 corridas) do que de 2017. Pode haver uma zebra aqui e ali, mas não há o que os outros possam fazer. Hamilton será campeão. Sem um companheiro minimamente competitivo, pode ir atrás do recorde de 13 vitórias em uma temporada.
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Vamos ver a diferença que equipes dominantes impuseram aos adversários em outras temporadas recentes:
- Em 2013 a Red Bull começou o ano com 680 milésimos de vantagem. No começo do ano o desgaste dos pneus era um componente importante das corridas e a vitória terminou com Raikkonen da Lotus. Depois de uma metade inicial competitiva, uma série de explosões de pneus na Inglaterra mudou a fabricação dos compostos e Vettel venceu as últimas 9 corridas do ano.
- Em 2011 a Red Bull colocou 778 milésimos de diferença.
- Em 2009 a Brawn GP abriu o ano com Button colocando 628 milésimos na concorrência.
- Em 2004 foram 590 milésimos da Ferrari na Williams mais próxima.
- Em 2002 foram 436 milésimos de vantagem pró-Ferrari.
- Em 1996, primeiro ano de corridas em Melbourne, a Williams teve 0,518 de diferença para a Ferrari.
- Indo mais longe, em 1992 a Williams de outro mundo largou na pole com 0,741 de vantagem. (Com o desenvolvimento do Carro, logo no Brasil seriam 2,2 segundos de vantagem. A diferença seria superior a um segundo em 10 corridas do ano).
- Em 1988 a lendária McLaren-Honda teve 536 milésimos de vantagem. (Perto, não? Na Corrida seguinte foram inacreditáveis 3,352 segundos. 2,687 segundos em Mônaco. A diferença foi superior a um segundo em 8 das 16 corridas do ano).
Há claro, anos em que as coisas não são como elas pareciam que seriam:
- Em 1993 Prost superou Senna por apenas 88 milésimos. Logo a diferença padrão seria algo em torno de 1,5 segundo pró-Williams.
- Em 1997 Jacques Villeneuve foi 2,103 segundos mais rápido do que Schumacher, terceiro colocado. Pois bem, a Williams foi frequentemente 1 segundo mais rápido que as adversárias no começo da temporada, mas a partir do Canadá a Ferrari encostou e o título só foi decidido no final.
- Em 1998 foram sete décimos de vantagem de Mika Hakkinen sobre a Ferrari. Essa foi a tônica do começo da temporada, mas eram outros tempos: existiam os testes liberados, e novamente a partir do Canadá a situação se equilibrou e Schumacher levou a disputa do título até a última corrida.
- Em 1999 Hakkinen teve 1,3 segundo de vantagem. Demorou duas corridas para a Ferrari equilibrar e IRVINE disputar o título até a última corrida.
- Em 2000 novamente a McLaren começou o ano com meio segundo de vantagem. Só que a Ferrari era muito mais confiável nas corridas e também logo equilibrou nos treinos.
- Em 2003 Schumacher começou o ano com 1 segundo de vantagem sobre os adversários. Mas esse ano foi muito louco e não serve de parâmetro para nada.
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