Pular para o conteúdo principal

Pesquisa Datafolha

Fui olhar a planilha da última pesquisa do Datafolha para a eleição presidencial do ano que vem, sempre naquela tentativa de entender na segmentação o que os dados gerais omitem.

Certo que a situação é muito incerta, uma vez que o líder das pesquisas pode ser impedido judicialmente de concorrer e muitos dos cenários não traziam Marina Silva, que decidiu anunciou oficialmente ser candidata depois que a pesquisa já havia sido divulgada. Além disso, há uma série de nomes que é difícil acreditar que realmente irão para a disputa, como Álvaro Dias, Manuela D'Ávila, Guilherme Boulos e o Paulo Rabello de Castro.

Impressiona nos dados como realmente Lula é uma fortaleza no nordeste. Votação expressiva, tão expressiva, que os cenários sem ele trazem 40% de votos branco, nulos o indecisos na região. Todos candidatos são mais desconhecidos no nordeste do que nas outras regiões, exceção feita ao Lula: 100% da população local o conhece. As simulações de segundo turno são todas um massacre na região. Em compensação, no sudeste, exatamente metade dos eleitores não votariam nele em jeito nenhum.

Outro dado interessante é que 29% dos eleitores dizem que certamente votariam em um candidato apoiado por Lula. Isso ajuda a explicar o desejo de Ciro Gomes de colar no petista e quem sabe conseguir herdar todo esse espólio.

O segundo colocado Bolsonaro chama a atenção por crescer na intenção de votos entre os eleitores com nível superior e entre os mais ricos. No entanto, sua rejeição também é grande nesses setores: 41% dos eleitores com nível superior não votariam nele de jeito nenhum. 45% dos que ganham mais de 10 salários mínimos também não. O dado pode ser considerado normal, uma vez que a rejeição a todos os nomes aumentam nesses segmentos, mas o do ex-militar tem um índice um pouco maior (desconsiderando Lula, é claro).

Outro dado: Bolsonaro tem 23% da preferência do eleitorado masculino e 13% do feminino. Maior discrepância entre todos.

Marina Silva tem um rejeição maior entre os mais velhos. Isso não chegaria a assustar porque todos os candidatos, no fundo, tem uma rejeição maior entre os mais velhos. Sinal de desconfiança?

A única exceção é, por incrível que pareça, Michel Temer. Se a rejeição ao atual presidente é de 76% entre o eleitorado de 16 a 24 anos, entre aqueles com mais de 60 anos cai para "apenas" 58%. Sinal de que a maior rejeição ao seu mandato resulta da reforma da previdência e que o público mais idoso se preocupa menos com isso? Ou seria identificação?

Aliás, 87% dos eleitores não votariam em um candidato apoiado por Michel Temer. Como entender então a vontade de Temer e seus aliados de ter um candidato que defende o legado (?) do seu governo (Henrique Meireles)?

Comentários

Postagens mais visitadas

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Ziraldo e viagem sentimental por Ilha Grande

Em janeiro de 1995 pela primeira vez eu saí de férias em família. Já havia viajado outras vezes, mas acho que nunca com esse conceito de férias, de viajar de férias. Há uma diferença entre entrar em um avião para ir passar uns dias na casa dos seus tios e pegar o carro e ir para uma praia. Dormir em um hotel. Foi a primeira vez que eu, conscientemente, dormi em um hotel. Contribui para isso o fato de que, com sete anos, eu havia acabado de terminar a primeira série, o ano em que de fato eu virei um estudante. Então, é provável que pela primeira vez eu entendesse o conceito de férias. Entramos em uma Parati cinza e saímos de Cuiabá eu, meus pais, minha prima e minha avó. Ao mesmo tempo em que essas eram as minhas primeiras férias, elas eram também a última viagem da minha avó. A essa altura ela já estava com um câncer no pâncreas e sem muitas perspectivas de longo prazo. Disso eu não sabia na época. Mas ela morreu cerca de um ano depois, no começo de 1996, após muitas passagens pelo hos

Pattie Boyd

Pattie Boyd O romance envolvendo George Harrison, Pattie Boyd e Eric Clapton é um dos mais conhecidos triângulos amorosos da história. Sempre achei o caso interessante. A princípio, a visão que nós temos é bem simplista. Pattie trocou o sensível George Harrison, aquele que lhe cantou a sentimental Something na cozinha, pelo intempestivo Eric, aquele que a mostrou a passional Layla na sala. E se há uma mulher irresistível neste mundo, esta mulher é Pattie Boyd. Só que o trio Boyd-Harrison-Clapton é apenas a parte mais famosa de uma série de relações amorosas e traições, que envolveram metade do rock britânico da época. E o que eu acho incrível, é que todos continuaram convivendo ao longo dos anos. George Harrison Pattie Boyd era uma modelo que fazia figuração em um vagão de trem durante a gravação de uma cena de A Hard Day’s Night, o primeiro filme dos Beatles. George era justamente um Beatle. Eric Clapton era o deus da guitarra e converteu vários fãs em suas inúmeras bandas