Pular para o conteúdo principal

Rodrigo

Quando eu era um aluno de pré-escola lá nos idos de 1993 no colégio Patronato Santo Antônio, um dos meus colegas de sala se chamava Rodrigo. Era um de tantos ali, junto com tantos outros colegas que sabe-se lá aonde passaram.

Rodrigo era diferente. Rodrigo reprovou na pré-escola. Não sei dizer se alguém reprova na pré-escola ou se ele simplesmente não é aprovado, não está preparado para entrar no fabuloso mundo da primeira série.

Durante as aulas, a professora passava vários exercícios na lousa, coisas de quem está sendo alfabetizado e alguns copiavam mais rápido, outros mais devagar. Havia uma competição para ver quem terminava primeiro, mas todos sabiam quem seria o último. Seria o Rodrigo. As pessoas se irritavam com ele, ele não era legal, ele atrapalhava a aula. A professora perguntava porque ele não copiava mais rápido, ele respondia que ele preferia ir devagar.

Talvez ele tivesse dislexia, déficit de atenção ou alguma dessas coisas. Mas o fato é que ele reprovou e esse mito do garoto que reprovou na pré-escola persistiu durante algum tempo. Ele era a prova de que pessoas poderiam ser reprovadas.

Bem, depois dessa reprovação, acredito que Rodrigo tenha seguido sua carreira escolar de maneira normal. Quando eu estava no 3º ano, ele estava no 2º ano. E quanto eu concluí o terceiro ano, nunca mais o vi.

Até que dias atrás vi um rosto familiar entrando num departamento aqui próximo do meu trabalho. Na hora eu soube que era o Rodrigo. Fiquei tentado a perguntar se ele se chamava Rodrigo, se ele havia estudado no Patronato, feito a pré-escola em 1993 e contaria que eu havia estudado com ele naquele ano. Bem, provavelmente ele não faria a menor ideia disso. Tempos depois, descobri que ele era ele mesmo e que era motorista. Hoje, o vi dirigindo um carro no estacionamento. O mundo é pequeno.

Comentários

Postagens mais visitadas

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Ziraldo e viagem sentimental por Ilha Grande

Em janeiro de 1995 pela primeira vez eu saí de férias em família. Já havia viajado outras vezes, mas acho que nunca com esse conceito de férias, de viajar de férias. Há uma diferença entre entrar em um avião para ir passar uns dias na casa dos seus tios e pegar o carro e ir para uma praia. Dormir em um hotel. Foi a primeira vez que eu, conscientemente, dormi em um hotel. Contribui para isso o fato de que, com sete anos, eu havia acabado de terminar a primeira série, o ano em que de fato eu virei um estudante. Então, é provável que pela primeira vez eu entendesse o conceito de férias. Entramos em uma Parati cinza e saímos de Cuiabá eu, meus pais, minha prima e minha avó. Ao mesmo tempo em que essas eram as minhas primeiras férias, elas eram também a última viagem da minha avó. A essa altura ela já estava com um câncer no pâncreas e sem muitas perspectivas de longo prazo. Disso eu não sabia na época. Mas ela morreu cerca de um ano depois, no começo de 1996, após muitas passagens pelo hos

Pattie Boyd

Pattie Boyd O romance envolvendo George Harrison, Pattie Boyd e Eric Clapton é um dos mais conhecidos triângulos amorosos da história. Sempre achei o caso interessante. A princípio, a visão que nós temos é bem simplista. Pattie trocou o sensível George Harrison, aquele que lhe cantou a sentimental Something na cozinha, pelo intempestivo Eric, aquele que a mostrou a passional Layla na sala. E se há uma mulher irresistível neste mundo, esta mulher é Pattie Boyd. Só que o trio Boyd-Harrison-Clapton é apenas a parte mais famosa de uma série de relações amorosas e traições, que envolveram metade do rock britânico da época. E o que eu acho incrível, é que todos continuaram convivendo ao longo dos anos. George Harrison Pattie Boyd era uma modelo que fazia figuração em um vagão de trem durante a gravação de uma cena de A Hard Day’s Night, o primeiro filme dos Beatles. George era justamente um Beatle. Eric Clapton era o deus da guitarra e converteu vários fãs em suas inúmeras bandas