Durante um ano da minha vida eu tomei injeções todos os dias, incluindo domingos e feriados. Fui uma criança alérgica e asmática, com quase 100% de aproveitamento naquele exame de alergia. Minha primeira infância foi marcado por visitas a médicos, internações e faltas de ar. Até conhecer um médico alergista e começar um tratamento que envolvia vacinas diárias. Tratamento que me curou.
O nome do médico eu não me lembro, mas quem me aplicava as injeções se chamava Terezinha. Naqueles idos de 1990 e pouco, não deveriam existir muitas farmácias no Coxipó e a Drogaria Coxipó era a mais perto de casa. Aliás, Drogaria Coxipó é apenas o jeito de falar. Todos a conheciam como a Drogaria da Terezinha, um ponto de referência de uma personalidade do Coxipó.
Durante aquele ano, toda vez Terezinha me perguntava em qual lado eu preferia a injeção e ela a aplicava. Ela tinha uma mão reconhecidamente leve e talvez isso tenha contribuído para o fato de que eu nunca tive medo de agulha. Foi assim todo dia, depois em dias alternados, uma vez por semana, a cada quinze dias, uma vez por mês e assim por diante até que meu tratamento acabasse e eu não sofresse mais com as crises asmáticas.
Felizmente não tive que tomar mais injeções, mas mesmo assim a presença da farmácia da Terezinha sempre foi constante aqui em casa. Aliás, não falávamos em "farmácia da Terezinha", mas apenas "Terezinha". "Passa lá na Terezinha e compra um resfenol", "Liguei lá na Terezinha e ela vai entregar um remédio aqui em casa". Não importava se ela não estivesse por lá e sim algum dos seus funcionários, aliás, quase sempre os mesmos.
No começo do ano passado voltei a utilizar os serviços de sua mão leve para uma série de três injeções de anti-inflamatórios, para resolver um problema na sola do pé. Muitas pessoas tem medo de injeções e ela me assegurava que não teria problema. Eu disse que eu sabia e expliquei quem eu era, quem era minha mãe. Ela sorriu e se lembrou vagamente da história. Normal, afinal, quantas crianças, quantas pessoas não passaram em suas mãos nesses anos todo?
Quantas não mais passarão. No começo dessa tarde vi no Facebook a notícia de que Terezinha morreu, vítima de um AVC. Desses sintomas do mundo moderno em que nós sabemos das coisas apenas pelas redes sociais, mas se não fossem elas, talvez jamais saberíamos. Fica apenas aquele vazio no cotidiano, já que a Terezinha nunca mais nos entregará remédios - mesmo que a drogaria seja eternamente sua.
O nome do médico eu não me lembro, mas quem me aplicava as injeções se chamava Terezinha. Naqueles idos de 1990 e pouco, não deveriam existir muitas farmácias no Coxipó e a Drogaria Coxipó era a mais perto de casa. Aliás, Drogaria Coxipó é apenas o jeito de falar. Todos a conheciam como a Drogaria da Terezinha, um ponto de referência de uma personalidade do Coxipó.
Durante aquele ano, toda vez Terezinha me perguntava em qual lado eu preferia a injeção e ela a aplicava. Ela tinha uma mão reconhecidamente leve e talvez isso tenha contribuído para o fato de que eu nunca tive medo de agulha. Foi assim todo dia, depois em dias alternados, uma vez por semana, a cada quinze dias, uma vez por mês e assim por diante até que meu tratamento acabasse e eu não sofresse mais com as crises asmáticas.
Felizmente não tive que tomar mais injeções, mas mesmo assim a presença da farmácia da Terezinha sempre foi constante aqui em casa. Aliás, não falávamos em "farmácia da Terezinha", mas apenas "Terezinha". "Passa lá na Terezinha e compra um resfenol", "Liguei lá na Terezinha e ela vai entregar um remédio aqui em casa". Não importava se ela não estivesse por lá e sim algum dos seus funcionários, aliás, quase sempre os mesmos.
No começo do ano passado voltei a utilizar os serviços de sua mão leve para uma série de três injeções de anti-inflamatórios, para resolver um problema na sola do pé. Muitas pessoas tem medo de injeções e ela me assegurava que não teria problema. Eu disse que eu sabia e expliquei quem eu era, quem era minha mãe. Ela sorriu e se lembrou vagamente da história. Normal, afinal, quantas crianças, quantas pessoas não passaram em suas mãos nesses anos todo?
Quantas não mais passarão. No começo dessa tarde vi no Facebook a notícia de que Terezinha morreu, vítima de um AVC. Desses sintomas do mundo moderno em que nós sabemos das coisas apenas pelas redes sociais, mas se não fossem elas, talvez jamais saberíamos. Fica apenas aquele vazio no cotidiano, já que a Terezinha nunca mais nos entregará remédios - mesmo que a drogaria seja eternamente sua.
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