Pular para o conteúdo principal

Barba Ensopada de Sangue

Um homem sem nome chega até uma cidade de pessoas sem rostos. Carrega a dor de ter perdido sua namorada para o próprio irmão, o peso do suicídio noticiado de seu pai e a cadela que seu pai deixou. Carrega também a dúvida sobre o que aconteceu com seu avô, morto nesta cidade (Garopaba), em uma situação muito estranha e cuja morte se transformou num tabu, incapaz de ser apagada pelo tempo.

Barba Ensopada de Sangue é a jornada épica deste homem sem nome, recomeçando a vida num lugar em que não é bem-vindo, movido pelo mistério sobre a morte do avô que nunca conheceu. Mas, mesmo quando este mistério é resolvido, a história não acabada.

Para mim, o livro é sobre encontrar seu destino. As discussões entre o homem sem nome e sua ex-namorada sobre o livre-arbítrio e o determinismo acabam por ser o plano de fundo da história. Todos buscam seu destino, mesmo quando se está escolhendo o que se quer. As coisas simplesmente acontecem.

O avô malvisto, o pai suicida, o irmão traíra, a ex que arrasou com sua vida e a até a cadela, que em certo momento é atropelada, tem um destino e acabam encontrando-o de alguma forma. E o destino do homem sem nome, acaba por ser o de se transformar em uma lenda.

PS: Se ler o livro, não deixe de voltar a ler o prefácio (aparentemente sem sentido) novamente, após o final. O prefácio abre o livro e, de certa forma, acaba por amarrar toda história quando ela acaba.

Comentários

Postagens mais visitadas

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Ziraldo e viagem sentimental por Ilha Grande

Em janeiro de 1995 pela primeira vez eu saí de férias em família. Já havia viajado outras vezes, mas acho que nunca com esse conceito de férias, de viajar de férias. Há uma diferença entre entrar em um avião para ir passar uns dias na casa dos seus tios e pegar o carro e ir para uma praia. Dormir em um hotel. Foi a primeira vez que eu, conscientemente, dormi em um hotel. Contribui para isso o fato de que, com sete anos, eu havia acabado de terminar a primeira série, o ano em que de fato eu virei um estudante. Então, é provável que pela primeira vez eu entendesse o conceito de férias. Entramos em uma Parati cinza e saímos de Cuiabá eu, meus pais, minha prima e minha avó. Ao mesmo tempo em que essas eram as minhas primeiras férias, elas eram também a última viagem da minha avó. A essa altura ela já estava com um câncer no pâncreas e sem muitas perspectivas de longo prazo. Disso eu não sabia na época. Mas ela morreu cerca de um ano depois, no começo de 1996, após muitas passagens pelo hos

Pattie Boyd

Pattie Boyd O romance envolvendo George Harrison, Pattie Boyd e Eric Clapton é um dos mais conhecidos triângulos amorosos da história. Sempre achei o caso interessante. A princípio, a visão que nós temos é bem simplista. Pattie trocou o sensível George Harrison, aquele que lhe cantou a sentimental Something na cozinha, pelo intempestivo Eric, aquele que a mostrou a passional Layla na sala. E se há uma mulher irresistível neste mundo, esta mulher é Pattie Boyd. Só que o trio Boyd-Harrison-Clapton é apenas a parte mais famosa de uma série de relações amorosas e traições, que envolveram metade do rock britânico da época. E o que eu acho incrível, é que todos continuaram convivendo ao longo dos anos. George Harrison Pattie Boyd era uma modelo que fazia figuração em um vagão de trem durante a gravação de uma cena de A Hard Day’s Night, o primeiro filme dos Beatles. George era justamente um Beatle. Eric Clapton era o deus da guitarra e converteu vários fãs em suas inúmeras bandas