Pular para o conteúdo principal

Funeral futebolístico

Existem alguns momentos em uma partida de futebol que são difíceis de serem percebidos. Momentos aparentemente banais, mas que significam muito. Um passe errado por exemplo. Durante um jogo, inúmeros passes errados são distribuídos. Mas e quando seu time está perdendo, precisando de gols para se classificar. Aquele passe simples que banalmente encontra o pé adversário.

E uma virada de bola equivocada? É uma cena que tem uma dramaticidade patética. O relógio corre e a eliminação se aproxima, a torcida tensa. O jogador pega a bola próximo a lateral, ainda no seu campo, olha e não encontra nenhuma opção. Como se para passar o tempo, ele resolve inverter a bola até a outra lateral em um lance simples, mas que requer alguma habilidade. A bola sai completamente torta, se direciona a dez metros do pé do jogador para quem ela era destinada.

O jogador sai correndo para trás na tentativa de evitar o desastre, se arremessa no chão mas a bola saí. Ele levanta e aplaude a iniciativa, a torcida vaia. Vaia o passe, não sabe o que vaia. Quando isso acontece a sensação é de que estamos vendo o funeral do time. Uma longa via crucis até o fracasso, cuja única solução seria a presença de médicos com desfibriladores, para reanimar o time.

E pode ser que o time até vire o placar - é raro, mas pode acontecer. Mas isso não impede a frustração da jogada naquele momento. Um momento em que a vontade é pedir para que terminem logo com o sofrimento.

Comentários

Postagens mais visitadas

Assim que vamos

A maior parte de nós se vai dessa vida sem saber o quão importante foi para a vida de alguém. Uma reflexão dolorida que surge nesses momentos, em que pensamos que gestos simples de respeito tendem a se perder, enquanto o rancor - este sim é quase eterno.

Top 8 - Discos favoritos que ninguém liga

Uma lista de 8 discos que estão entre os meus favoritos de todos os tempos, mas que geralmente são completamente ignorados pela crítica especializada - e pelo público também, mas isso já seria esperado.  1) Snow Patrol - Final Straw (2003) Sendo justo, o terceiro disco do Snow Patrol recebeu críticas positivas quando foi lançado, ou, à medida em que foi sendo notado ao longo de 2003 e 2004. Mas, hoje ninguém se atreveria a citar esta pequena obra prima em uma lista de melhores discos dos anos 2000 e a culpa disso é mais do que o Snow Patrol se tornou depois, do que da qualidade do Final Straw . Antes deste lançamento o Snow Patrol era uma desconhecida banda escocesa de raízes norte-irlandesas, tentando domar suas influências de Dinosaur Jr. na tradicional capacidade melódica no norte da Grã Bretanha. Em Final Straw eles conseguiram juntar algum barulho suave do shoegaze com guitarras influenciadas pelo lo-fi e uma sonoridade épica, típica do pós-britpop radioheadiano. O resultado ...

Lembranças de shows

(Não que eu tenha ido em muitos shows na minha vida. Até por isso é mais fácil tentar lembrar de todos para este post/arquivo) Os Headliners (ou, aqueles que eu paguei para ver) Oasis em São Paulo, estacionamento do Credicard Hall (2006) O Oasis estava retornando ao Brasil após cinco anos, mas era como se fosse a primeira vez para muita gente. As apresentações de 1998 encerraram um ciclo produtivo ininterrupto de seis anos e a banda estava em frangalhos. Depois vieram dois discos ruins, que transformaram a banda em um dinossauro. No meio disso, uma apresentação no Rock in Rio no dia do Guns N Roses. Ou seja, a banda não apareceu por aqui nas desastrosas turnês de 2000 e 2002 (Na primeira, Noel chegou a abandonar a banda após Liam duvidar da paternidade de sua primeira filha. A turnê do Heathen Chemistry foi um desastre, com Liam cantando mal - vários shows tiveram longas sessões solo de Noel - os pulsos de Andy White não dando conta da bateria e diversas datas canceladas, seja por far...