Ben Kweller sempre pareceu incapaz de fazer uma música ruim. Seus três primeiros discos são excelentes, cada um à sua característica. Já o quarto, Changing Horses, era um disco inconstante, fruto provavelmente da mudança radical de estilo. Changing Horses deixava o rock alternativo, o folk rock para abraçar o country. Reflexo do momento de Kweller, que deixava Nova York, voltava para o interior e passava a utilizar um chapéu de vaqueiro.
Mesmo assim, por mais que Fight fosse meio assustadora, Changing Horses não chegava a ter músicas ruins. Eram músicas de um estilo diferente, menos brilhantes, enfim.
Completamente assustadora foi a primeira faixa divulgada de Go Fly a Kite, o novo disco de Kweller. Mean To Me lembrava bizarramente um powerpop decadente do final dos anos 70. Um refrão mecânico, uma guitarra clichê e até mesmo um sintetizador, para completar a cereja do bolo. O refrão de Mean to Me era a pior coisa que Kweller já havia feito em sua carreira e derrubava uma música que até tinha bons versos e um bom solo de guitarra.
Daí em diante, a possibilidade das trevas se abriu sobre a qualidade de Go Fly a Kite. Se o primeiro single era assim, o que poderíamos esperar do resto do disco?
Pois, quando as outras músicas apareceram, a surpresa foi até agradável. Go Fly a Kite fica um pouco distante dos três primeiros discos, mas é superior a Changing Horses. Kweller utiliza bem todas as influências que ele já havia utilizado anteriormente e faz seu disco mais variado.
O rock simples do começo de carreira aparece em Time Will Save the Day. Free poderia estar em On My Way e You Can Count Me não faz feio aos melhores momentos do seu disco homônimo de 2006. A melhor é Out the door, que poderia estar em qualquer disco seu.
Assim sendo, Go Fly a Kite não é um disco excepcional, que será lembrado daqui a 100 anos. Mas é um disco correto de um cara que faz o que dá na cabeça dele. Grava a maior parte do instrumental, produz o disco e o lança dentro da sua própria gravadora. Um artista independente.
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