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George

Lembro bem do dia da morte de George Harrison por uma série de coisas.

Foi no dia em que meu pai comprou um carro novo, um Siena, cor vinho. Era dia do aniversário do meu tio e de uma prima minha.

De presente, coincidentemente, meu tio ganhou o livro Anthology dos Beatles. Lembro-me de ficar olhando o livro, eu, que na época estava começando a escutar Beatles e passava a tarde escutando o Abbey Road.

Na manhã seguinte, os telejornais amanheceram com a notícia de sua morte. O Beatle tímido, que no começo cantava as músicas compostas por outros. Something, a música predileta de Frank Sinatra. E vários vídeos que terminavam com Here Comes the Sun ou My Sweet Lord.

As duas músicas que George fez em Abbey Road realmente marcaram sua carreira. Mas ele fez muito mais. Compôs grandes canções, como I Need You, Taxman, While My Guitar Gently Weeps. Teve suas viagens espirituais que o aproximaram da música indiana. Teve uma carreira solo discreta, mas competente. Seu último disco lançado em vida foi em 1987, depois, se afastou.

George não foi um gênio da música. Mas foi um bom compositor, capaz de momentos geniais, bem além da música predileta do Frank Sinatra.

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