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Mostrando postagens de agosto, 2011

A diversão de Jon Fratelli

Prestes a lançar seu primeiro disco solo, Jon Fratelli constatou: o disco solo era a melhor coisa que ele já fez. Se continuasse numa banda, continuaria infeliz. Ele pode estar tão feliz quanto ele imagine. Mas isso não significa que ele esteja fazendo boa música. Ao sair dos Fratellis, banda altamente influenciada pelo britrock, ele abandonou o seu sobrenome artístico para assumir o sobrenome de batismo, Lawler, e formou o Codeine Velvet Club, uma banda pop com influência de música de cabaré. Lançou um disco, se cansou e partiu para a carreira solo. E então, retomou o Fratelli. Deve ser a sua tentativa em fazer com que as pessoas se lembrem quem ele é. O disco é uma continuação do que ele fazia nos Fratellis, com alguma liberdade para experimentar mais. Ele enche o disco de coros, instrumentos diferentes, e torra a paciência. Ele vai bem, justamente quando lembra sua antiga banda. Caso do primeiro single, Santo Domingo. Mas no geral, o disco parece uma coletânea de b-side...

O Cuiabano e o Frio

Passar pelas ruas de Cuiabá em uma madrugada fria é perceber. Perceber que o cuiabano não nasceu para o frio. Vejo moradores de rua tentando se aquecer. Pessoas nos bares vazios. Guardadores de carro na boate quase abandonada. Caminhantes noturnos. No rosto de cada um é possível perceber que eles não estavam preparados para aquilo.

Geladeiras

Na minha infância, todas as geladeiras eram marrons. Não sei dizer se marrom é a definição mais precisa para a sua cor (definitivamente não sou bom para definir uma cor precisamente), mas era algo por aí. Você deve ter na sua cabeça. As duas primeiras geladeiras aqui de casa, ao que eu me lembre, eram marrons. Combinavam com o fogão, que também era marrom. Vejo fotos mais antigas e observo que muitas geladeiras eram pintadas num tom de azul bem claro. Devia ser a moda da época, de geladeiras que desfilavam no eixo Paris-Milão. Agora, todas são brancas. Aqui em casa é branca. Na casa da minha tia é branca. Na casa da minha namorada é branca. Olho nas lojas e só vejo geladeiras brancas. Disputam algum espaço com as que têm revestimento de aço (bem, creio que não seja realmente aço), mas no geral são brancas. Imagino que elas queiram passar a noção de limpeza. Deve ser a era clean do catálogo das cozinhas. Mas até por isso, sujam facilmente. Facilmente. É provável que as gelad...

Relógios

Júlio Cortazar já dizia "quando dão a você de presente um relógio estão dando um pequeno inferno enfeitado". (Vale a pena se alongar antes de discorrer sobre a idéia, porque o trecho é genial). Não dão somente o relógio, muitas felicidades e esperamos que dure porque é de boa marca, suíço com âncora de rubis; não dão de presente somente esse miúdo quebra-pedras que você atará ao pulso e levará a passear. Dão a você — eles não sabem, o terrível é que não sabem — dão a você um novo pedaço frágil e precário de você mesmo, algo que lhe pertence mas não é seu corpo, que deve ser atado a seu corpo com sua correia como um bracinho desesperado pendurado a seu pulso. Dão a necessidade de dar corda todos os dias, a obrigação de dar-lhe corda para que continue sendo um relógio; dão a obsessão de olhar a hora certa nas vitrines das joalherias, na notícia do rádio, no serviço telefônico. Dão o medo de perdê-lo, de que seja roubado, de que possa cair no chão e se quebrar. Dão sua marca ...

Andei Escutando (24)

Ash – Free All Angels (2001): Um disco em que o Ash acerta em vários momentos. Consegue bons refrões e mantém um peso nas músicas. No entanto, o resultado é meio pífio quando eles tentam experimentar com orquestrações. Melhores: Shinning Light e Burn Baby Burn Creedence Clearwater Revival – Bayou Country (1969): Discos do CCR são sempre parecidos. Sempre tem ótimas músicas, mas a impressão é que a discografia é meio cansativa. Melhores: Penthouse Paper e Proud Mary . Elliott Smith – From a Basement on the Hill (2004): Sempre há uma expectativa mórbida sobre um disco póstumo. Ainda mais no caso de Smith, que cometeu suicídio com duas facadas no peito. Esperamos uma nota de despedida. Não é o caso. O disco traz as características de sempre, músicas vibrantes de uma vibração desesperada. O disco segue também a linha de evolução de sua carreira. Escutada cronologicamente, é possível notar claramente o traço de evolução. As músicas acústicas do começo foram ganhando produção aos pouc...