Pular para o conteúdo principal

Andei Escutando (17) (Edição Extra Grande)

Dead Kennedys – Frankechrist (1985): O som do primeiro disco dos Kennedys era tosco, por conta do barulho e da mensagem visceralmente irônica. Já neste terceiro disco, é tosco por outros motivos. At my job tenta simular o efeito de um robô cantando, como uma crítica ao trabalho? Ok, mas nem por isso deixa de ser insuportável. Crianças cantando em algumas faixas também não facilitam. Difícil saber por que as bandas punks se deixaram levar por esse lado, cedo ou tarde.
Melhores: This Could Be Anywhere (This Could Be Everywhere) e Soup is a good food.

Eagles of Death Metal – Death by Sexy (2006): O projeto paralelo de Josh Homme do QOTSA tem bons momentos – justamente quando se parece com a banda principal. Mas no geral, você mão perceber a presença de Homme e o que prevalece são as bizarrices do vocalista Jesse Hughes.
Melhores: Cherry Cola e I Want you so hard!

Eric Clapton (1970): Um disco competente de blues, feito antes de Clapton se apaixonar pelo Reggae. Melhor que seus trabalhos posteriores e mais famosos, mas incrivelmente distante do disco que ele lançou como Derek and the Dominos apenas poucos meses depois deste. Faltam os solos de guitarra que o apelidaram de Slow Hand.
Melhores: Easy Row e Lonesome and a Long Way From Home.

Matthew Sweet – 100% Fun (1995): Sweet tenta fazer um pop perfeito. E tem horas que ele até pode soar como Paul McCartney. Mas neste disco, suas músicas tão planejadas soam piegas demais. A última faixa chega a ser constrangedora.
Melhores: Not When I Need it e Everything Change.

My Morning Jacket – At Dawn (2001): É um bom exemplo de country alternativo. Mas as vezes o disco é depressivo e arrastado demais, tomando ares de uma jam session interminável. A voz de Jim James (algo entre Thom Yorke e Ryan Adams) te faz querer enfiar a cabeça num buraco.
Melhores: Honest Man e Phone Went West.

Nick Drake – Pink Moon (1972): Não existe uma música folk que seja feia. Todas têm separadamente uma beleza lírica e artística única. O problema, se é que é um problema, é que um disco inteiro de folk é difícil de ser escutado. Depois de cinco músicas você começa a cansar e misturar as mensagens e melodias. É o caso de Nick Drake.
Melhores: Place to Be e Things Behind the Sun.

Nirvana – Bleach (1989): Assim como todo disco do Nirvana, ele é muito melhor na metade inicial. Mas, a impressão que tenho, escutando esse disco depois de uns 8 anos, é a de que ele não é tão pior assim em relação aos seus dois sucessores. Ah não que isso signifique muita coisa. Hoje em dia eu já não ligo mais para a banda.
Melhores: About a Girl e School.

Redd Kross – Neurotica (1987): Uma espécie primitiva de PunkPop descontraído, um pouco mais para o Pop. Divertido e descartável na mesma proporção.
Melhores: Play my song e Gandhi is dead (I’m a cartoon man!).

R.E.M. – Automatic for the People (1992): Uma coleção canções grandiosas, simplesmente.
Melhores: Everybody Hurts e Drive.

Super Furry Animals – Hey Venus (2007): Um conjunto enorme de influências que resulta tanto em músicas sensacionais, quanto em experimentações confusas. Mas aqui, as melodias vencem.
Melhores: Show your hand e Run-Away.

T. Rex – A Beard of Stars (1970): Quanto mais você se afasta dos dois discos bons da banda (The Slider e Electric Warrior), pior os discos ficam. Uma coleção de guitarras perdidas, uma percussão maçante e... não, não dá mais para agüentar Marc Bolan versando sobre Luas Mágicas e outros misticismos.
Melhores: First Heart Might Dawn Hart e Lofty Skies.

The Band – Moondog Matinee (1973): Cada disco que a The Band lançava era um pouco pior em relação ao inferior, acho que já escrevi isso por aqui. Este não. Ele é bem pior do que Cahoots. Até porque, é uma coleção de covers de artistas dos anos 50. Algumas canções legais aqui e ali, mas nada demais.
Melhores: Great Pretender e Holy Cow.

The Black Keys – Brothers (2010): Parece uma mudança na sonoridade do duo. Menos blues, alguns vocais mais agudos, uma produção melhor. E se nos discos anteriores que eu ouvi, a bateria apenas acompanhava a guitarra, neste a bateria aparece com mais destaque e a guitarra é que a acompanha na maioria das faixas.
Melhores: Everlasting Light e These Days.

The Brian Jonestown Massacre – Take it from the man (1996): Um disco levemente genial. Parece ser uma gravação perdida de alguma banda dos anos 60. Colocaria como referências diretas os Small Faces e o Cream, fora o Pink Floyd da fase Syd Barret. Meia dúzia de canções para se cantar junto a última frase do refrão.
Melhores: Straight Up and Down e Cabin Fever (cante junto: “too fuck Young to say goodbye!”).

The Gun Club – Fire Of Love (1981): Guitarras agudas baseadas no chamado-resposta do Blues. Uma espécie de ancestral primitivo dos White Stripes. Ou, para dar os devidos créditos: uma clara influência.
Melhores: Jack on Fire e She’s Like Heroin to Me.

ZZ Top – Tres Hombres (1973): As músicas vão passando e você vai se dividindo. O que prevalece? Os vocais extremamente chatos ou as guitarras legais. A dúvida te acompanha pelo disco inteiro. No final, vi uma vantagem para os vocais.
Melhores: Move on down the Line e La Grange.

Comentários

Postagens mais visitadas

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Ziraldo e viagem sentimental por Ilha Grande

Em janeiro de 1995 pela primeira vez eu saí de férias em família. Já havia viajado outras vezes, mas acho que nunca com esse conceito de férias, de viajar de férias. Há uma diferença entre entrar em um avião para ir passar uns dias na casa dos seus tios e pegar o carro e ir para uma praia. Dormir em um hotel. Foi a primeira vez que eu, conscientemente, dormi em um hotel. Contribui para isso o fato de que, com sete anos, eu havia acabado de terminar a primeira série, o ano em que de fato eu virei um estudante. Então, é provável que pela primeira vez eu entendesse o conceito de férias. Entramos em uma Parati cinza e saímos de Cuiabá eu, meus pais, minha prima e minha avó. Ao mesmo tempo em que essas eram as minhas primeiras férias, elas eram também a última viagem da minha avó. A essa altura ela já estava com um câncer no pâncreas e sem muitas perspectivas de longo prazo. Disso eu não sabia na época. Mas ela morreu cerca de um ano depois, no começo de 1996, após muitas passagens pelo hos

Pattie Boyd

Pattie Boyd O romance envolvendo George Harrison, Pattie Boyd e Eric Clapton é um dos mais conhecidos triângulos amorosos da história. Sempre achei o caso interessante. A princípio, a visão que nós temos é bem simplista. Pattie trocou o sensível George Harrison, aquele que lhe cantou a sentimental Something na cozinha, pelo intempestivo Eric, aquele que a mostrou a passional Layla na sala. E se há uma mulher irresistível neste mundo, esta mulher é Pattie Boyd. Só que o trio Boyd-Harrison-Clapton é apenas a parte mais famosa de uma série de relações amorosas e traições, que envolveram metade do rock britânico da época. E o que eu acho incrível, é que todos continuaram convivendo ao longo dos anos. George Harrison Pattie Boyd era uma modelo que fazia figuração em um vagão de trem durante a gravação de uma cena de A Hard Day’s Night, o primeiro filme dos Beatles. George era justamente um Beatle. Eric Clapton era o deus da guitarra e converteu vários fãs em suas inúmeras bandas