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Texto Perdido - Em busca dos garotos perdidos

(Durante uma época da minha vida, eu escrevi alguns textos para um site do qual eu era colaborador. Foi um período no qual era colunista. Após um tempo fora do ar, o site voltou em 2007. Escrevi o texto seguinte, sobre o show dos Forgotten Boys no festival Grito Rock. O site acabou morrendo, antes que esse texto fosse publicado. Por isso, o mesmo não foi concluído. Analiso-o agora, com o passar dos tempos.)

Ai está então, o Festival do Grito Rock, com esses negócios de Cena Independente e etc. Sem dúvida, o show do Forgotten Boys era o mais interessante, até tenho um CD deles. As músicas são boas, as guitarras são fantásticas, alguns dos riffs mais empolgantes que ouvi foram feitos por eles. A bateria e o baixo são muito bons também, o vocal é que costuma a deixar a desejar às vezes. Mas importa pouco, perto das guitarras.

(Eu tinho um estilo bem descompromissado de escrita. Ainda tenho. Mas vendo esse começo, era algo como "não sei o que escreve na abertura, portanto, vou escrever qualquer coisa. Depois eu tento descrever as caracteristicas da música, o que é sempre ruim. Nunca fica bom e com o passar do tempo, tende a soar patético)

Depois de algumas demoras, chego até o local do festival por volta das 10 da noite. A essa altura quatro bandas já haviam tocado. Os locais Asthenia e Snorks, os amapaense do Stereovitrola e The Stoned Sensation do Paraná. Do lado de fora quatro jovens escutavam My Chemical Romance em seus fortes sistemas de som. Pago os ingressos na hora que custam Oito reais, e a fumaça já toma conta do ambiente. E ainda faltava mais umas 5 horas para acabar. Na parte de baixo tinha uma tenda de hip hop com uns caras dançando break, e na parte de cima é que os shows aconteciam.

É aquele ambiente diferente. Pessoas com cabelos Moicanos (com letra maiúscula mesmo), suspensórios, saia, mulheres com cabelo rosa, roxo e rosa, roxo rosa e azul, meninas com cabelo estilo Amelie Poulain, saia e camiseta listrada, botas, punks, emos, góticos, metaleiros, indies, posers, tiozinhos e patricinhas que acham esse negócio de rock, muito irado. Uma senhora com chifres vermelhos que acendiam na cabeça, outra de boina, headbangers, motoqueiros, camisas do Korn, Linkin Park, Ratos de Porão, Pink Floyd, Ramones, Led Zeppelin, The Beatles, AC/DC, entre outras. Além dos All Stars e Adidas. Clones de Joe Strummer, Robert Smith

(Vejam que eu acabei de descrever o inferno, praticamente)

Era meio do show do Dead Smurfs, quando cheguei, e pessoas já faziam roda punk no meio do salão. Só posso dizer que era uma banda legal, no pouco que eu vi. Encontro uns amigos e amigas, além de outros rostos conhecidos, mas que você não sabe nem o nome da pessoa. Uma garota de vestido preto até metade de coxa, e cabelo até o queixo anunciava a próxima banda, enquanto algumas pessoas rolavam no chão. Eram os Nicles. “Mickeys?” pergunta um amigo meu.

Começam falando da viajem foda que fizeram pra sair do Acre e chegar aqui. 5 membros, vocal, guitarra, bateria, baixo e teclado. Começa a se ouvir o teclado, bem grudento, algo meio pra linha do rock eletrônico. Diria que me lembra Primal Scream, Flaming Lips e Joy Division. E foi um bom show, o vocalista tem uma boa presença, e os teclados são quase sempre grudados. E ainda tinha uma musica que lembrava bastante no começo, Keep Fishin’ do Weezer.

(Olha que idiota. Mal conheço as três bandas que citei como influência, mas provavelmente, quis bancar o entendido)

A seguir viria o Lazy Moon. O medo era de que fizessem um cover de Every Breath You Take. Se fizeram, eu não percebi, o som estava muito ruim, e mal pude entender o que as garotas cantavam, aliás, não entendi nada.

Começaria então o show do Technicollor, imaginei que seria uma banda parecida com Mutantes, ou com influência de mutantes, por conta do nome. Mas não, com uma vocalista mulher e flautista tava mais para... Nightwish. Foi um bom momento para as pessoas levantarem os braços com os dedos extremos levantados.

O próximo show seria o do Vanguart. Em Show do Vanguart em Cuiabá, só pode se esperar por comoção pública. Seja nas pessoas viajando em Cachaça, cantando todos os versos de Semáforo ou Into the Ice, fazendo roda punk em Hey! Yo Silver, pulando nos covers de Beatles (Sgt Peppers e With a little help from my friends). Tudo estava indo praticamente no horário até eles tocarem. Mas a demora pra arrumar os instrumentos, uns malucos batendo panelas e dizendo “meteoro” atrasaram as coisas.

Mas o público estava delirando já. Tanto que o tecladista já estava fora do palco, e a platéia pedindo para continuar, eles voltaram e cantaram Dig A Pony.

Tem que se perceber uma coisa, que é a diferença do Vanguart em relação as bandas que tocaram antes. Os arranjos mais bem construídos e a qualidade do som. Podia se ouvir bem o vocalista cantando.

A essa altura já era 1:20 da madrugada, e resolvo dar um tempo. Não é fácil ficar mais de 3 horas em pé. Sentado no chão, na parte de baixo, não assisti quase o show inteiro da sexta geração da família Paim do norte da Turquia (sim, tudo isso era o nome). Algumas pessoas já iam embora, e o movimento na venda de cervejas estava diminuindo. A fumaça aumentava cada vez mais, em breve seria preciso usar farol de neblina.

Os Pleyades seriam a penúltima banda a tocar. Começaram o show por volta das 2:28. A garota que apresentava as bandas e que já havia sido vaiada antes do show do Vanguart, insistia em achar o dono de um chaveiro, em vão, penso. Um bêbado já caia pelo chão e dava em cima de todas as garotas. No palco, um guitarrista que parecia o Fred Durst e uma banda que lembrava System of a Down. Mas, não gostei muito, principalmente pelo vocalista que pediu pra platéia fazer roda punk umas três vezes. Não foi atendido.

Nunca, mas nunca se pede para que a platéia faça roda punk. As pessoas a farão se assim acharem interessante.

(Quase os mandamentos do roqueiro true. De fato, lembro que achei o show dos Pleyades muito ruim. Durante anos, vi o vocalista na faculdade. Cursava história, acho)

Depois de uma interminável música, Cavaleiro de Papel, os Pleyades saem do palco, e já vejo o guitarrista do Forgotten Boys, Chuck Hippolito na beira do palco. O baterista aparece sem camisa, eles vão montando os instrumentos, e se espera o que seria o grande show da noite.

(A parte a seguir é completamente horrível. Escrevo como uma menininha impressionada. De fato, a essa altura eu já tinha percebido que estava entrando na terceira página de Word e escrevi sem muita paciência. Fiquei de arrumar depois, mas nesse tempo o site acabou. Ficou apenas essa porcaria eternizada desde fevereiro de 2007)

Por volta das 3:15 da manhã o show começa com Just Done segue com Cumm Om, e na terceira música, um cover acelerado para Dizzy Miss Lizzy, a platéia está conquistada, as pessoas pulam, se batem, alguns sobem no palco e se jogam na platéia e o show é excelente. Os vocais são difíceis de escutar, mas as guitarras barulhentas são o destaque. E vai passando por Get Load, All You See, Não vou Ficar, 5 mentiras, Watching Over You. Get load alias, creio que foi a melhor da noite, junto com The Ballad Of, que tem um dos melhores riffs que já ouvi na minha vida.

O publico pede ramones, mas eles tocam I wanna live untill I die. O som alto, muito alto. E o baterista da show, destrói a bateria, joga as baqueta para a platéia, derruba o pano no fundo, e o público delira. Sem duvida o show da noite, o que chega a ser covardia, comparando a algumas bandas “amadoras” que tocaram antes. A banda agradece o publico, e o show acaba pouco depois das 4 da manhã. A fumaça ali, e com mais dois dias de show ainda, provavelmente demorará meses até se dissipar. Mas, em poucos momentos o lugar já ficaria, apenas com essa fumaça, sem todas as tribos de antes.

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