Pular para o conteúdo principal

Melhores tenistas sub-18 desde 2000

O título do brasileiro João Fonseca no ATP Next Gen disputado na última semana cria expectativas de que talvez estejamos diante de um fenômeno. De fato, João tem números muito bons para um rapaz de 18 anos e, mais do que o título, termina 2024 como o melhor tenista sub-18 do ranking da ATP. Sim, no torneio disputado na Arábia Saudita ele era o caçula da lista.

Para tentar entender o que isso pode representar, fiz uma busca sobre os melhores tenistas de até 18 anos no último ranking da ATP em cada ano do século atual (O ano 2000 entra de lambuja). Vamos a lista.

2000: Guillermo Coria era número 88. O argentino chegou a ser número 3 do mundo e conquistou 9 títulos na carreira. Foi finalista de Roland Garros em 2004 e venceu dois Masters 1000.
2001: Carlos Cuadrado era número 280. O espanhol chegou no máximo ao número 222 do ranking, com apenas 8 jogos entre os profissionais.
2002: Mario Ancic era número 89. O croata chegou a ser número 7 do mundo. Ganhou três títulos na carreira, todos em ATP 250. Foi semifinalista de Wimbledon em 2004.
2003: Rafael Nadal era número 49 (aos 17 anos). 
2004: Rafael Nadal era número 51. O espanhol foi número 1 do mundo, ganhou 92 títulos na carreira sendo 22 Grand Slams
2005: Andy Murray era número 64. O britânico foi número 1 do mundo, ganhou 46 títulos na carreira, sendo 3 Grand Slams.
2006: Juan Martín del Potro era número 92. O argentino chegou a ser número 3 do mundo. Ganhou 22 títulos na carreira, incluindo o US Open de 2009.
2007: Donald Young era número 100. O norte-americano foi número 38 do mundo. Não ganhou títulos.
2008: Brydan Klein era o número 251. O australiano-britânico chegou ao número 169 do ranking. Sem títulos.
2009: Bernard Tomic era o número 286 (aos 17 anos). O australiano chegou ao número 17 do ranking e ganhou quatro títulos na carreira, todos de ATP 250. Foi às quartas-de-final de Wimbledon em 2011.
2010: Ryan Harrison era o número 173. O norte-americano chegou ao 40 do ranking. Conquistou um título, em Memphis 2017.
2011: Guilherme Clezar era número 287: O brasileiro não passou do número 153 do ranking, sem ganhar títulos.
2012: Luke Saville era o número 349: O australiano chegou ao número 152 do ranking, sem ganhar títulos.
2013: Nick Kyrgios era o número 182. O australiano (mais um) chegou ao número 13 do ranking. Ganhou 7 títulos na carreira, sendo quatro de ATPs 500. Foi finalista de Wimbledon em 2022.
2014: Alexander Zverev era número 136 (aos 17 anos)
2015: Alexander Zverev era número 83. O Alemão chegou ao número 2 do ranking. Conquistou 23 títulos na carreira, incluindo 7 Masters 1000, dois ATP Finals e ainda tem um ouro olímpico. Foi vice campeão no US Open de 2020 e de Roland Garros em 2024.
2016: Frances Tiafoe era número 108: O norte-americano chegou a ser número 10. Conquistou três títulos na carreira, todos em ATP 250. Foi semifinalista do US Open em 2022 e 2024.
2017: Denis Shapovalov era número 51. O canadense foi número 10 do mundo. Conquistou dois títulos em ATPs 250. Foi semifinalista de Wimbledon em 2021.
2018: Felix Auger-Aliassime era número 108. O canadense foi número 6 do mundo e conquistou 5 títulos, sendo 3 ATP 500. Foi semifinalista do US Open em 2021.
2019: Jannik Sinner era número 78. O italiano é o atual número 1 do mundo. Ganhou 18 títulos na carreira, incluindo o Australian Open e US Open de 2024.
2020: Lorenzo Musetti era número 128. O italiano chegou ao número 15 do ranking e conquistou dois títulos, sendo um ATP 500. Foi semifinalista de Wimbledon em 2024.
2021: Carlos Alcaraz era número 32. O espanhol chegou ao top do ranking, com 16 títulos na carreira incluindo 4 Grand Slams
2022: Luca Van Assche era número 139. O francês de ainda 20 anos chegou ao número 63 do ranking, ainda sem títulos.
2023: Jakub Mensik era número 167. O tcheco ainda tem 19 anos e é número 48 do ranking, ainda sem títulos.
2024: João Fonseca é o número 145.

O brasileiro está na 17ª em um ranking de melhores posições, sendo que o melhor todos foi um surreal Carlos Alcáraz terminando o ano de 2021 na posição de número 32. Há uma certa relação, que precisaria de uma métrica melhor, de que os tenistas mais bem colocados nessa idade tiveram carreiras mais relevantes.

Dos 22 nomes na lista que antecede João, 15 conquistaram títulos na carreira, o que é um bom número (dois deles ainda estão muito no início da carreira, e principalmente Mensik é um nome que já começa a se destacar). Onze nomes, exatamente metade, chegaram ao top 10. Sete conquistaram um Master 1000 e cinco um Grand Slam. Quatro conseguiram ser o melhor do mundo.

São números que mostram que há sim uma boa perspectiva para a carreira de João, mas que nada é certo.

Comentários

Postagens mais visitadas

Assim que vamos

A maior parte de nós se vai dessa vida sem saber o quão importante foi para a vida de alguém. Uma reflexão dolorida que surge nesses momentos, em que pensamos que gestos simples de respeito tendem a se perder, enquanto o rancor - este sim é quase eterno.

Lembranças de shows

(Não que eu tenha ido em muitos shows na minha vida. Até por isso é mais fácil tentar lembrar de todos para este post/arquivo) Os Headliners (ou, aqueles que eu paguei para ver) Oasis em São Paulo, estacionamento do Credicard Hall (2006) O Oasis estava retornando ao Brasil após cinco anos, mas era como se fosse a primeira vez para muita gente. As apresentações de 1998 encerraram um ciclo produtivo ininterrupto de seis anos e a banda estava em frangalhos. Depois vieram dois discos ruins, que transformaram a banda em um dinossauro. No meio disso, uma apresentação no Rock in Rio no dia do Guns N Roses. Ou seja, a banda não apareceu por aqui nas desastrosas turnês de 2000 e 2002 (Na primeira, Noel chegou a abandonar a banda após Liam duvidar da paternidade de sua primeira filha. A turnê do Heathen Chemistry foi um desastre, com Liam cantando mal - vários shows tiveram longas sessões solo de Noel - os pulsos de Andy White não dando conta da bateria e diversas datas canceladas, seja por far...

Top 8 - Discos favoritos que ninguém liga

Uma lista de 8 discos que estão entre os meus favoritos de todos os tempos, mas que geralmente são completamente ignorados pela crítica especializada - e pelo público também, mas isso já seria esperado.  1) Snow Patrol - Final Straw (2003) Sendo justo, o terceiro disco do Snow Patrol recebeu críticas positivas quando foi lançado, ou, à medida em que foi sendo notado ao longo de 2003 e 2004. Mas, hoje ninguém se atreveria a citar esta pequena obra prima em uma lista de melhores discos dos anos 2000 e a culpa disso é mais do que o Snow Patrol se tornou depois, do que da qualidade do Final Straw . Antes deste lançamento o Snow Patrol era uma desconhecida banda escocesa de raízes norte-irlandesas, tentando domar suas influências de Dinosaur Jr. na tradicional capacidade melódica no norte da Grã Bretanha. Em Final Straw eles conseguiram juntar algum barulho suave do shoegaze com guitarras influenciadas pelo lo-fi e uma sonoridade épica, típica do pós-britpop radioheadiano. O resultado ...