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Top 8 - Corridas sem chuva nos anos 2010

Assim que década acaba - ou não - dezenas de listas surgem por aí. Uma das que mais me chamou a atenção é a lista de melhores corridas de Fórmula 1 dos últimos 10 anos. Nessa lista há uma grande predominância de corridas na chuva e parece que o automobilismo só pode ser divertido quando há chuva. Sete das dez provas escolhidas no site oficial da categoria ocorreram com pista molhada.

De fato, para que uma corrida entre para a eternidade, é preciso que uma as circunstâncias criem uma série de dificuldades que permitam que os pilotos exibam seu talento. A chuva é a maneira mais fácil de embaralhar as cartas, mas, separei uma lista - em ordem cronológica - de oito corridas que foram capazes de prender o espectador em frente da TV.

(Outro problema das corridas de Fórmula 1 é que as memórias recentes tendem a se sobrepor as passadas. Por isso o GP do Brasil de 2019 entra a frente do de 2012 - provavelmente a melhor corrida da década - assim como a Alemanha em 2018)

Itália 2010
Contexto: O embaralhado campeonato de 2010 chegou à Itália longe de uma definição. A Red Bull parecia o carro mais forte, mas a McLaren era mais consistente. Para melhorar, Fernando Alonso da Ferrari ensaiava uma recuperação. Mas, naquele momento, o título parecia encaminhado para Mark Webber ou Lewis Hamilton.

A Corrida: Fernando Alonso fez a pole, para delírio da torcida italiana. No segundo lugar surgiu um surpreendente Jenson Button, com uma estratégia completamente diferente do usual. Motivo: as grandes retas de Monza sempre levam as equipes a optar por carros com pouca pressão aerodinâmica, aumentando a velocidade final e fazendo o piloto se virar nas curvas. Nesse ano, Button foi para a pista com muita asa, perdendo velocidade final, mas fazendo uma curva Parabólica perfeita.

O inglês largou bem e asumiu a ponta, enquanto o líder do campeonato, Hamilton, se envolveu em um acidente com Felipe Massa e deu adeus. A partir daí, começou uma briga de gato e rato, com Alonso mais rápido nas retas, mas não conseguindo chegar perto de Button que saia muito melhor das curvas. As posições se mantiveram na primeira rodada de pit stops, quando a Ferrari tentou o undercut. Quando os carros voltaram aos boxes pela segunda vez, a Ferrari resolveu deixar Alonso mais uma volta na pista e o giro do espanhol foi sensacional, retornando da parada na liderança, dividindo a curva com o inglês. Alonso liderou até o fim, recebendo a bandeirada apenas três segundos na frente de Button e a festa italiana na pista foi mais bonita que o costume.

Porque foi emocionante: Não foi aquela tradicional corrida cheia de reviravoltas, mas foi um duelo tático de dois grandes pilotos, andando no limite por 53 voltas.

Consequências: Ficou cada vez mais normal ter menos velocidade de reta em Monza e Alonso cresceu de vez no campeonato, chegando a liderança do mundial e ficando com o título no bolso após a corrida da Coreia no Sul. Mas, no fim, seu terceiro título ficou estacionado atrás de Vitaly Petrov em Abu Dhabi.

China 2011
Contexto: Mesmo com apenas duas corridas, já dava para ver que o carro da Red Bull era muito superior à concorrência em 2011. Sua pole no sábado indicava a terceira vitória em sequência no início da temporada.

A Corrida: Vettel não largou bem e foi ultrapassado pelas McLaren de Button e Hamilton. O alemão, no entanto, aproveitou a estratégia de boxes, parando antes dos adversários para retornar a liderança. Hamilton fez sua última parada oito voltas depois de Vettel e retornou na quarta posição, 13 segundos atrás do líder. O inglês começou uma reação fulminante, primeiro deixando para trás a Mercedes de Nico Rosberg, que sofria demais com o desgaste de pneus. Depois superou Felipe Massa, que chegou a sonhar com a vitória mas perdeu rendimento e terminou em sexto lugar. Na volta de número 50 ele colou em Vettel e duas voltas depois fez a ultrapassagem que lhe daria a vitória, quando restavam apenas quatro giros para a bandeirada. Hamilton cruzou a linha de chegada cinco segundos a frente de Vettel. O pódio foi completo por Mark Webber, que largou em 18º e em grande recuperação realizou cinco ultrapassagens nas últimas 12 voltas.

Porque foi emocionante: Uma estratégia diferente e ousada garantiu que um carro inferior conseguisse superar a Red Bull, contando com um piloto em dia inspirado.

Consequências: A Red Bull se manteve mais atenta na estratégia e venceu quase todas as corridas até o fim do ano, com Vettel conquistando o bicampeonato.

Canadá 2012
Contexto: Em 2012 os pneus fabricados pela pirelli se desgastavam muito rapidamente, criando provas cheias de alternativas e contribuindo para, talvez, o melhor campeonato de Fórmula 1 da história. Na desgastante a imprevisível pista do Canadá, vivemos talvez o auge dessa loucura.

A corrida: Vettel, Hamilton e Alonso, que lideravam o mundial, largaram nas três primeiras posições e assim permaneceram no início da prova. Depois da primeira rodada de pit stops, Hamilton assumiu a liderança, seguido por Alonso e Vettel. Enquanto isso, Romain Grosjean da Lotus e Sérgio Pérez da Sauber, dois pilotos e duas equipes que tratavam bem a borracha, iam ganhando posições no meio do grid.

A segunda rodada de pit stops não alterou a ordem dos líderes, mas, percebendo o desgaste, o ponteiro Hamilton surpreendeu a todos quando foi aos boxes na volta 49 para uma terceira parada. Pareceu suicídio, mas em 12 voltas a diferença de 14 segundos para os líderes evaporou e ele retornou a liderança. Foi a vez de Vettel ir para os boxes. Duas voltas depois Grosjean superou Alonso. Mais duas e foi Pérez quem passou o espanhol. A diferença de um pit stop para Vettel foi destruída em apenas sete voltas e o ferrarista que tentou resistir com seus pneus se deu mal e terminou apenas em quinto, quase sendo ultrapassado por Rosberg.

Hamilton cruzou a linha de chegada em primeiro, mas, em duas voltas seria ultrapassado por Grosjean. Mais duas e a vitória seria de Pérez. Outras duas e o troféu iria para Vettel. Detalhe: não tivemos Safety Car em Montreal, ao contrário da tradição.

Porque foi emocionante: Extremamente difícil para os pilotos e equipes descobrirem o momento certo de parar. Duas equipes pequenas no pódio e uma quantidade enorme de reviravoltas.

Consequências: Hamilton chegou a sonhar com o título brevemente, mas perderia qualquer chance com uma série de quebras e erros.

Europa 2012
Contexto: Corrida seguinte ao Canadá, nos apresentaria outro épico.

A Corrida: Vettel e Hamilton largaram na primeira fila com Maldonado em terceiro. O ídolo local, Fernando Alonso, partia na distante sexta fila. Vettel liderou confortavelmente enquanto Hamilton sofreu com os pneus e acabou superado por Grosjean. Enquanto isso, Alonso começou a ganhar posições até chegar na quarta colocação. Na 28ª volta um inexplicável acidente entre Vergne e Kovalainen acionou o Safety Car. Na relargada Alonso superou Grosjean para ganhar a segunda colocação e na curva seguinte Vettel abandonou com problemas no alternador. Em poucos metros o espanhol assumiu a liderança que não perderia mais e ficou ainda mais confortável quando Grosjean abandonou também com problemas no alternador.

Enquanto isso, dessa vez Hamilton tentou se segurar com pneus desgastados e começou a receber ataques de todos os lados. Primeiro, perdeu a segunda colocação para Raikkonen. Depois foi acossado por Maldonado e, como não poderia deixar de ser, foi jogado no muro pelo venezuelano e abandonou. Hulkenberg da Force India poderia sonhar com o pódio, mas quem veio engolindo todo mundo no final foi Michael Schumacher. O heptacampeão ganhou oito posições em 12 voltas para conseguir seu último e único pódio no retorno a categoria pela Mercedes.

Porque foi emocionante: No calor valenciano, as últimas voltas foram um festival de pilotos se arrastando com pneus gastos e outros voando com pneus novos, um convite para a confusão. Soberano, Alonso conseguiu a maior vitória de sua carreira para delírio de seus apoiadores.

Consequências: Alonso emendou uma sequência de bons resultados e chegou a disparar na liderança do mundial, uma surpresa para sua Ferrari mediana. No entanto, dois acidentes em que ele não teve culpa, associados a arrancada fulminante de Vettel, fizeram o espanhol bater na trave novamente.

Austrália 2013
Contexto: Começo da temporada seguinte a um ano inesquecível. Expectativa pelos desempenhos e novidades, como Lewis Hamilton na Mercedes.

A corrida: A dobradinha da Red Bull, no fim das contas previa como seria o ano de 2013, mas ninguém sabia disso. O grande desgaste de pneus do ano anterior mostrou que ainda permanecia, e com seis voltas o líder Vettel já parava nos boxes. Assim como no ano anterior, Kimi Raikkonen mostrou um zelo maior pela borracha e aos poucos foi surgindo como candidato à vitória. E assim ele fez, como uma parada a menos nos boxes conseguiu assumir a liderança, seguido por Alonso e Vettel.

Porque foi emocionante: Sete pilotos ocuparam a liderança, em um louco revezamento, a segunda maior marca da história. Primeiro Vettel, da volta 1 até a 6. Depois Felipe Massa na 7ª volta, Fernando Alonso na 8º, Lewis Hamilton da 9ª à 12ª, Nico Rosberg na 13ª, Adrian Sutil da 14ª à 20ª, novamente Massa na 21 e 22, Kimi Raikkonen da 23ª à 33ª, novamente Alonso da 34ª à 38ª, novamente Sutil da 39ª à 42ª e por fim Raikkonen da 43ª até a 58ª e última. Só no final deu para perceber que a vitória seria de Raikkonen. Um dos destaques foi Adrian Sutil: largando com pneus duros, ele prolongou suas paradas e chegou a flertar com a possibilidade de vitória quando parou pela última vez, na 42ª volta e colocou pneus macios. Mas, justamente com o composto mole sua carruagem virou abóbora e ele foi ultrapassado por todo mundo, terminando em sétimo, a mais de um minuto do líder.

Consequência: Bem, o enorme desgaste de pneus foi responsável por corridas inesquecíveis, mas depois de alguns acidentes a Pirelli passou a fazer compostos mais resistentes e o marasmo voltou a imperar na categoria, com carros dominantes ganhando os títulos desde então.

Abu Dhabi 2016
Contexto: Nico Rosberg e Lewis Hamilton, once brothers e agora inimigos mortais, chegaram a última corrida da temporada duelando pelo título. O alemão precisava apenas do terceiro lugar para superar seu companheiro de Mercedes no campeonato. Como a Mercedes é muito superior aos adversários, principalmente na pista árabe, apenas uma hecatombe tiraria ele do pódio. Sendo assim, Rosberg poderia deixar Hamilton ganhar a prova tranquilamente e apenas administrar seu título. Mas, o inglês não queria que isso acontecesse.

A corrida: Em um estratégia controversa, que quase enlouqueceu sua equipe, Hamilton segurou muito o ritmo da corrida, para não permitir que Rosberg ficasse confortável em segundo lugar e pudesse ser atacada a qualquer momento, uma espécie de terror psicológico. A vantagem da Mercedes era muito, mas muito grande, o que fez com que a estratégia não desse tão certo assim. Rosberg só correu algum risco quando precisou ultrapassar Verstappen, que vinha em estratégia diferente depois de rodar na primeira volta. No final, no entanto, Hamilton diminuiu muito o ritmo o que fez com os carros finalmente começassem a se aproximar. Com pneus 10 voltas mais novos, Vettel chegou a dividir curva com Rosberg, enquanto Verstappen já aparecia no retrovisor. No final, a dobradinha da Mercedes se concretizou, mas apenas dois segundos separaram os quatro primeiros.

Porque foi emocionante: foi um daqueles thrillers, em que mais expectativa se cria do que realmente se confirma, mas o suficiente para deixar todo mundo acordado na sonolenta pista de Abu Dhabi.

Consequências: Rosberg conseguiu o título, em uma espécie de vingança dos segundos pilotos e dias depois surpreendeu o mundo se aposentando.

Azerbaijão 2017
Contexto: Para a temporada de 2017 a Fórmula 1 estreou carros mais rápido e largos. Na pista de Baku, com uma longa reta de chegada e curvas estreitas no miolo, a combinação provocou o caos. Enquanto isso, pela primeira vez na era híbrida, a Ferrari fez um carro capaz de competir com a Mercedes em algumas circunstâncias, o que fazia florescer uma rivalidade entre Vettel e Hamilton.

A corrida: Após conquistar a pole com muita vantagem, Hamilton seguiu liderando com Vettel pouco atrás. Na volta 12, no entanto, o motor de Verstappen quebrou e ele parou o carro na pista, provocando a entrada do Safety Car e embaralhando todo mundo. Algumas voltas depois veio a relargada, ou melhor uma tentativa. O Safety Car acabou permanecendo 12 voltas na pista, porque todo hora em que a corrida era retomada uma sequência de confusões espalhava carros e detritos pela pista tornando necessária nova interrupção. O Safety Car só saiu na volta 24 porque uma confusão envolvendo Ocon e Pérez fez com que a direção de prova precisasse interromper a corrida para arrumar a bagunça. Nesse meio período teve Vettel jogando o carro em Hamilton, irritado por uma freada brusca, Ricciardo realizando uma ultrapassagem quádrupla e toques das mais variadas formas. A impressão é de que os carros ficariam relargando e batendo até o fim dos tempos.

Bem, quando tudo voltou para valer, Hamilton liderava com Vettel em segundo, Ricciardo em terceiro, Stroll em quarto, Magnussen em quinto. No entanto, Hamilton se viu diante de uma insólito problema: sua proteção de pescoço estava mal encaixada e ele precisou parar nos boxes para arrumar e a arrumação demorou mais do que o esperado. A vitória cairia no colo de Vettel, mas ele precisou parar nos boxes por dez segundos como punição por conta da pixotada com Hamilton. Eis então que Ricciardo surgiu na liderança, com Stroll em segundo, Magnussen em terceiro, Ocon em quarto, Bottas em quinto, Alonso em sexto, Vettel em sétimo e Hamilton em oitavo. Os carros mais rápidos ficaram para trás e começaram uma corrida contra o relógio pela liderança.

Ricciardo aproveitou a barreira dos carros mais lentos para vencer, enquanto Bottas ganhou a segunda posição superando o surpreendente Stroll na linha de chegada. Vettel e Hamilton chegaram logo depois, voando na pista.

Porque foi emocionante: A verdadeira corrida maluca e uma mostra de como seriam as corridas com grid invertido.

Consequência: Fortalecimento da rivalidade Vettel-Hamilton. No entanto, Vettel jogou fora uma vitória por conta do chilique na hora do Safety Car.

Áustria 2019
Contexto: Temporada dominada pela Mercedes que vencera as oito corridas da temporada até então (segunda melhor marca da história), com seis dobradinhas. No entanto, o estilo da pista com poucas curvas poderia favorecer a Ferrari, enquanto a Red Bull sempre se empolga com a corrida em sua casa.

A corrida: Leclerc e Verstappen dividem a primeira fila, com Bottas e Hamilton logo atrás. No entanto, o holandês larga mal e caí para o sétimo lugar. Leclerc abre vantagem tranquila, rumo a sua primeira volta. As Mercedes não conseguem render bem, o que mais tarde seria atribuído ao forte calor. No entanto, Verstappen começa a se recuperar e atrasa sua parada nos boxes. Ele volta em quinto lugar, mas logo supera Hamilton. Depois é a vez de Vettel. Bottas foi engolido a 15 voltas do final. O holandês então começa a caçar Leclerc, acumulando voltas mais rápidas. Faltando cinco ele encosta. Tenta uma primeira ultrapassagem, mas o monegasco resiste. Na volta seguinte não: os dois dividem a curva, Leclerc vai para fora da pista e não segura Verstappen, que consegue uma vitória brilhante.

Porque foi emocionante: Pela brilhante reação de Verstappen em um circuito tomado por torcedores holandeses que vibravam loucamente a cada ultrapassagem.

Consequência: Prática, nenhuma. Mas o campeonato até então modorrento embalou em uma série de corridas bem interessantes, para animar o fã carente.

PS 1: Outras corridas interessantes:
Malásia 2013 (a corrida do Multi 21), Bahrein 2014 (duelo de Rosberg e Hamilton), Hungria 2019, Cingapura 2016, Abu Dhabi 2012 e Turquia 2010.

PS 2: Um top 8 corridas na chuva
1 Canadá 2011
2 Brasil 2012
3 Hungria 2014
4 Estados Unidos 2015
5 Mônaco 2016
6 Brasil 2016
7 Cingapura 2017
8 Alemanha 2019

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