Aos poucos, Geraldo Alckmin foi se convertendo no candidato do PSDB para as eleições presidenciais de 2018. Sua re-eleição em primeiro turno para o Governo de São Paulo colocou seu nome no páreo e então, foi só esperar a profecia de Jucá ser cumprida (Aécio será o primeiro a ser comido) para que o nome de Geraldo fosse ungido para a disputa.
Ser o candidato do PSDB à Presidência é um ótimo negócio. Desde 1994 os tucanos estiveram juntos com o PT nas duas primeiras posições da disputa. Na eleição do Brasil mais dividido desde a redemocratização e com Lula preso, ser o candidato do PSDB parecia ser o passaporte garantido para o segundo turno, onde tudo pode acontecer. De fato, o caminho parecia traçado dois anos atrás, quando Alckmin chegou a liderar a campanha. Só que tudo se perdeu.
Os seus aliados dizem que ele tem a convicção de que no fim tudo vai dar certo (para ele). Mas o fato é que falando um mês para as eleições, ele não consegue chegar aos dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto.
Pode se falar que o PSDB se perdeu no meio da crise política - o que é verdade -, o que a crise das merendas o prejudicou, mas acredito que o problema de Alckmin é que toda a sua ausência de carisma e sua neutralidade atávica, que poderiam ser seu trunfo para este momento de descontrole, acabam por ser sua grande falha. Geraldo parece esperar que em algum momento uma luz venha do céu e diga "povo brasileiro, vamos parar com essa briga e buscar alguém mais tranquilo". Só que, nesse momento tão turbulento e de ânimos tão aflorados, quem faz sucesso são os candidatos que geram paixão - e consequentemente ódio.
Não é a toa que Lula e Bolsonaro lideram a eleição. As pessoas o amam e também o odeia. Se matam para defender ou atacar esses nomes. Ciro Gomes e Marina Silva, em menor grau, também tem seus fiéis seguidores e detratores. Mesmo o Amoedo consegue arrebanhar os seus fiéis. Vivemos uma era dos candidatos que conseguem gerar engajamento.
Não é o caso do Geraldo. Ninguém vai se matar por ele. Ninguém vai fazer textão no Facebook dizendo que ele é a melhor opção. Remetendo ao Orkut - essa comunidade que tanto nos ajudou a resumir os sentimentos em amar e odiar - ninguém vai deixar um depoimento pro Alckmin.
***
Mas, um cara que tem quase metade do tempo eleitoral na TV tem que usar todos os meios disponíveis. Os estrategistas perceberam: Alckmin perdeu espaço para o Bolsonaro. Um antigo eleitorado tucano cansou do PSDB e resolveu apostar no militar para resolver os problemas. A briga, portanto, não é com Ciro Gomes ou com Haddad. Alckmin não vai conquistar o eleitorado de esquerda, tem que mirar a direita, o centro e no máximo a centro-esquerda menos radical. No máximo a Marina ou o Ciro.
Como o grosso dos votos está no Bolsonaro, Alckmin virou todas as armas (ha) para ele.
Mas eis que surge a pesquisa Ibope ontem. Por mais que não traga nenhuma grande alteração no cenário do primeiro turno (quase todo mundo se movendo dentro da margem de erro), a grande novidade são os cenários de segundo turno. Bolsonaro perde para todos, menos para o recém-candidato Haddad. Perde com uma margem até folgada para Ciro, Alckmin e Marina.
Isso significa que, a grande briga dessa eleição, no momento, é para conseguir uma vaga no segundo turno contra Jair, o que significaria praticamente a vitória. Bom para Ciro, Marina e Haddad, que vão brigar entre eles pelo espólio de Lula para ser o próximo presidente do Brasil.
E o Alckmin? Parece uma missão impossível que ele consiga crescer o suficiente mantendo o capitão-maluco no atual patamar de votos. E não é simples competir pelos votos da esquerda, porque são três candidatos por lá. Não dá para se armar contra um deles apenas, porque o eleitor de Ciro tende a migrar para Marina ou Haddad e vice-e-versa.
No fim, parece que o PSDB terá o seu pior desempenho em eleições.
Ser o candidato do PSDB à Presidência é um ótimo negócio. Desde 1994 os tucanos estiveram juntos com o PT nas duas primeiras posições da disputa. Na eleição do Brasil mais dividido desde a redemocratização e com Lula preso, ser o candidato do PSDB parecia ser o passaporte garantido para o segundo turno, onde tudo pode acontecer. De fato, o caminho parecia traçado dois anos atrás, quando Alckmin chegou a liderar a campanha. Só que tudo se perdeu.
Os seus aliados dizem que ele tem a convicção de que no fim tudo vai dar certo (para ele). Mas o fato é que falando um mês para as eleições, ele não consegue chegar aos dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto.
Pode se falar que o PSDB se perdeu no meio da crise política - o que é verdade -, o que a crise das merendas o prejudicou, mas acredito que o problema de Alckmin é que toda a sua ausência de carisma e sua neutralidade atávica, que poderiam ser seu trunfo para este momento de descontrole, acabam por ser sua grande falha. Geraldo parece esperar que em algum momento uma luz venha do céu e diga "povo brasileiro, vamos parar com essa briga e buscar alguém mais tranquilo". Só que, nesse momento tão turbulento e de ânimos tão aflorados, quem faz sucesso são os candidatos que geram paixão - e consequentemente ódio.
Não é a toa que Lula e Bolsonaro lideram a eleição. As pessoas o amam e também o odeia. Se matam para defender ou atacar esses nomes. Ciro Gomes e Marina Silva, em menor grau, também tem seus fiéis seguidores e detratores. Mesmo o Amoedo consegue arrebanhar os seus fiéis. Vivemos uma era dos candidatos que conseguem gerar engajamento.
Não é o caso do Geraldo. Ninguém vai se matar por ele. Ninguém vai fazer textão no Facebook dizendo que ele é a melhor opção. Remetendo ao Orkut - essa comunidade que tanto nos ajudou a resumir os sentimentos em amar e odiar - ninguém vai deixar um depoimento pro Alckmin.
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Mas, um cara que tem quase metade do tempo eleitoral na TV tem que usar todos os meios disponíveis. Os estrategistas perceberam: Alckmin perdeu espaço para o Bolsonaro. Um antigo eleitorado tucano cansou do PSDB e resolveu apostar no militar para resolver os problemas. A briga, portanto, não é com Ciro Gomes ou com Haddad. Alckmin não vai conquistar o eleitorado de esquerda, tem que mirar a direita, o centro e no máximo a centro-esquerda menos radical. No máximo a Marina ou o Ciro.
Como o grosso dos votos está no Bolsonaro, Alckmin virou todas as armas (ha) para ele.
Mas eis que surge a pesquisa Ibope ontem. Por mais que não traga nenhuma grande alteração no cenário do primeiro turno (quase todo mundo se movendo dentro da margem de erro), a grande novidade são os cenários de segundo turno. Bolsonaro perde para todos, menos para o recém-candidato Haddad. Perde com uma margem até folgada para Ciro, Alckmin e Marina.
Isso significa que, a grande briga dessa eleição, no momento, é para conseguir uma vaga no segundo turno contra Jair, o que significaria praticamente a vitória. Bom para Ciro, Marina e Haddad, que vão brigar entre eles pelo espólio de Lula para ser o próximo presidente do Brasil.
E o Alckmin? Parece uma missão impossível que ele consiga crescer o suficiente mantendo o capitão-maluco no atual patamar de votos. E não é simples competir pelos votos da esquerda, porque são três candidatos por lá. Não dá para se armar contra um deles apenas, porque o eleitor de Ciro tende a migrar para Marina ou Haddad e vice-e-versa.
No fim, parece que o PSDB terá o seu pior desempenho em eleições.
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