Fomos bons amigos pelo tempo em que vivemos juntos. Nossa amizade deve ter durado bem entre a oitava série e o fim do segundo grau, tempo em que convivíamos diariamente, fazíamos trabalhos em dupla e em grupos. Éramos um grupo feliz nas nossas ideias, dúvidas, capacidades e incapacidades.
O segundo grau terminou e começamos a nos afastar, como eu sempre me afasto das pessoas com quem não tenho convívio diário. Nunca sei se isso ocorre por minha culpa, por culpa das pessoas, de todos nós, ou se o mundo é que assim. Mas ainda nos encontrávamos com alguma frequência, para jogar bola, sinuca, visitar um amigo doente ou em alguma festa. Compartilhávamos algumas conquistas comuns a nossa idade, como a carteira de motorista. Lembrávamos do que vivemos juntos, as bebidas e as festas que nunca mais são iguais as que fazíamos quando tínhamos 16 anos.
Ele foi na minha formatura, eu fui na sua e então não sei mais. O tempo passou e já não saberia dizer quando foi a última vez que eu o vi, nem que tenha sido em alguma vez por engano. Vez por outra ainda nos falávamos em algum meio virtual, mas com frequência esparsa.
Convidei-o para o meu casamento. Talvez eu poderia não ter o convidado e ele talvez não soubesse, se soubesse não ficaria chateado, mas resolvi manter o contato com o grupo do colégio de tantos anos atrás. Após um primeiro sinal positivo, ele me comunicou que não poderia ir. Havia se mudado para outra cidade e, enfim, não poderia ir.
Não sei dizer se fiquei chateado, talvez eu não me importasse. Mas terminada a breve troca de mensagens, tive a sensação de que nunca mais iríamos nos falar novamente. Que ali se terminava oficialmente uma história que já estava adormecida a tanto tempo. Que definitivamente nos tornávamos ecos de um mundo que conhecíamos a um tempo atrás e um dia, se nós encontrássemos, talvez não soubéssemos os nomes um dos outros, como cantaria Ray Davies. Seríamos Walters um para o outro.
Não tenho como negar que o pensamento foi melancólico.
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