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O Brasil nas Olimpíadas

Faltando menos de um ano para os jogos olímpicos do Rio de Janeiro, o Comitê Olímpico Brasileiro trabalha com a expectativa de que o Brasil tenha o seu melhor desempenho na história no quadro de medalhas, tanto no número de medalhas de ouro, no número total de medalhas e na posição geral. A expectativa do COB é que o Brasil termine entre os dez primeiros colocados.

Uma meta ousada. Se formos ver os quadros de medalhas das últimas Olimpíadas, perceberemos que para chegar lá o Brasil precisará de pelo menos sete ou oito medalhas de ouro (seria um recorde) e mais um punhado de pratas. Os melhores desempenhos do Brasil aconteceram em 1920, com o 15º lugar geral, em 2004 com cinco medalhas de ouro e em 2012 com 17 medalhas no total. Desde os jogos de Moscou, em 1980, o Brasil vem patinando entre a 17ª e a 25ª colocação, exceção feita aos jogos de 2000, quando amargamos um 53º lugar, sem nenhuma medalha de ouro.

Para conseguir oito medalhas de ouro, mais de vinte medalhas no total e alcançar o top 10, tudo vai ter que dar muito certo para o Brasil no ano que vem. A complicação é que o país tem tido um desempenho ruim em algumas das modalidades que mais distribuem medalhas. No texto a seguir, teremos uma análise sobre as possibilidades do Brasil, baseadas no ranking mundial das categorias e em seus últimos campeonatos mundiais.

Atletismo: A modalidade mais tradicional dos Jogos Olímpicos e também a que mais distribuí medalhas pode passar zerada para o Brasil. O desempenho nas provas de pista tem sido sofrível, como mostra a ausência de medalhas nestas provas desde o Mundial de 1999. A interminável Fabiana Murer é a principal, talvez única esperança de uma medalha para o país, no salto de varas. Após um tempo sem saltar bem, Fabiana apareceu bem no último mundial, igualando sua melhor marca e conquistando a medalha de prata.

Badminton: Esporte sem tradição para o Brasil e que continuará sem tradição. Chance zero.

Basquete: No basquete feminino as perspectivas são terríveis. O Brasil deve sofrer para avançar de fase e uma medalha parece sonho, em um mundo que tem Estados Unidos, Austrália, Canadá e vários países europeus bem a frente do time nacional. O Basquete masculino tem o direito de sonhar. Os Estados Unidos são os grandes favoritos, mas há um grande bolo de países com condições de chegar nas fases mais agudas da competição, o Brasil inclusive. Mas é difícil.

Boxe: Os atletas brasileiros não estão bem ranqueados, mas o Brasil tem mostrado evolução na categoria. Foram três medalhas nos jogos de 2012 e no último mundial, em 2013, o Brasil conseguiu uma prata e um bronze. No mundial feminino de 2014, o país conseguiu um bronze também. Numa categoria difícil e equilibrada, o Brasil pode conseguir algumas (três) medalhas.

Canoagem: Isaquias Queiroz. O baiano de 21 anos é um fenômeno brasileiro do esporte que já conseguiu cinco medalhas em campeonatos mundiais. Será forte candidato no C1-200 e no C1-1000, além da prova em dupla. Isaquias pode ser uma surpresa em um esporte desconhecido e tem chance de brilhar. Na canoagem em slalom, o Brasil melhorou sua posição no cenário mundial, mas será difícil conseguir alguma medalha.

Ciclismo: Chance zero de medalha.

Esgrima: Chance zero de medalha. Só se o país conseguir naturalizar algum atleta bom.

Futebol: No futebol, o Brasil sempre terá chances, tanto no masculino, quanto no feminino. A situação das mulheres parece mais difícil, já que Marta e Cristiane já viveram dias melhores. No masculino, a geração pode não ser das melhores, mas é possível montar um time forte e competitivo. Além disso, é difícil enxergar alguma geração brilhante. A disputa será equilibrada, mas jogando em casa o Brasil tem chances.

Ginástica Artística: Arthur Zanetti irá disputar o bicampeonato das argolas contra o chinês Yang Liu. Numa prova extremamente técnica, a medalha é praticamente uma certeza, se não ocorrer nenhuma lesão. Nas outras modalidades, o país não deve fazer feio, mas a medalha é difícil.

Ginástica no Trampolim: Sem chances.

Ginástica Rítmica: Sem chances.

Golfe: Uma grande incógnita. Modalidade nova, ninguém parece saber ao certo como será a competição, que atletas estarão por aqui. Mas, como o país não tem tradição na modalidade, parece que não dá para apostar aqui.

Handebol: O Brasil cresceu muita na categoria. No masculino, o Brasil é um azarão que tentará passar de fase. O time nacional vive naquela fase de jogar duro contra todo mundo e acabar perdendo. No feminino, as brasileiras estão entre as favoritas. Atuais campeãs mundiais, estão em uma das modalidades mais difíceis do mundo. Não seria exagero dizer que pelo menos dez seleções no mundo sonham com o ouro olímpico e tem condições para isso.

Hipismo: Esporte de elite e que depende muito do investimento individual do atleta, os brasileiros sempre podem surpreender. No entanto, o momento não parece indicar que uma medalha possa surgir daqui.

Hóquei na Grama: Chance zero, a seleção masculina pelo menos fez bonito em conseguir a classificação.

Judô: O Brasil tem atletas entre os vinte melhores do mundo em todas as categorias, alguns entre os dez primeiros e chances de conquistar medalha em todas as 14 disputas. Pode também, no entanto, não conquistar nenhuma. O judô é muito equilibrado, todos os atletas se conhecem e as medalhas dependem muito do chaveamento do torneio. No entanto, o Brasil tem conquistado sempre, pelo menos quatro medalhas nos últimos campeonatos mundiais - a edição deste ano que terminou hoje foi decepcionante, com apenas dois bronzes. Mayra Aguiar, Érika Miranda, Sarah Menezes, Maria Suele Altheman, Rafael Baby, Felipe Kitadai, Charles Chibana e o eterno Thiago Camilo são os principais nomes brasileiros. O problema? Japão, Coreia do Sul, Mongólia, Hungria, Romênia, França, Holanda, Cuba, Estados Unidos, Alemanha, Polônia, Cazaquistão, Geórgia, Rússia. Muitos países tem atletas de nível na briga por medalhas.

Levantamento de Peso: Fernando Reis está entre os melhores do mundo na categoria acima de 105 kg. Mas a medalha é difícil.

Luta: Aline Ferreira foi medalhista de prata no campeonato mundial do ano passado, na categoria livre até 75 quilos. O Brasil evoluiu um pouco na modalidade e pode até surpreender, conseguindo uma medalha.

Nado Sincronizado: Sem chances.

Natação: César Cielo e Bruno Fratus nos 50m livre, Thiago Pereira nos 200m medley são as principais chances brasileiras. Leonardo de Deus nos 200m borboleta, Felipe França nos 100m peito e Etiene Medeiros, nos 100m costas, correm por fora. O revezamento masculino pode conseguir alguma coisa, se muita coisa der certo, mas é difícil. Analisando friamente a grande chance brasileira é nos 50m, não de medalha de ouro, mas de uma única medalha na categoria.

Pentatlo Moderno: Yane Marques é medalhista olímpica e tem duas medalhas em campeonatos mundiais. Tem grandes chances de conquistar uma medalha para o Brasil.

Polo Aquático: A equipe masculina promoveu um grande processo de naturalização e evoluiu no cenário internacional. A chance de chegar as medalhas é difícil, no entanto - e vamos dizer, esperamos que não venham por esse processo de naturalizar jogadores.

Remo: Sem chances.

Rúgbi: Sem chances.

Saltos Ornamentais: Sem chances.

Taekwondo: As modalidades de luta são sempre equilibradas e muita coisa pode acontecer. Nesse cenário, alguns brasileiros estão bem ranqueados e o país conquista medalhas com frequência nos campeonatos mundiais. Tem chance.

Tênis de Mesa: Sem chances.

Tênis: Roger Federer em sua última chance de ganhar um ouro olímpico, Novak Djokovic no auge, mais Murray, Nadal e uma série de coadjuvantes de luxo como Ferrer, Tsonga, Nishikori, Wawrinka, Berdych, Raonic... as chances de Bellucci são nulas. A situação não será mais fácil no feminino, mas o Brasil tem uma chance nas duplas masculinas: Bruno Soares e Marcelo Mello podem formar uma dupla forte e com o apoio da torcida tem tudo para chegar lá.

Tiro: Um desempenho espetacular pode levar o Brasil a uma medalha, mas acho difícil.

Tiro com arco: A mesma coisa do tiro sem ser com arco.

Triatlo: Conhecimento de território ajuda? Se sim, quem sabe, mas é difícil o Brasil conseguir uma medalha aqui.

Vela: A boa e velha vela! Aqui o Brasil sempre tem chances. Martine Grael e Kahena Kunze são campeãs mundiais, Robert Scheidt é uma entidade do esporte e dizem que o conhecimento dos ventos influencia muito. Dá pra apostar.

Vôlei: Outra em que o Brasil tem chance. As seleções masculina e feminina estão entre as melhores do mundo e vão concorrer, mesmo que talvez sem o amplo favoritismo para o ouro. Mas duas medalhas são possíveis. Vale lembrar que de 1984 para cá, só em 1988 o Brasil não conquistou pelo menos uma medalha.

Vôlei de Praia: O Brasil tem duas duplas entre as quatro melhores do mundo tanto no masculino, quanto no feminino. Aqui dá para apostar em duas medalhas de ouro.

Portanto, se tudo der certo para o Brasil, o país pode fechar a competição com até 30 medalhas, sendo 11 de ouro. Se tudo der errado, esse número pode cair para umas 13, com duas de ouro. Para ficar na média, um desempenho realista colocaria o país com seis medalhas de ouro, cinco de prata e dez de bronze, totalizando 21. Melhor desempenho da história do país, mas bem difícil de colocar o país entre os dez.

Minha apostas:
Seis ouros: Canoagem, Ginástica Artística, Judô, Vela, duas no Vôlei de Praia.
Cinco Pratas: Boxe, Judô, Pentatlo Moderno, Tênis e Vôlei.
Dez bronzes: Boxe, Futebol, Handebol, duas no Judô, Natação, Taekwondo, Vela, Vôlei e Vôlei de Praia.

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