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O Território Sagrado de Gilberto Gil



Gilberto Gil talvez não saiba ou, quem sabe saiba, mas não tenha plena certeza, mas o fato é que ele criou a melhor música jamais feita para abrir um show. Claro que estou falando de Palco, música lançada no álbum Luar, de 1981 e que, desde então, invariavelmente abre suas apresentações.

A escolha não poderia ser diferente agora que Gil percorre o país com sua última turnê, chamada "Tempo Rei" e que neste último sabado, 7 de junho, pousou na Arena Mané Garrincha, em Brasília. 

"Subo neste palco, minha alma cheira a talco, feito bumbum de bebê". São os versos que renovam os votos de Gil com sua arte e sua apresentação. Sua alma e fé na música renascem sempre que ele sobe no palco. "Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar, fogo eterno pra  consumir o inferno fora daqui". O inferno fora do palco, que é o seu território sagrado.

Território define bem o espetáculo de Gil. Uma jornada por todos os seus territórios, da Bahia ao exílio do Rio de Janeiro até a Nigéria. Sua poesia intuitiva filosofa sobre a vida e o amor, que segundo um autor citado, é mais difícil que a morte. O público é conquistado na primeira música e assiste o resto do show de mãos dadas com o artista.

Tal qual o Rio de Janeiro, Gilberto Gil continua sendo. E o público se despede aos berros em Toda Menina Baiana. Que Deus deu e que Deus dá.

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