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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

As Mangueiras que não existem mais

Todas as ruas do meu bairro tinham nome de plantas, exceto uma. Coqueiros, Seringueiras, Araucárias, Buritis e Pau Brasil dividiam sua existência com uma melancólica Rua Projetada. Talvez pelo costume, em um bairro que reservava travessas para os Biribás, Figueiras e Sebiperunas, a rua sem nome era conhecida como Mangueiral. O nome era auto-explicativo para quem passasse pelo local. Meia dúzia de mangueiras adornavam a esquina da rua não pavimentada, uma linha reta de 350 metros ligando Jardim das Palmeiras e Chácara dos Pinheiros. Durante cinco ou seis anos da minha vida passei por ali todos os dias, retornando do meu colégio para casa. O caminho era um pouco mais longo, coisa de 200 metros a mais do que o outro que passava por dentro do bairro, mas os relatos sobre bicicletas e relógios roubados dentro do bairro me faziam preferir passar por aquela rua erma, cercada de terrenos baldios e cuja única construção era uma fábrica de orelhões de fibra de vidro. Não demorava mais do que qua...