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Sugestões de reprises de corridas para o SporTV

O SporTV precisa deixar qualquer cerimônia de lado e passar a resgatar corridas do passado sem nenhuma necessidade de introdução ou encaixe no formato do programa Túnel do Tempo. O Esporte não vai voltar massivamente tão cedo e ninguém aguenta mais as reprises preparadas para temporadas anteriores do programa, exibidas originalmente durante o fim de ano. Pensei em algumas corridas que poderiam ser retransmitidas pelo canal.

Grande Prêmio da Alemanha de 1986
Dobradinha brasileira com vitória de Piquet e Senna na segunda colocação. As grande retas cortadas por chicanes de baixas velocidade consumiram o combustível dos líderes. A McLaren partia para uma dobradinha com Keke Rosberg e Alain Prost, mas primeiro o francês e depois o finlandês precisaram economizar combustível e tiraram o pé. Não adiantou, eles não completaram a prova. Piquet assumiu a liderança faltando seis voltas e Senna, que a duas do fim estava em quarto, cruzou em segundo balançando o carro para encontrar combustível. Resultado colocou Piquet de volta na briga pelo título.

GP da Hungria de 1988
Porque não uma grande atuação de Prost? Tão lembrada pelos brasileiros, a temporada de 88 foi extremamente monótona, com amplo domínio da McLaren e vitórias quase sempre tranquilas. Senna e Prost se encontraram na pista poucas vezes, no Canadá, França, Japão e Hungria. Nessa corrida, o francês se recuperou de um treino ruim, que o colocou na sétima posição, mas conseguiu abrir caminho na travado circuito de Hungaroring. Terminou a prova fazendo uma pressão absurda sobre o brasileiro, que segurou a vitória que o colocou na liderança do mundial pela primeira vez.

GP do Japão de 1990
A corrida da largada mais reprisada da história. Senna se vinga da batida do ano anterior, tira Prost da corrida e conquista o bicampeonato mundial. Acabamos até esquecendo que Nelson Piquet conquistou sua primeira vitória depois de mais de dois anos, em uma dobradinha com Roberto Moreno, que conseguiu seu único pódio na F1 em sua estreia pela Benetton. Como esse fato histórico ocorreu? O que aconteceu nas 52 voltas subsequentes a histórica batida da largada?

GP do Canadá de 1991
A última vitória de Nelson Piquet na F1. A conquista veio na última volta, quando Nigel Mansell quebrou, após liderar a corrida inteira com grande vantagem. Diz a lenda que ele se empolgou com a facilidade, começou a acenar para a torcida em velocidade reduzida e quebrou o câmbio da sua Williams. Sorte para Piquet, que surgiu do nada para sua última conquista. Como isso aconteceu? Bem, parece que a corrida foi extremamente monótona, mas tantas outras corridas históricas também foram majoritariamente monótonas e nem por isso deixaram de ser exibidas.

GP da Bélgica de 1991
Depois de anos de domínio, a McLaren via a Williams ressurgir como grande ameaça na F1. Após 4 vitórias nas primeiras quatro corridas, Ayrton Senna viu Mansell crescer no campeonato e conquistar três vitórias seguidas, tirando a diferença no mundial para apenas 8 pontos (poderia ser ainda menor, caso o leão não tivesse quebrado na última volta do Canadá). Na travada pista da Hungria, Senna conseguiu reagir, mas a Bélgica parecia ser uma pista mais favorável a Williams. Bem, em sua pista favorita, Senna fez a pole com mais de um segundo de vantagem, mas Mansell se manteve colado depois da largada. Senna teve problemas na sua parada nos boxes e o inglês assumiu a liderança. No entanto, problemas eletrônicos tiraram o leão da corrida. Quem assumiu a liderança foi Jean Alesi, que estava em uma estratégia de uma única parada. O francês, em sua primeira temporada pela Ferrari, sonhou com sua primeira vitória, mas abandonou a 13 voltas do fim, dando a liderança novamente para Senna, que tinha problemas no câmbio. Nesse momento o brasileiro passou a ser acossado por... Andrea De Cesaris! Da Jordan! Mas o motor do italiano estourou a quatro voltas do fim e Senna seguiu tranquilo para vitória, a mais importante da temporada, que lhe colocou 22 pontos na liderança do campeonato e deu fôlego para o título. Bônus 1: último pódio de Piquet na F1, após herdar posições de Patrese e De Cesaris no final. Bônus 2: últimos pontos de Roberto Moreno em sua última corrida pelo Benetton, também aproveitando abandonos no final. Bônus 3: a estreia de um certo Michael Schumacher pela Jordan, em corrida que durou menos de 1 km. Tá bom?

GP da Austrália de 1993
A última vitória de Ayrton Senna. Não sei como não está passando.

GP da Austrália de 1996
O mundo estava na expectativa pela estreia de Jacques Villeneuve. Filho do lendário Gilles e campeão da Fórmula Indy, o canadense ganhou uma vaga na Williams, a equipe a ser batida naquela temporada. Sua estreia foi de fato brilhante. Conquistou a pole position e liderou a prova inteira, mesmo com um ritmo de corrida pior, dando um show de habilidade. Faltando cinco voltas ele precisou tirar o pé por conta de um problema mecânico e a vitória caiu no colo de Hill. Jacques passou a rodar quase 10 segundos mais lento por volta, mas cruzou a linha em segundo. Parecia que veríamos a lenda do pai ser revivida, mas isso não aconteceu. Mesmo sendo campeão do mundo, Jacques teve uma carreira burocrática e passou a ser mais famoso pelas opiniões polêmicas sobre qualquer assunto.

GP da Hungria de 1997
No travado circuito húngaro, o atual campeão Damon Hill, correndo pela decrépita Arrows, quase conseguiu uma vitória. Conseguiu superar o pole Schumacher, que vinha lento, e liderou 62 voltas. O que parecia uma lendária primeira vitória para a Arrows e para os motores Yamaha, se transformou em frustração quando ele teve problemas na penúltima volta e acabou superado por Villeneuve a poucos quilômetros do fim. Chegou em segundo, mas com a frustração de quem quase fez história, tal qual Capelli na França em 1990. Saudades do tempo em que, em condições específicas, uma zebra dessa podia acontecer na F1. Acho que não há nada parecido desde o pódio do Fisichella pela Force India na Bélgica em 2009.

GP da Alemanha de 2000
Confesso que senti falta da reprise da primeira vitória de Rubens Barrichello na Fórmula 1. Largando na 18ª posição após problemas no treino, o brasileiro foi abrindo caminho no grid até chegar na terceira colocação. Beneficiado por duas bandeiras amarelas - uma delas provocada por uma manifestante pelado na pista - Rubinho chegou perto dos líderes. Faltando dez voltas para o fim, começou a chover na parte do estádio - o antigo traçado de Hockemheim tinha essa peculiaridade de dois trechos completamente distintos: a parte travada das arquibancadas e as longas retas dentro da floresta. O trecho do estádio estava completamente molhado, enquanto o trecho da floresta estava seco. Todos resolveram parar para colocar pneus para pista molhada - exceção feita a Rubinho, Button e Mika Salo. O brasileiro se segurou na pista molhada e contava com a parte da floresta para abrir alguma vantagem. Venceu com sete segundos de vantagem, de maneira redentora e emotiva, encerrando o que parecia um longo jejum de sete anos sem vitórias brasileiras na categoria - mas que agora parece um tempo bem curto.

GP do Brasil de 2003
Uma das corridas mais doidas de todos os tempos. A Fórmula 1 chegou a 2003 vendo a Ferrari longe do brilho dos últimos três anos e com a McLaren tendo vencido as duas primeiras corridas e com uma nova estrela: Kimi Raikkonen. Ainda havia expectativa sobre a dupla da Williams e um jovem Fernando Alonso em uma renovada Renault. Rubinho Barrichello largou na pole, perdeu posições depois da largada com safety car e se recuperou até chegar a liderança, quando teve uma pane seca. Michael Schumacher rodou na entrada da reta oposta e deu fim a uma sequência de 24 corridas nos pontos. Giancarlo Fisichella em uma decadente e frágil Jordan assumiu a liderança no momento em que Mark Webber se estatelou na entrada das retas dos boxes, sendo seguido por um inconsequente Fernando Alonso, que bateu forte a ponto de destruir qualquer barreira de pneu existente. Bandeira vermelha e vitória para Fisichella. Ou melhor, para Kimi Raikkonen, já que a bandeira vermelha decreta o resultado da volta anterior a sua sinalização. Um triste Fisichella subiu a um pódio que já seria a melhor coisa que poderia acontecer na sua vida naquela temporada. No alto do pódio Kimi Raikkonen, que vencia sua segunda corrida seguida e despontava como forte candidato ao título. Só os dois, já que o terceiro colocado seria Alonso a essa altura estava no hospital. Bem, dias depois uma imagem da Globo mostrou Fisichella abrindo mais uma volta segundo antes da bandeira vermelha ser acionada e, com isso, a vitória retornou às mãos do italiano. Sua primeira na Fórmula 1, a última da Jordan, que só marcaria mais três pontos naquele ano. Antes do GP seguinte, em San Marino, Fisichella recebeu o sonhado troféu das mãos de Raikkonen.

GP da Inglaterra de 2003
A temporada de 2003 foi uma das mais interessantes da história recente da Fórmula 1 e trouxe algumas corridas bem agitadas. Uma delas foi essa, vencida por Rubinho Barrichello. O brasileiro estava em um fim de semana inspirada. Fez a pole, enquanto Schumacher largou apenas em quinto. O Brasileiro largou mal e depois um pit stop ruim o colocou na oitava posição. Mas, em sua melhor atuação na F1, Barrichello escalou o grid para vencer. A corrida foi cheia de trocas de posições e outro brasileiro, Cristiano da Matta, chegou a liderar por 17 voltas em uma estratégia de uma parada a mais nos boxes. A corrida chegou a ter uma bandeira amarela por conta da invasão na pista de um padre irlandês, sim aquele mesmo que segurou o maratonista brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima nas Olimpíadas de Atenas no ano seguinte.

GP da Bélgica de 2004
Tudo o que a temporada de 2003 teve de bom faltou em 2004. Schumacher e a Ferrari dominaram de maneira absoluta, o alemão bateu recorde de vitórias vencendo 12 das 13 primeiras corridas, sete fazendo dobradinho com Barrichelo. Na 14ª, no entanto, o caos reinou em Spa. Quatro carros bateram na largada, provocando uma bandeira amarela. Jarno Trulli e Fernando Alonso pularam na liderança com a Renault, mas aos poucos quem foi crescendo na prova foi Kimi Raikkonen, que largou apenas em 10º com a veloz e instável McLaren daquele ano. O finlandês conseguiu sua segunda vitória e única naquele ano em uma corrida que teve Antonio Pizzonia sonhando com o pódio, Ricardo Zonta sonhando com o pódio e Felipe Massa cruzando em quarto com a Sauber. Para completar, Michael Schumacher conquistou seu sétimo e último título com o segundo lugar deste dia. Bem, há mais uma razão para a reprise dessa corrida: disputada no último dia dos jogos olímpicos de Atenas, ela não foi transmitida ao vivo, já que a Globo passava a final do vôlei masculino.

GP do Japão de 2005
Um clássico instantâneo e uma das maiores atuações de tempos recentes. Após muitas dificuldades (leia-se: um tufão), os treinos livres foram realizados pouco antes da corrida e a pista molhada embaralhou o grid. Ralf Schumacher e Jenson Button largaram na primeira fila. Na forte Renault, Giancarlo Fisichella passou a ser um dos favoritos, saindo da terceira colocação. Os dois protagonistas da temporada, Fernando Alonso e Kimi Raikkonen saíram da 16ª e 17ª colocação. Com a pista seca os dois começaram a dar show. Alonso, por exemplo, fez uma ultrapassagem sensacional sobre Schumacher, que também largara atrás. Raikkonen apostou em sair com o tanque mais cheio e parar depois dos adversários. Deu certo. Foi o último a parar na 26ª volta, quando já estava em segundo. Voltou em sexto, na frente de Alonso, oitavo, e logo superou Schumacher para ficar em quinto. Na 41ª volta, assumiu a liderança, mas ainda precisa parar uma última vez. Voltou pouco mais de 6 segundos atrás do líder Fisichella e partiu para o ataque. Tentou na penúltima volta e não conseguiu. Na abertura da última volta, no entanto, passou o italiano por fora na reta principal de Suzuka e de maneira épica. Alonso também foi brilhante e fechou em terceiro. Mas, esse foi o dia de Kimi Raikkonen. Certamente o maior deles.

GP da Turquia de 2006
A primeira vitória de Felipe Massa. O brasileiro fez a pole position. Mas, seu companheiro Schumacher, lutando para encostar em Alonso na liderança do mundial, vinha em segundo e o jogo de equipes certamente colocaria a vitória no colo do alemão. A troca seria feito no primeiro pit-stop, mas uma rodada de Vitantonio Liuzzi chamou o safety car para a pista e levou todo mundo para os boxes. Como Schumacher teve que esperar a parada de Massa, perdeu a posição para Alonso. A Ferrari então fez todo a estratégia para que o alemão superasse o espanhol nos boxes, mas não deu certo. Na pista, Alonso segurou uma formidável pressão do heptacampeão para chegar em segundo, ficar mais perto do título e confirmar a primeira vitória de Massa.

GP da Espanha de 2007
Mais uma vitória de Felipe Massa. Expressiva vitória aliás, dividindo curva com Fernando Alonso na casa do espanhol, vendo seu carro pegar fogo e voltando a disputa no ano de 2007. No entanto, o grande motivo para a reprise dessa corrida é: não passou na TV. No mesmo dia o Papa Bento 16 rezou uma missa em São Paulo, bem no horário da corrida e tudo o que vimos foi a largada.

GP do Canadá de 2008
Única vitória de Robert Kubica e da BMW na Fórmula 1. Em uma daquelas corridas doidas que só o circuito Gilles Villeneuve nos proporciona. Tudo estava tranquilo para Lewis Hamilton na liderança, quando a Force India de Adrian Sutil quebrou na pista. Após três voltas sem conseguir retirar o carro, o Safety Car foi acionado proporcionando aquela loucura nos boxes. E aí, Lewis Hamilton perderia a liderança para Kimi Raikkonen, mas fez pior: não viu que o sinal estava vermelho na saída do pitlane e bateu na traseira do finlandês, provocando duplo abandono. Nico Rosberg, que estava em quarto, também bateu, mas conseguiu seguir, tendo que fazer nova parada. Melhor para o polonês da BMW, que conseguiu desviar do incidente. Felipe Massa também teve problemas e precisou parar novamente. Dessa forma, quando a pista foi liberar a corrida era liderada por Nick Heidfeld, seguido por Rubens Barrichello e Kazuki Nakajima (!!!). Todos precisavam parar ainda e nas diferentes estratégias, Rubinho, Coulthard, Trulli e Glock chegaram a liderar até a posição de honra cair nas mãos de Kubica, que partiu para uma vitória tranquila e a liderança no mundial.

Claro que haveria mais corridas. Mas essas 16 (uma temporada completa nos anos 80 e 90) nos garantiria mais umas três semanas de novidades, já que com muita sorte a Fórmula 1 volta só em julho.

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