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A despedida de Bolt

Foi o maior anticlímax da história. Já havia sido um pouco decepcionante ver Usain Bolt conquistar o bronze nos 100 metros rasos, no fim de semana passado. Desde as Olimpíadas de 2008 nos acostumamos com um Bolt invencível, um fenômeno da velocidade incapaz de ser derrotado. Acabou sendo, ficou em terceiro.

Um sinal de que a idade, ou mais do que a idade, o desgaste físico e a perda de rendimento chega para todos. Que Bolt, por mais que não pareça, é apenas um ser humano com incríveis capacidades musculares e motoras.

No entanto, ainda haveria uma última corrida. A final do revezamento 4x100, prova que a Jamaica dominou nos últimos anos, mas que estava longe de ser a favorita dessa vez. Mesmo sem o ouro e com Bolt já dentro de sua nova dimensão humana, seria pelo menos a oportunidade de vê-lo correndo por uma última vez.

Em uma prova de revezamento, e sendo Bolt o último a correr a esperança é de que ninguém fizesse nenhuma besteira antes, que o bastão não ficasse pelo meio do caminho e que a despedida do jamaicano fosse com ele parado na pista, perplexo, vendo os outros passarem.

Bem, até essa possibilidade talvez não fosse pior do que Bolt tentando arrancar e sendo interrompido por uma lesão muscular. Uma cena rara em competições e ainda mais inimaginável com o maior velocista de todos os tempos. Bolt se despediu estirado de dor no chão do estádio olímpico de Londres.

Talvez seja um fim de carreira que demonstra a transição de deus olímpico para um reles mortal. Ao sair das pistas, Bolt já não era o cara que pegava o embalo nos 100 metros e atropelava todos os seus adversários, ou que fazia a curva dos 200 metros em uma velocidade tão grande que parecia que iria sair decolando, arremessado contra a parede do estádio. Ao sair das pistas, Usain Bolt já era um humano. Um humano muito rápido, mas apenas um ser humano.

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