Pular para o conteúdo principal

Em 2016

Em 2016 pela primeira vez eu estive em um bloco de carnaval. Se eu pensar friamente no meu ano, este é certamente o fato mais inesperado.

Em 2016 eu paguei a conta de restaurante mais cara da minha vida, mas passei a maior parte do ano comendo no restaurante mais barato que eu conheço. Comi a melhor pizza da minha vida e também a pior. Aprendi a fazer mojitos e molho gorgonzola.

Conheci uma cidade que eu não conhecia. Voltei em outras que já conhecia. Subi no Pão de Açúcar depois de 18 anos. Subi no Morro da Igreja e não vi nada. Entrei no mar e perdi minha aliança no fundo dele.

Encontrei a maior parte das pessoas com quem eu me importo neste mundo e tomei vinho com quase todas elas. Talvez quisesse as ter encontrado mais. Percebi que muitas vezes a distância geográfica pode aproximar.

Passei o ano inteiro ao lado de uma pessoa. Ri muito com ela e tentei animá-la nos momentos de chorar. Discutimos a localização de Sevilha, alugamos um bug e o devolvemos poucas horas depois.

Foi provavelmente o ano da minha vida em que eu menos li, menos escutei música e menos escrevi. Fiz apenas cinco posts no Facebook, fazendo minha parte em um mundo com excesso de opinião.

Corri em 2016 mais do que havia corrido em toda a minha vida. Torci o meu pé esquerdo descendo uma escada para ir na praia, estirei dois ligamentos e dois meses depois ainda não me recuperei totalmente.

Vi um filme francês no cinema e achei uma porcaria. Vi um quadro de Van Gogh ao vivo e me impressionei com as marcas do pincel. Não vi shows que eu queria ter visto. Não fui em lugares que eu queria ter ido. Vi coisas que eu não queria ter visto. Vi a eleição do Trump e outras notícias que alimentam uma angustia existencial. Editei uma matéria que me fez voltar a ter fé na humanidade. Trabalhei muito em alguns dias. Convivi com muitas pessoas que eu realmente gosto e admiro.

Fiquei 15 dias imerso nas Olimpíadas. Assisti a abertura dos Jogos e foi uma das poucas vezes na minha vida em que me senti parte de algo maior. Realmente vibrei quando o Thiago Braz ultrapassou aquele sarrafo posicionado a 6,03 metros. Fiquei realmente abalado com o acidente do avião da Chapecoense.

Altos e baixos, coisas boas e ruins. Sobrevivemos 2016.

Comentários

Postagens mais visitadas

Assim que vamos

A maior parte de nós se vai dessa vida sem saber o quão importante foi para a vida de alguém. Uma reflexão dolorida que surge nesses momentos, em que pensamos que gestos simples de respeito tendem a se perder, enquanto o rancor - este sim é quase eterno.

Top 8 - Discos favoritos que ninguém liga

Uma lista de 8 discos que estão entre os meus favoritos de todos os tempos, mas que geralmente são completamente ignorados pela crítica especializada - e pelo público também, mas isso já seria esperado.  1) Snow Patrol - Final Straw (2003) Sendo justo, o terceiro disco do Snow Patrol recebeu críticas positivas quando foi lançado, ou, à medida em que foi sendo notado ao longo de 2003 e 2004. Mas, hoje ninguém se atreveria a citar esta pequena obra prima em uma lista de melhores discos dos anos 2000 e a culpa disso é mais do que o Snow Patrol se tornou depois, do que da qualidade do Final Straw . Antes deste lançamento o Snow Patrol era uma desconhecida banda escocesa de raízes norte-irlandesas, tentando domar suas influências de Dinosaur Jr. na tradicional capacidade melódica no norte da Grã Bretanha. Em Final Straw eles conseguiram juntar algum barulho suave do shoegaze com guitarras influenciadas pelo lo-fi e uma sonoridade épica, típica do pós-britpop radioheadiano. O resultado ...

Lembranças de shows

(Não que eu tenha ido em muitos shows na minha vida. Até por isso é mais fácil tentar lembrar de todos para este post/arquivo) Os Headliners (ou, aqueles que eu paguei para ver) Oasis em São Paulo, estacionamento do Credicard Hall (2006) O Oasis estava retornando ao Brasil após cinco anos, mas era como se fosse a primeira vez para muita gente. As apresentações de 1998 encerraram um ciclo produtivo ininterrupto de seis anos e a banda estava em frangalhos. Depois vieram dois discos ruins, que transformaram a banda em um dinossauro. No meio disso, uma apresentação no Rock in Rio no dia do Guns N Roses. Ou seja, a banda não apareceu por aqui nas desastrosas turnês de 2000 e 2002 (Na primeira, Noel chegou a abandonar a banda após Liam duvidar da paternidade de sua primeira filha. A turnê do Heathen Chemistry foi um desastre, com Liam cantando mal - vários shows tiveram longas sessões solo de Noel - os pulsos de Andy White não dando conta da bateria e diversas datas canceladas, seja por far...