Pular para o conteúdo principal

Uma certa decepção com o Silva

A primeira vez que eu ouvi falar em Silva, foi em meados de 2012, quando fui assistir um show dos Los Hermanos em Brasília. Alguém cantarolou um trecho de uma música e eu não dei a mínima, esses cantores com um nome só - como Cícero - me dão a impressão de fazer aquele sambinha indie indecente, ou um pop cafona com ares grandiloquentes.

Um tempo depois, ele apareceu ao público com o clipe da música A Visita. E que grande música. Um pop perfeito, o violino no melhor estilo Stéphane Grappelli, a batida gostosa e uma letra interessante. O clipe bem feito completava o jogo.

Baixei o seu EP e não há como negar que foi estranho. Não havia nenhuma música como A Visita naquelas cinco músicas. Era um disco, em boa parte, eletrônico. Mesmo susto quando ele lançou Claridão, seu primeiro disco. As batidas eletrônicas, sua voz que não chega a ser brilhante, letras no meio termo entre o inteligente e o pueril. Mas nada como A Visita.

A culpa não chega a ser dele, é claro. Em suas entrevistas, é possível perceber que a música eletrônica é a sua principal influência. A Visita que virou até tema de comercial é um ponto fora da curva dele próprio. Eu e ele temos influências completamente diferentes.

Vista Pro Mar, o seu segundo disco - lançado neste ano, segue a tendência. Ou melhor, é um pouco menos climático, mas continua abusando das batidas eletrônicas, agora com melodias mais ensolaradas. Dá para dizer que é um Guilherme Arantes revisitado. Há grandes momentos, como a faixa-título e seu final grandioso com os metais e Entardecer, com suas mudanças de ritmo e a melodia grudenta.

Mas, A Visita, segue sendo uma exceção. Mas isso deve ser um problema mais meu.



PS: Para não ser injusto, há uma faixa neste segundo título livre das influências eletrônicas e que provavelmente estaria mais próximo do som que eu gosto. Só que Ainda, música só no violão, é bem chata.

Comentários

Postagens mais visitadas

Oasis e a Cápsula do Tempo

Não dá para entender o Oasis pensando apenas na relevância das suas músicas, nos discos vendidos, nos ingressos esgotados ou nas incontáveis exibições do videoclipe de Wonderwall na MTV. Além das influências musicais, das acusações de plágio e das brigas públicas, o Oasis faz parte de um fenômeno cultural (um pouco datado, claro), mas é uma banda que captou o espírito de uma época e transformou isso em arte, promovendo uma rara identificação com seus fãs. Os anos 1990 foram marcados por problemas econômicos no mundo inteiro. Uma juventude já desiludida não via muitas perspectivas de vida. A Guerra Fria havia acabado, uma nova revolução tecnológica começava, o Reino Unido vivia uma crise pós governo Thatcher e nesse cenário surge um grupo cantando letras incrivelmente ousadas para meros desconhecidos.  Definitely Maybe, primeiro disco do grupo, fala sobre curtir a vida de maneira meio sem propósito e sem juízo. A diversão que só vem com cigarros e álcool, o sentimento supersônico de...

Oasis de 1 a 7

Quando surgiu em 1994, o Oasis rapidamente se transformou em um fenômeno midiático. Tanto por suas canções radiofônicas, quanto pela personalidade dos irmãos Gallagher. Eles estiveram na linha frente do Britpop, movimento que redefiniu o orgulho britânico. As letras arrogantes, o espírito descolado, tudo contribuiu para o sucesso. A discografia da banda, no entanto, não chega a ser homogênea e passa a ser analisada logo abaixo, aproveitando o retorno do grupo aos palcos brasileiros após 16 anos.  Definitely Maybe (1994) O primeiro disco do Oasis foi durante muito tempo o álbum de estreia mais vendido da história do Reino Unido. Foi precedido por três singles, sendo que dois deles são clássicos absolutos - Supersonic e Live Forever . O vocalista Liam Gallagher cantava em algum lugar entre John Lennon e Ian Brown, enquanto o som da banda bebia de quase tudo o que o Reino Unido havia produzido nos 30 anos anteriores (Beatles, T. Rex, Sex Pistols, Smiths, Stone Roses). O disco começa c...

Somos todos Leicester

O que era inacreditável, o que parecia impossível agora é verdade. O Leicester é o campeão inglês da temporada 2015-16. Incrível que o título tenha vindo de maneira até confortável, com duas rodadas de antecedência. Incrível que mesmo com a folga na tabela e a liderança estável nas últimas rodadas, era impossível acreditar que o título realmente viria. Parecia que a qualquer momento os Foxes poderiam desabar. O que mais falar sobre esse time? Formado por uma série de refugos, jovens que jamais explodiram, uma ou outra promessa. Filho de goleiro, zagueiro jamaicano e zagueiro alemão grosso, atacante japonês, atacante que até outro dia jogava no futebol amador. Não há nada parecido com o que Leicester fez nesse ano na história do futebol. Talvez na história do esporte. O título do Leicester é uma das maiores façanhas da história da humanidade. Não há o que falar, o que teorizar. Só resta olhar esse momento histórico e aceitar que às vezes o impossível acontece. Que realmente nada é i...