Pular para o conteúdo principal

Um meio termo para a Bélgica

Desde que Hazard passou a fazer sucesso no Chelsea, escorado por outros nomes como Fellaini, Mirallas e Kompany, o mundo passou a olhar para a ótima geração belga. O hype explodiu de vez quando De Bruyne começou a acumular assistências no Wolfsburg e foi vendido para o Manchester City, onde virou o melhor jogador do time e do campeonato inglês.

Como sempre, uma coisa não exclui a outra: a Bélgica tem um punhado de bons jogadores. Lukaku é centroavante eficiente, os já citados Hazard e De Bruyne podem desequilibrar, Mertens é ótimo finalizador e se movimenta muito, Courtois é ótimo goleiro e a zaga é eficiente. No papel é um time bom. Mas, que foi superestimado, porque é uma equipe muito melhor no FIFA do que na vida real. Com Roberto Martínez no comando, a ótima geração belga tenta pela primeira vez justificar o glamour em campo.

A estreia contra o Panamá mostrou o quão bom o time belga pode ser, mas o quanto não devemos esperar que ele seja uma máquina avassaladora. Começo forte e pressionando o adversário assustado. Quando o Panamá se encontrou em campo, faltou espaço.

Tudo se resolveu no segundo tempo com o golaço de Mertens. Depois disso, apesar de ter concedido uma chance clara ao adversário, os belgas não caíram no erro de Argentina, França ou Brasil. Mataram o jogo, aproveitando o oportunismo de Lukaku. Vitória obrigatória garantida. Mostra que a Bélgica tem um time forte, mas que também não é favorita absoluta ao título.

***

A seleção senegalesa de 2002 talvez seja a última representante legítima do romântico futebol africano. Alegria em campo, certa displicência, muita velocidade e força física, proporcionando jogos abertos e emocionantes. Desde então, mesmo os africanos mais bem sucedidos como Gana e Nigéria, avançaram na copa apoiados apenas na Força Física.

O time de Senegal que derrotou a Polônia no último jogo da primeira rodada, uniu um pouco o melhor dos dois mundos. Mostrou toda aquela velocidade e ousadia, mas se mostrou muito organizado em campo. Teve o controle do jogo, mesmo sem a posse de bola. Estreia promissora para os únicos africanos a vencerem na primeira rodada.

Do outro lado, a Polônia decepcionou. Seu meio de campo cheio de nomes conhecidos foi lento e sem criatividade nenhuma. Errou passes e lançamentos em profusão, não teve infiltrações e a defesa bateu cabeça em diversos momentos. O jogo contra a Colômbia no domingo será de vida ou morte.

***

O que poderia ser pior do que ter um pênalti contra e um jogador expulso aos três minutos? Bem, o pior é o pênalti realmente entrar e foi nessa situação que a Colômbia se viu no começo do jogo contra o Japão. Teria que jogar atrás no placar, com um jogador a menos por quase 90 minutos. Buscou o empate em falta malandra de Quintero, mas não teve escapatória em um segundo tempo no qual permaneceu encastelada em sua grande área.

Mérito do Japão que, repetiu sua sina de perder inúmeros gols e trocar passes sem conseguir o ferir o adversário, mas que dessa vez foi premiado. Méritos para Osako, que marcou o gol da vitória e ainda travou o chute de James Rodríguez que poderia ter dado o empate colombiano minutos depois.

***

O começo da Inglaterra contra a Tunísia foi provavelmente o mais promissor do English Team desde a Copa de 1998 - também contra a Tunísia. Placar aberto aos 12 minutos, depois de Lingard, Dele Ali e companhia perderem gols. Aos poucos a Tunísia equilibrou a partida e, mesmo sem criar nada de importante, encontrou o gol em pênalti imbecil cometido por Walker. O segundo tempo foi de cair lagartixas do teto e a Inglaterra conseguiu a vitória no oportunismo de Harry Kane.

-------------------------------

Para não perder o costume, a seleção da primeira rodada da Copa, escalada em um 4-2-3-1 que de certa forma predominou até aqui.

Halldórsson (Islândia); Mário Fernandes (Rússia), José Giménez (Uruguai), Héctor Moreno (México) e Kolarov (Sérvia); Luka Modrić (Croácia) e Héctor Herrera (México); Golovin (Rússia), Lozano (México) e Cristiano Ronaldo (Portugal); Diego Costa (Espanha).

Bola de Ouro: Cristiano Ronaldo (Portugal)
Bola de Prata: Luka Modric (Croácia)
Bola de Bronze: Aleksandr Golovin (Rússia)

Comentários

Postagens mais visitadas

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Imola 94

Ayrton Senna era meu herói de infância. Uma constatação um tanto banal para um brasileiro nascido no final dos anos 80, todo mundo adorava o Senna, mas eu sentia que era um pouco a mais no meu caso. Eu via todas as corridas, sabia os resultados, o nome dos pilotos e das equipes. No começo de ano comprava revistas com guias para a temporada que iria começar, tinha um macacão e um carrinho de pedal com o qual dava voltas ao redor da casa após cada corrida. Para comemorar as vitórias do Senna ou para fazer justiça com meus pedais as suas derrotas. Acidentes eram parte da diversão de qualquer corrida. No meu mundo de seis anos, eles corriam sem maiores riscos. Pilotos por vezes davam batidas espetaculares, saiam ricocheteando por aí e depois ficava tudo bem. Já fazia 12 anos que ninguém morria em uma corrida. Oito sem ninguém morrer em qualquer tipo de acidente. Os últimos com mais gravidade tinham sido o do Streiff e do Martin Donelly, mas eu nem sabia disso, para dizer a verdade. Não sab

Fã de Esporte

A vida no começo de 2005 era um pouco estranha. Eu tinha saído do colégio e passado no vestibular para jornalismo. Mas, devido ao atraso de programação provocado pelas greves, as aulas iriam começar só no final de abril. Foram quatro meses de um pequeno vácuo existencial. Talvez fosse até bom tirar um período sabático após o fim do Ensino Médio, mas seria melhor se fosse algo programado, enfim. Nesse período, boa parte da minha vida se dedicava a acompanhar a programação da ESPN Brasil. Não que eu já não acompanhasse antes, o Linha de Passe da segunda-feira era um compromisso de agenda há algum tempo, assim como o Sportscenter no fim do dia, principalmente nos dias de rodada noturna na quarta-feira. Eram tempos que a internet ainda engatinhava e o Sportscenter era uma grande oportunidade de saber os resultados da rodada. Aquela ESPN de José Trajano moldou o caráter de uma geração de jornalistas e fãs de esporte, como eles passaram a chamar seus telespectadores. Sempre gerava ironias de