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França com cara de campeã

No bolão da ESPN, o único que participo neste ano, marquei a França como minha opção para campeã do mundo. Apesar de os franceses nunca terem desenvolvido todo o potencial que a simples leitura dos nomes proporciona, eles são de fato o elenco mais equilibrado da Copa, com um grande goleiro, um zaga confiável e excelentes meio-campistas.

A Copa começou e a primeira fase foi de certa forma decepcionante. Mesmo em um grupo fraco, os franceses não empolgaram em nenhum momento. Foram burocráticos e sem o instinto assassino que os permitiria matar os jogos. A França joga em busca de um contra-ataque para explorar a velocidade de Griezmann e Mbappé, mas esse contra-ataque só apareceu no jogo contra a Argentina.

Bem, a França ainda não empolgou em nenhum momento na Copa, mas é um time que administra bem os riscos e consegue se virar quando precisa. Entre as equipes semifinalistas, foi sem dúvida a que esteve menos tempo flertando com a eliminação e correndo riscos desnecessários. Em suma, seu sofrimento durou mais ou menos 15 minutos contra a Argentina - por essa burocracia apática da equipe.

Na semifinal contra a Bélgica, os franceses jogaram dois minutos com a impressão de que iriam controlar o jogo, mas logo a bola passou para os pés belgas. O perigo esteve sempre rondando a área azul, mas os maiores riscos foram em uma finalização de Hazard desviada por Varane e em ótima finalização de Alderweireld, que Lloris salvou. Outra coisa para colocar na cara de campeã da França: o goleiro começou a fazer milagres na reta final.

Já no fim do primeiro tempo, os franceses voltaram a controlar o jogo e o gol no início da segunda etapa definiu o confronto. A França poderia ter conseguido uma vitória maior, se Giroud não fosse um poste apagado. Umtiti e Varane controlaram bem Lukaku e De Bruyne esteve em jornada bem ruim. Hazard cumpriu outra atuação importante, mas não conseguiu definir a partida. O belga ainda corre por fora para o título de melhor da copa, em uma situação parecida com a de Robben na última edição do Brasil.

Kanté foi outra vez onipresente e Pogba teve boa atuação, mesmo que na letargia de sempre. Pela Bélgica, Courtois foi bem novamente. 

Independente de Inglaterra ou Croácia, os franceses serão os favoritos na final. Já a Bélgica finalmente justificou sua geração, que poderia ter chegado a final até, se Lloris não tivesse operado um pequeno milagre no chute de Alderweireld.

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