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Andei Escutando (13)

Donovan – Mellow Yellow (1967): Entre as cítaras sonolentas do disco anterior (Sunshine Superman) e o som alegre do posterior (A gift from a flower to a garden) esse disco fico no meio do caminho. É um Folk com fortes influências de Jazz. Nenhuma faixa chama muito a atenção e nenhuma é insuportável.
Melhores: Mellow Yellow e Bleak City Woman.

Flamin’ Groovies – Teenage Head (1971): Um som tosco e enérgico. A qualidade da gravação é bem ruim, talvez para passar espontaneidade. Um blues bem tosco, parece gravado ao vivo. As primeiras 4 faixas são sensacionais, as últimas 5 já são cansativas.
Melhores: Yesterday’s Numbers e Have you seen my baby?

Rufus Wainwright (1998): Disco de estréia do cantor, é o que mais tem arranjos de música clássica. É o mais chato também, pelo menos aos meus ouvidos.
Melhores: Barcelona e April Fools.

Steely Dan – Can’t Buy a Thrill (1972): O Rock progressivo pode ser algo realmente detestável. Sintetizadores, saxofones e teclados usados para o mal. Algumas músicas se destacam, por serem consideradas assim... de bom gosto. Outras melodias são tão banais que me deixaram constrangido.
Melhores: Change of the Guard e Reelin’ in the years.

Stereophonics – Language. Sex. Violence. Other? (2005): O Stereophonics é a maior banda mediana da história. Seus discos não ganhariam campeonatos e jamais seriam rebaixados. A voz singular de Kelly Jones sempre melhora as canções.
Melhores: Dakota e Feel.

The Zutons – You Can do Anything (2008): Em certos momentos, os Zutons parecem ser apenas mais uma dessas tantas bandas insignificantes. Mas, não. São até uma boa banda, com boas idéias, mas que se perdem em alguns vocais estranhos, arranjos bizarros e um saxofone insistente e desnecessários em vários casos.
Melhores: Family of Leechs e Dirty Rat.

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