Eu gosto de fazer riscos em papel. Quando me sinto ansioso, sem concentração, nervoso, triste. Pego um pedaço de papel qualquer que tenho pela frente e começo a fazer riscos. Podem ser retos, levemente circulares, seguirem algum padrão, ou ligarem o nada ao lugar nenhum. Não fazem sentido nenhum e não possuem nenhuma beleza específica. Mas me acalmam. Acabam por ser uma pequena obra expressionista.
Nos últimos tempos, José “Pepe” Mujica se transformou em um ícone mundial. Simpático, carismático, com boas ideias e discursos bons e bonitos, Mujica parece ser aquele avô que todos nós gostaríamos de ter, o professor que queríamos ter encontrado em algum momento, uma pessoa com quem poderíamos tomar um café e filosofar sobre a vida. Acontece que este alguém está na presidência de um país, o pequeno Uruguai, o que dá projeção mundial as suas falas. Aconteceu no épico discurso feito na ONU. Enquanto todos discutiam questões chatas, Mujica perguntava, afinal, o que queremos da vida? Mujica é um presidente incomum. Para começar, é assumidamente ateu. Não se veste com a pompa e circunstância que qualquer auxiliar de vereador tem. Utiliza suas botas velhas e seu casaco surrado. Dispensou a residência oficial dos presidente para continuar morando em sua chácara nos arredores de Montevideo ao lado de sua mulher e de uma cadela manca, enlouquecendo os seguranças. Pepe dispensa protocolos e
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