Pular para o conteúdo principal

Ah, a Pitty

Estava lendo uma entrevista da Pitty a revista Billboard, sobre o processo de criação da música Me Adora. Certa hora o repórter pergunta se houve alguma contribuição externa no processo. E ela responde:

"Não. Deve ter tido contribuição extraterrena que é o que acho que acontece de vez em quando, quando a gente lida com arte".

Mais a frente em outra pergunta, ela diz:

"A gente cria, faz arte, entrega pro mundo desfrutar e - como não poderia deixar de ser - julgar. Acontece que esse julgamento é feito em alguns casos por pessoas que não têm interesse, identificação ou sequer boa vontade de compreender aquele universo que lhe é distinto. Ou seja: fica a cargo deles transmitir a definição de sua obra a milhares de pessoas que normalmente acatam tudo sem questionar. É bem injusto".

Pitty, que vale lembrar, de acordo com tabelas publicadas na mesma revista, tem com "Me Adora" a 12ª música mais tocada no país. O que mostra que essas milhares de pessoas que normalmente acatam tudo sem questionar não devem ligar muito para os críticos.

Ela continua:

"Nessa hora fico com o Rilke (Rainer Maria Rilke, um dos mais importantes poetas da língua alemã do século 20) 'Não há nada que toque menos uma obra de arte do que palavras de crítica: elas não passam de mal-entendidos mais ou menos afortunados'. Minha inspiração para a letra veio disso, traçando um paralelo com situações amorosoas".

Pois é. Tanta complexidade resultou nos versos seguintes.

"Não sei mais o que tenho que fazer
Para você admitir
Que me adora
Que me acha foda"

A Pitty enlouqueceu. Não se contenta mais apenas com o sucesso (que ela tem em alguns segmentos). Quer ser reconhecida como um artista. Trata os versos acima como uma obra de arte e considera injusto que os críticos não a tratem bem, porque ela "cria arte e entrega para o mundo desfrutar".

Sorte do mundo que 2012 está chegando.

Comentários

Postagens mais visitadas

Fuso Horário

Ela me perguntou sobre o fuso horário, se era diferente do local onde estávamos. Sim, informei que Mato Grosso está uma hora atrasado em relação ao Ceará. Perguntou se sentíamos alguma diferença, tive que falar que não. A pergunta sobre o fuso horário foi o suficiente para uma pequeno comentário sobre como lá no Ceará o sol se põe cedo e nasce cedo. Isso é exatamente ao contrário do Paraná, de onde ela veio, onde o sol se põe muito tarde. Ela demorou para se acostumar com isso. Não é nem seis da tarde e o sol se pôs. Não é nem seis da manhã e o sol já está gritando no topo do céu. Pensei por um instante que esse era um assunto de interesse dela. Que ela estava ali guiando turistas até um restaurante não facilmente acessível em Canoa Quebrada, mas o que ela gosta mesmo é do céu. Do movimento dos corpos, da translação e etc. Talvez ela pudesse pesquisar sobre o assunto, se tivesse o incentivo, ou se tivesse a oportunidade. Não sei. Talvez ela seja feliz na sua função atual. Talvez tenha ...

Ziraldo e viagem sentimental por Ilha Grande

Em janeiro de 1995 pela primeira vez eu saí de férias em família. Já havia viajado outras vezes, mas acho que nunca com esse conceito de férias, de viajar de férias. Há uma diferença entre entrar em um avião para ir passar uns dias na casa dos seus tios e pegar o carro e ir para uma praia. Dormir em um hotel. Foi a primeira vez que eu, conscientemente, dormi em um hotel. Contribui para isso o fato de que, com sete anos, eu havia acabado de terminar a primeira série, o ano em que de fato eu virei um estudante. Então, é provável que pela primeira vez eu entendesse o conceito de férias. Entramos em uma Parati cinza e saímos de Cuiabá eu, meus pais, minha prima e minha avó. Ao mesmo tempo em que essas eram as minhas primeiras férias, elas eram também a última viagem da minha avó. A essa altura ela já estava com um câncer no pâncreas e sem muitas perspectivas de longo prazo. Disso eu não sabia na época. Mas ela morreu cerca de um ano depois, no começo de 1996, após muitas passagens pelo hos...

Dicas para fazer exercícios

Sair de casa e entrar em uma academia não é fácil. O ambiente por vezes é meio opressor com seu som alto, figuras meio excêntricas e outras amedrontadoras. O resultado não aparece fácil. Você muitas vezes se sente o pior dos seres humanos quando compara a sua carga de exercícios com os outros. Minha dica para fazer exercícios em uma academia é simples: leve os seus fones de ouvido, coloque uma música que você goste e contemple o vazio da existência humana. Os fones devem ser confortáveis e é importante que eles não fiquem caindo toda hora. Vou te isolar do ambiente externo, o que é algo importante. A música precisa ser a que você gosta. Não precisa ser uma música animada, agitada ou coisa do tipo. Você precisa gostar. Esses dias malhei escutando Portishead e me senti muito bem. Ninguém recomendaria escutar Portishead na academia, mas se você gostar, não deve se intimidar. A trilogia do Bob Dylan 65-66 também funcionou muito bem. Pode parecer improvável ter um bom treino escutando Desol...