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Um corpo no asfalto

O congestionamento e as pessoas na calçada indicavam um acidente. Um carro com o para-brisa todo trincado mostrava que havia sido um atropelamento. O camburão do IML mostrava que o acidente havia sido fatal.

Muitas vezes nós não temos noção da violência e da brutalidade de um atropelamento. Um impacto capaz de mutilar as vítimas, despedaçar ossos, numa morte horrível e dolorosa.

Vi o cadáver, estirado no asfalto escaldante, rígidos e acidentados em frente ao Sesi Papa.

Depois vi nos sites que a vítima se chamava Augusto Peixoto dos Santos e tinha 97 anos. Morava na região e costumava a caminhar por ali. Tentou atravessar a rua e foi atingido pelo carro.

Viver 97 anos e morrer atropelado. O destino é cruel.

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