Pular para o conteúdo principal

O debate precisa mudar

Se há algo que este processo eleitoral deixa claro, é que os debates televisivos precisam mudar. Bem, na verdade essa é uma contestação que já vem de pelo menos oito anos, mas é sempre bom falar sobre isso.

O debate não é uma espaço de confronto de ideias, no formato que as televisões seguem. Trinta segundos para pergunta, dois minutos para resposta, mais alguns segundos para réplicas ou tréplicas. O que dá para se discutir num tempo tão pequeno? Ainda com temas genéricos? Educação, é claro que todos querem que ela seja boa. Todo mundo quer que a saúde funcione.

O debate é um show de "vamos fazer", "vamos construir", "o atual governo não fez". E o debate não deveria ser um confronto entre quantos leitos de UTI serão construídos.

Há também, o espaço para os ataques pessoais. A hora mais esperada por todo mundo, a hora da baixaria, quando a falta de caráter alheia será discutida em público. Acrescenta pouca coisa.

Penso que o debate poderia separar alguns minutos, nem que seja cinco, para que dois candidatos se confrontem livremente. Ao invés de campos genéricos com nome de ministério, os candidatos poderiam se enfrentar em temas mais específicos. Ao invés de "educação", eles poderiam ter cinco minutos para discutir educação em tempo integral, ou federalização do ensino público. Ao invés de perguntas sobre saúde, um tempo para discutir ações preventivas, projetos de incentivo a prática esportiva.

Quem sabe, aí sim teríamos dois candidatos discutindo temas e mostrando suas contradições e diferenças além dos slogans criados pelos marqueteiros.

Comentários

Postagens mais visitadas

O Território Sagrado de Gilberto Gil

Gilberto Gil talvez não saiba ou, quem sabe saiba, mas não tenha plena certeza, mas o fato é que ele criou a melhor música jamais feita para abrir um show. Claro que estou falando de Palco, música lançada no álbum Luar, de 1981 e que, desde então, invariavelmente abre suas apresentações. A escolha não poderia ser diferente agora que Gil percorre o país com sua última turnê, chamada "Tempo Rei" e que neste último sabado, 7 de junho, pousou na Arena Mané Garrincha, em Brasília.  "Subo neste palco, minha alma cheira a talco, feito bumbum de bebê". São os versos que renovam os votos de Gil com sua arte e sua apresentação. Sua alma e fé na música renascem sempre que ele sobe no palco. "Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar, fogo eterno pra  consumir o inferno fora daqui". O inferno fora do palco, que é o seu território sagrado. Território define bem o espetáculo de Gil. Uma jornada por todos os seus territórios, da Bahia ao exílio do Rio de Janeir...

Melhores tenistas sub-18 desde 2000

O título do brasileiro João Fonseca no ATP Next Gen disputado na última semana cria expectativas de que talvez estejamos diante de um fenômeno. De fato, João tem números muito bons para um rapaz de 18 anos e, mais do que o título, termina 2024 como o melhor tenista sub-18 do ranking da ATP. Sim, no torneio disputado na Arábia Saudita ele era o caçula da lista. Para tentar entender o que isso pode representar, fiz uma busca sobre os melhores tenistas de até 18 anos no último ranking da ATP em cada ano do século atual (O ano 2000 entra de lambuja). Vamos a lista. 2000: Guillermo Coria era número 88. O argentino chegou a ser número 3 do mundo e conquistou 9 títulos na carreira. Foi finalista de Roland Garros em 2004 e venceu dois Masters 1000. 2001: Carlos Cuadrado era número 280. O espanhol chegou no máximo ao número 222 do ranking, com apenas 8 jogos entre os profissionais. 2002: Mario Ancic era número 89. O croata chegou a ser número 7 do mundo. Ganhou três títulos na carreira, todos e...

O choro da ginástica

Ginastas tem olhos tristes. Essa é uma maneira poética de falar que, na verdade, elas tem cara de choro. Olhe para uma ginasta prestes a executar sua performance. Os olhos franzidos, o semblante tenso, os lábios cerrados. Se ela pudesse, choraria naquele momento, mas as lágrimas ficarão para depois da apresentação. Tudo é meio triste na ginástica. Aquelas meninas jovens com seus corpos diminutos, com a necessidade de fazer uma força desmedida, mas mantendo uma graça e sorrisos forçados enquanto rodopiam e giram em tablados e obstáculos, uma imagem de juventude perdida. A pressão pelo erro. Poucos esportes convivem com o erro de maneira tão forte como a ginástica. Os erros geram punições em todos os esportes, mas há aqueles em que eles são raros, ou mera consequência da prova - o objetivo do salto com vara é que uma hora ninguém mais consiga acertar um salto. No judô, ou nos esportes coletivos, um erro só será punido se o adversário souber aproveitar. Já em outros, como os saltos orname...