Pular para o conteúdo principal

Copa 2014: Semifinal, Brasil 1x7 Alemanha

Quando Thomas Müller, livre na pequena área, escorou para o fundo das redes, abrindo o placar da semifinal, uma tragédia já se desenhava. Tragédia que naquele momento parecia significar uma derrota em casa, mas que aos poucos se transformou em um massacre histórico, surreal.

Felipão escolheu Bernard para a vaga de Neymar, apostando na alegria nas pernas. Também apostou no abafa inicial, no ritmo do hino nacional, tentando explorar os homens pelas pontas - Hulk pela esquerda, em cima de Lahm, e Bernard na direita sobre o fraco e improvisado Höwedes. A Alemanha se manteve atrás, estudando o jogo.

Jogo que mostrava os velhos defeitos do Brasil em campo. Meio de campo inexistente e isolado dos outros setores do campo. A entrada de Bernard parece ter piorado a situação. Oscar tentou chamar um pouco mais a bola, mas seguiu improdutivo.

A primeira chegada alemã foi travada, mas já mostrava um espaço inacreditável para um meio de campo poderoso. Toni Kroos, principalmente, nunca deve ter jogado tão livre assim. O gol de Thomas Müller serviu para desmontar a cabeça dos brasileiros, que pararam de jogar.

Toni Kroos e Thomas Müller construiram o segundo e histórico gol de Miroslav Klose e num espaço de seis minutos, a Alemanha já fazia 5x0 em ritmo de pelada. Nunca um time havia feito tantos gols em tão pouco tempo e ninguém parecia acreditar naquilo.

Os alemães passaram a tocar a bola e se poupar, jogando com o Brasil como se fosse um time de adultos contra crianças. Felipão colocou Ramires e Paulinho no intervalo para, não sei, tentar salvar a honra, quem sabe diminuindo o placar. Também porque Fernandinho teve um primeiro tempo pavoroso. Neuer salvou as tentativas iniciais do Brasil e o sexto e o sétimo gol saíram em ritmo de treino de dois toques, com os alemães sempre procurando o jogador mais bem colocado para finalizar. Júlio César ainda precisou trabalhar para evitar, não sei, a maior goleada da história das Copas.

Oscar diminuiu no último lance do jogo, quando todos esperavam o apito final. Alemães comemorando timidamente, meio constrangidos e os brasileiros em choque. Choque, eis a palavra.

O Brasil se despede da Copa sem ter apresentado um bom futebol e, mais do que isso, jogando futebol em pouquíssimos momentos do torneio, se apoiando mais na camisa pesada e no fator casa. O Brasil talvez não merecesse a maior humilhação de sua história, mas uma Copa tão animada, não merecia o título desta seleção brasileira ultrapassada.

Melhor em campo: Toni Kroos.

Comentários

Postagens mais visitadas

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Imola 94

Ayrton Senna era meu herói de infância. Uma constatação um tanto banal para um brasileiro nascido no final dos anos 80, todo mundo adorava o Senna, mas eu sentia que era um pouco a mais no meu caso. Eu via todas as corridas, sabia os resultados, o nome dos pilotos e das equipes. No começo de ano comprava revistas com guias para a temporada que iria começar, tinha um macacão e um carrinho de pedal com o qual dava voltas ao redor da casa após cada corrida. Para comemorar as vitórias do Senna ou para fazer justiça com meus pedais as suas derrotas. Acidentes eram parte da diversão de qualquer corrida. No meu mundo de seis anos, eles corriam sem maiores riscos. Pilotos por vezes davam batidas espetaculares, saiam ricocheteando por aí e depois ficava tudo bem. Já fazia 12 anos que ninguém morria em uma corrida. Oito sem ninguém morrer em qualquer tipo de acidente. Os últimos com mais gravidade tinham sido o do Streiff e do Martin Donelly, mas eu nem sabia disso, para dizer a verdade. Não sab

Fã de Esporte

A vida no começo de 2005 era um pouco estranha. Eu tinha saído do colégio e passado no vestibular para jornalismo. Mas, devido ao atraso de programação provocado pelas greves, as aulas iriam começar só no final de abril. Foram quatro meses de um pequeno vácuo existencial. Talvez fosse até bom tirar um período sabático após o fim do Ensino Médio, mas seria melhor se fosse algo programado, enfim. Nesse período, boa parte da minha vida se dedicava a acompanhar a programação da ESPN Brasil. Não que eu já não acompanhasse antes, o Linha de Passe da segunda-feira era um compromisso de agenda há algum tempo, assim como o Sportscenter no fim do dia, principalmente nos dias de rodada noturna na quarta-feira. Eram tempos que a internet ainda engatinhava e o Sportscenter era uma grande oportunidade de saber os resultados da rodada. Aquela ESPN de José Trajano moldou o caráter de uma geração de jornalistas e fãs de esporte, como eles passaram a chamar seus telespectadores. Sempre gerava ironias de