Pular para o conteúdo principal

Copa 2014: Final, Alemanha 1x0 Argentina

De certa forma, a impressão era de estar assistindo a final da Copa de 2010 novamente. Eis o grande duelo do futebol atual: Quem tem a bola x Quem não tem a bola. De qualquer forma, costuma a vencer quem sabe o que fazer quando tem a bola.

A Alemanha tinha a bola, mas sofria contra a sólida defesa argentina. Méritos totais para Alejandro Sabella, que com zagueiros limitados montou um grande sistema defensivo. A Argentina não tinha a bola, mas era extremamente perigosa. Messi estava ligado na partida e mesmo sem ser brilhante ele criou as principais chances argentinas: bolas que cruzavam a área e encontravam o pé sempre certeiro de Boateng, em partida monstruosa.

No entanto, a grande chance da partida foi criada por Toni Kroos. Recuou mal uma bola e deu um presente para Higuaín, que bateu de maneira bizonha na bola. Higuaín ainda fez um gol impedido, bem anulado.

A Alemanha cresceu de produção após a entrada de Schürrle no lugar de Kramer, que sofreu uma pancada na cabeça e ficou completamente desorientado. Höwedes cabeceou uma bola na trave, no que seria uma extrema ironia: o mais limitado jogador alemão marcar um gol na final.

Os argentinos cresceram na volta do segundo tempo, adiantando a marcação contra os alemães que pareciam um pouco atordoados. Messi perdeu grande chance. Aos poucos o jogo se restabeleceu, com a Alemanha tendo a bola e a Argentina pressionando nos contra-ataques, mas num jogo bem mais tranquilo para os goleiros. O cheiro de prorrogação estava no ar e ela veio. Até porque a bola do jogo voltou a queimar nos pés de Höwedes.

O começo da prorrogação foi eletrizante. Grande jogada de Götze e Schürrle que terminou numa grande defesa de Romero e um bate-rebate na defesa que originou um contra-ataque, parado por Boateng. Palacio teve a segunda grande chance do jogo, recebeu na cara de Neuer, tentou um toque por cobertura que foi para fora. O primeiro tempo da prorrogação acabou com aquele cheiro de eletricidade e pênaltis no ar.

Os dois times já não tinham mais pernas e o medo de um gol que impossibilitaria a reação travou o jogo. Schweinsteiger era um guerreiro e Mascherano se desdobrava na frente da zaga. Os dois times já não ameaçavam e quando os pênaltis pareciam inevitáveis, Mario Götze apareceu.

O jovem astro alemão fez uma Copa fraca, perdeu sua posição de titular mas apareceu no momento decisivo. Matou o cruzamento de Schürrle com categoria e chutou cruzado, sem chance para Romero. Faltavam apenas sete minutos para o fim do jogo. A Argentina se lançou para o ataque e o jogo entrou naquele momento em que só há luta e alma. A Alemanha tratava de manter a bola longe da área, até que no último minuto, Schweinsteiger derrubou Messi a alguns metros da área.

O melhor do mundo teria ali a sua chance da consagração, com todo o peso do mundo nos ombros. Chutou longe do gol e a partida acabou.

A Alemanha levou o título, coroando sua boa campanha, sua ótima geração e seu trabalho de reconstrução no futebol. Venceu o time que mais quis ter a bola e que isso siga sendo uma tendência no futebol mundial. A Argentina foi longe, mas para ganhar o título precisava de mais. Precisava mais de Messi e muito mais de seus coadjuvantes. Agüero fez um péssima Copa e Higuaín não foi o que se esperava também.

Que venha 2018!

Melhor Jogador: Jérôme Boateng.

Comentários

Postagens mais visitadas

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Imola 94

Ayrton Senna era meu herói de infância. Uma constatação um tanto banal para um brasileiro nascido no final dos anos 80, todo mundo adorava o Senna, mas eu sentia que era um pouco a mais no meu caso. Eu via todas as corridas, sabia os resultados, o nome dos pilotos e das equipes. No começo de ano comprava revistas com guias para a temporada que iria começar, tinha um macacão e um carrinho de pedal com o qual dava voltas ao redor da casa após cada corrida. Para comemorar as vitórias do Senna ou para fazer justiça com meus pedais as suas derrotas. Acidentes eram parte da diversão de qualquer corrida. No meu mundo de seis anos, eles corriam sem maiores riscos. Pilotos por vezes davam batidas espetaculares, saiam ricocheteando por aí e depois ficava tudo bem. Já fazia 12 anos que ninguém morria em uma corrida. Oito sem ninguém morrer em qualquer tipo de acidente. Os últimos com mais gravidade tinham sido o do Streiff e do Martin Donelly, mas eu nem sabia disso, para dizer a verdade. Não sab

Fã de Esporte

A vida no começo de 2005 era um pouco estranha. Eu tinha saído do colégio e passado no vestibular para jornalismo. Mas, devido ao atraso de programação provocado pelas greves, as aulas iriam começar só no final de abril. Foram quatro meses de um pequeno vácuo existencial. Talvez fosse até bom tirar um período sabático após o fim do Ensino Médio, mas seria melhor se fosse algo programado, enfim. Nesse período, boa parte da minha vida se dedicava a acompanhar a programação da ESPN Brasil. Não que eu já não acompanhasse antes, o Linha de Passe da segunda-feira era um compromisso de agenda há algum tempo, assim como o Sportscenter no fim do dia, principalmente nos dias de rodada noturna na quarta-feira. Eram tempos que a internet ainda engatinhava e o Sportscenter era uma grande oportunidade de saber os resultados da rodada. Aquela ESPN de José Trajano moldou o caráter de uma geração de jornalistas e fãs de esporte, como eles passaram a chamar seus telespectadores. Sempre gerava ironias de