Pular para o conteúdo principal

Copa 2014: Oitavas de final, dia 4

Argentina 1x0 Suíça
A Argentina compete com o Brasil pelo posto de favorito que mais preocupa. Não tem jogado bem, mas, apesar disso, tem vencido os seus jogos. Muito porque tem Lionel Messi, capaz de decidir os jogos em um lance, e Di María, aquele típico jogador que não desiste nunca. Hoje a Argentina correu muitos riscos, principalmente no primeiro tempo, quando a Suíça se fechava e Shaqiri jogava muito bem. Drmic teve a chance de abrir o marcador, mas falhou miseravelmente. Os hermanos melhoraram no segundo tempo, quando começaram a dominar o meio de campo, não deixando que os suíços ameaçassem. O goleiro Benaglio ia se destacando com boas defesas. A prorrogação veio e os pênaltis já pareciam inevitáveis quando Lichtsteiner falhou, a bola sobrou para Messi que serviu Di María que fez o gol salvador aos 12 minutos do segundo tempo da prorrogação. (Marcante cena de Lichtsteiner agarrado nas redes, com cara de que explodiria os miolos se tivesse uma arma). O jogo, contudo, não se decidiu ali. A Suíça se jogou ao ataque após um longo e tenebroso inverno e conseguiu carimbar uma bola na trave argentina, mostrando as fraquezas da retaguarda portenha. O fim do jogo foi eletrizante, com bola na trave, goleiro na área adversária tentando uma bicicleta, Di María arriscando do meio campo sem goleiro e uma falta na risca da grande área aos 124 minutos de partida.
Melhor jogador: Ángel Di María.

Bélgica 2x1 Suíça
A seleção belga fez sua estreia de fato nesse jogo. Buscou o jogo no primeiro tempo e criou algumas chances que pararam em Tim Howard. Os americanos também ameaçavam com a movimentação de Jones e Bradley. No segundo tempo os belgas promoveram um massacre, sufocando os americanos em 1/3 do campo e transformando Howard no goleiro que mais defesas praticou na história das Copas. Um monstro. A prorrogação veio e o grande jogo ganhou ares épicos, para variar. De Bruyne, o melhor belga em campo, abriu o placar e Lukaku veio do banco para exasperar a exaurida torcida norte-americana. Foi ele o autor do segundo gol e as chances não paravam de acontecer. No intervalo da prorrogação, o jogo parecia decidido. Os Estados Unidos não achavam e não desistiram. Green diminuiu o placar e inaugurou uma pressão de 13 minutos, colocando Courtois para trabalhar. Howard também, nos contra-ataques. Bradley e Dempsey fizeram uma jogada ensaiada genial em uma cobrança de falta e os norte-americanos martelaram até o último minuto, indo além das questões físicas. Um jogo excepcional, uma batalha tática, técnica e física. Melhor jogo da Copa? Melhor jogo da Copa.
Melhor jogador: Tim Howard.

Comentários

Postagens mais visitadas

O Território Sagrado de Gilberto Gil

Gilberto Gil talvez não saiba ou, quem sabe saiba, mas não tenha plena certeza, mas o fato é que ele criou a melhor música jamais feita para abrir um show. Claro que estou falando de Palco, música lançada no álbum Luar, de 1981 e que, desde então, invariavelmente abre suas apresentações. A escolha não poderia ser diferente agora que Gil percorre o país com sua última turnê, chamada "Tempo Rei" e que neste último sabado, 7 de junho, pousou na Arena Mané Garrincha, em Brasília.  "Subo neste palco, minha alma cheira a talco, feito bumbum de bebê". São os versos que renovam os votos de Gil com sua arte e sua apresentação. Sua alma e fé na música renascem sempre que ele sobe no palco. "Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar, fogo eterno pra  consumir o inferno fora daqui". O inferno fora do palco, que é o seu território sagrado. Território define bem o espetáculo de Gil. Uma jornada por todos os seus territórios, da Bahia ao exílio do Rio de Janeir...

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Pepe Mujica

 O ex-presidente uruguaio Pepe Mujica foi uma das maiores figuras dos tempos que vivemos. Apareceu para o mundo ao assumir a presidência do seu país, quando já tinha 75 anos. Ex-guerrilheiro de esquerda, que ficou preso por quase 13 anos durante a ditadura militar uruguaia, demonstrava o tempo todo uma serenidade que parece incompatível com a guerrilha. Talvez pela idade, não sei, mas Mujica se transformou em um guerrilheiro das palavras. Não governou com vingança contra aqueles que mal o fizeram, mas com ponderação. Era alguém capaz de tomar medidas que talvez não gostasse, por entender que era o que deveria ter sido feito. Era alguém pragmático nas miudezas, mas radical em seus princípios. Esta talvez seja sua principal virtude, em um tempo no qual a esquerda, pelo menos a brasileira, é pragmática nos princípios, mas radical nas pequenas coisas.  Um velhinho meio desajeitado, falava com aquele ar grave e cheio de sabedoria, como se fosse um velho personagem de um livro de Ga...