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Guardiola e a Esfinge

Se há alguém que não gostou do sorteio para as semifinais da Champions League realizado na última sexta-feira, este alguém foi o técnico catalão Josep Guardiola. As bolinhas colocaram frente-a-frente o seu antigo e até agora único clube, o Barcelona, e seu clube até a próxima temporada, o Bayern de Munique.

Até agora Guardiola tem apenas um único e excepcional trabalho, quando dirigiu o Barcelona entre 2008 e 2012, período no qual ele conquistou todos os títulos possíveis e imagináveis. Mesmo assim, é normal que existam contestações sobre a sua capacidade como técnico. Seria ele um gênio ou apenas alguém que comandou um time excepcional?

Quando o sorteio determinou o encontro entre Barcelona e Bayern, os corneteiros de plantão devem ter ficado felizes. Qualquer que seja o resultado, todos poderão dizer que Guardiola não é nada demais.

A vitória do Barcelona irá diminuir o trabalho realizado. Comprovará que o Barcelona independe do treinador e que quem decidia os jogos eram Messi, Xavi e Iniesta, não Guardiola.

Já a vitória do Bayern irá diminuir o trabalho futuro. Dirão que Guardiola pegou um elenco já qualificado e vencedor e que sua presença em nada interferiu no andamento da equipe.

(Não que seja um mérito exclusivo de Guardiola. No mundo do futebol, todos estão sujeitos as cornetas que dizem que ninguém é tudo isso).

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