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Dez anos de piauí

Lembro-me bem do dia em que eu conheci a revista piauí: 29 de novembro de 2006. Era aniversário de um tio e em sua sala estavam dispostas as duas primeiras edições daquela revista grande, com capas curiosas que eu já havia visto no programa Pontapé Inicial, da ESPN Brasil. Entre uma folheada e outra, me peguei hipnotizado na matéria de Antônio Prata, How do you do, Dutra? Também não consegui me desvencilhar de uma matéria da Vanessa Bárbara sobre os palíndromos. Devo ter sido bem antissocial naquela noite, mas só sei que no mês seguinte eu estava na banca de jornal comprando aquela revista grande e assim o fiz desde então (exceção feita a um breve período em que fui assinante).

Dez anos já passaram e nesse tempo piauí me apresentou alguns dos meus autores favoritos (David Foster Wallace, Daniel Galera), me fez comprar livros, me mostrou que um olhar aprofundado pode mostrar que nem tudo é como parece ser, me fez entender as causas dos acidentes aéreos nacionais, conhecer os vultos da república, me ajudou a votar em uma eleição presidencial e me tornou íntimo dos matemáticos do Inpa e seus sistemas dinâmicos. Me emocionou com tragédias naturais e me fez rir até mesmo com a graça na falta de graça dos quadrinhos do Gotlib e a polêmica que ele provocava na seção de comentários.

Dez anos depois, não sei dizer como teria sido minha vida nesses dez últimos se eu não tivesse ficado tão interessado naquele papai Noel melancólico escutando Osvaldo Montenegro em um shopping de Penedo. Por onde andará esse papai Noel?

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Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Imola 94

Ayrton Senna era meu herói de infância. Uma constatação um tanto banal para um brasileiro nascido no final dos anos 80, todo mundo adorava o Senna, mas eu sentia que era um pouco a mais no meu caso. Eu via todas as corridas, sabia os resultados, o nome dos pilotos e das equipes. No começo de ano comprava revistas com guias para a temporada que iria começar, tinha um macacão e um carrinho de pedal com o qual dava voltas ao redor da casa após cada corrida. Para comemorar as vitórias do Senna ou para fazer justiça com meus pedais as suas derrotas. Acidentes eram parte da diversão de qualquer corrida. No meu mundo de seis anos, eles corriam sem maiores riscos. Pilotos por vezes davam batidas espetaculares, saiam ricocheteando por aí e depois ficava tudo bem. Já fazia 12 anos que ninguém morria em uma corrida. Oito sem ninguém morrer em qualquer tipo de acidente. Os últimos com mais gravidade tinham sido o do Streiff e do Martin Donelly, mas eu nem sabia disso, para dizer a verdade. Não sab

Fã de Esporte

A vida no começo de 2005 era um pouco estranha. Eu tinha saído do colégio e passado no vestibular para jornalismo. Mas, devido ao atraso de programação provocado pelas greves, as aulas iriam começar só no final de abril. Foram quatro meses de um pequeno vácuo existencial. Talvez fosse até bom tirar um período sabático após o fim do Ensino Médio, mas seria melhor se fosse algo programado, enfim. Nesse período, boa parte da minha vida se dedicava a acompanhar a programação da ESPN Brasil. Não que eu já não acompanhasse antes, o Linha de Passe da segunda-feira era um compromisso de agenda há algum tempo, assim como o Sportscenter no fim do dia, principalmente nos dias de rodada noturna na quarta-feira. Eram tempos que a internet ainda engatinhava e o Sportscenter era uma grande oportunidade de saber os resultados da rodada. Aquela ESPN de José Trajano moldou o caráter de uma geração de jornalistas e fãs de esporte, como eles passaram a chamar seus telespectadores. Sempre gerava ironias de