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Faculdade

Foi num dia 27 de abril, em 2005 que eu tive minha primeira aula na faculdade. Ou, o que deveria ser a minha primeira aula. Pois nesse dia eu só vi uma apresentação de monografia e tive punhados de farinha descarregados na minha cabeça.

A faculdade foi uma época marcante da minha vida. Não apenas pelas amizades e pelas histórias. Mas pela experiência de liberdade e responsabilidade.

No colégio você deve explicações mais aos seus pais. Uma nota baixa, mau comportamento, seus pais podem ser contatados - o que é uma ameaça de morte. Na faculdade tudo diz sobre você. Se você não entregar o trabalho, as conseqüências são suas. E a liberdade. Você pode ou não ir para a aula. Pode sair da aula. Pode ficar aonde quiser.

Eu pelo menos, nunca me pressionei quanto ao vestibular. Mas na faculdade também conheci a pressão de ter três resenhas, um roteiro, uma entrevista, uma reportagem e um artigo científico para entregar na semana que vem. De chegar ao ponto de desistir, mas, por milagre, tudo começar a ficar pronto depois da meia noite e, por vezes, nas horas anteriores a ida pra faculdade.

Na faculdade você lê livros, vê filmes que nunca mais vai ver e que não veria em nenhuma outra situação. Eu, que estudava em colégio particular, entrei em contato com o mundo em que professores faltavam, blocos não abriam, equipamentos não funcionavam, um grupo de alunos se juntava para queimar pneus ali na rua.

Os anos de faculdade foram bons, apesar de no final você ter uma ansiedade pelo fim. Mas, quando termina, você sente um vazio.

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Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Imola 94

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Fã de Esporte

A vida no começo de 2005 era um pouco estranha. Eu tinha saído do colégio e passado no vestibular para jornalismo. Mas, devido ao atraso de programação provocado pelas greves, as aulas iriam começar só no final de abril. Foram quatro meses de um pequeno vácuo existencial. Talvez fosse até bom tirar um período sabático após o fim do Ensino Médio, mas seria melhor se fosse algo programado, enfim. Nesse período, boa parte da minha vida se dedicava a acompanhar a programação da ESPN Brasil. Não que eu já não acompanhasse antes, o Linha de Passe da segunda-feira era um compromisso de agenda há algum tempo, assim como o Sportscenter no fim do dia, principalmente nos dias de rodada noturna na quarta-feira. Eram tempos que a internet ainda engatinhava e o Sportscenter era uma grande oportunidade de saber os resultados da rodada. Aquela ESPN de José Trajano moldou o caráter de uma geração de jornalistas e fãs de esporte, como eles passaram a chamar seus telespectadores. Sempre gerava ironias de