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Fatalidade

A tragédia do Realengo não pode ser tratada como uma fatalidade. Claro que é um caso em que não há um culpado, exceção feita ao atirador, um lunático, sem dúvida. Não há culpa específica dos governantes, do sistema de segurança - por mais que essa seja a primeira coisa que vem a cabeça. É certo que poderia ter ocorrido em qualquer lugar do mundo.

A culpa está, por assim dizer, no sistema mesmo. No sistema escolar, no abandono do ensino público, na falta de amparo ao aluno. Na falta de compreensão/entendimento/aceitação do diferente. Da pressão social pelo status, em que quem não atinge determinado patamar não está apto para fazer parte de um clube imaginário - o clube das pessoas que tem o produto X.

O Bullying ainda é visto com certo preconceito, como uma frescura, uma coisa de criança. Como se fosse uma tiração de sarro em que apenas os fracos não se adaptam. Não é apenas isso.

O Bullying também não é a explicação para tudo - afinal, não há uma explicação palpável. Não é que ele gere assassinos em massa. Mas de algum jeito, esse sistema toda contribuí.

Mas quando 12 crianças são assassinadas sem motivo nenhum, sem terem feito nada que as tenha exposto ao risco de morrer, algo está errado. Errado no modo como as crianças crescem, na pressão que todos sofrem. Não pode ser apenas uma fatalidade.

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