Pular para o conteúdo principal

Vinte anos de um jogo inesquecível

Sou torcedor do São Paulo, enquanto meu pai torce para o Fluminense. As razões que me levaram a não seguir o time do meu pai já devem ter sido explicadas em algum post perdido por aí, assim como já falei que sempre tive grande simpatia pelo tricolor carioca. É o meu segundo time. Suas vitorias fazem meu pai feliz e consequentemente me fazem feliz também.

Em 1995 o Fluminense completaria 10 anos sem conquistar nenhum título e vinha de uma sequência de fracassos no campeonato carioca, que então era bem mais importante do que é hoje. Era o ano do centenário do Flamengo, que repatriou Romário e ameaçava formar o melhor ataque do mundo, junto com Sávio e Edmundo. O Fluminense tinha como seu grande astro o folclórico Renato Gaúcho.

Não sei exatamente como é que aquele campeonato transcorreu, já que aqueles eram tempos em que não havia internet e o andamento do campeonato era conhecido por meio das tabelas de classificação publicadas nos jornais e dos gols exibidos no glorioso domingo da Bandeirantes ou em um quadro do Fantástico.

Tudo o que eu sei é que naquele dia 25 de junho de 1995, Flamengo e Fluminense decidiriam o Campeonato Carioca de 1995. O Flamengo precisava de apenas um empate para ser campeão, enquanto para o Fluminense só a vitória interessava.

O jogo estava sendo transmitido pela Bandeirantes, mas descobrimos que havia um delay na transmissão, coisa de meia hora. Enquanto isso, a rádio fazia a narração em tempo real.

Na época, estávamos construindo a casa onde hoje moramos e morávamos ao lado, em uma casa que pertenciam aos meus tios. O rádio estava ligado na casa em construção e fomos para lá, com a imagem da vitória do Fluminense por 2x0, que garantia o título.

O jogo já devia estar pelos 20 minutos do segundo tempo, quando comecei a escutar o rádio. Seguia 2x0. Logo depois, o Flamengo diminuiu para 2x1, acendendo o cheiro de tragédia no ar. Não demorou muito e o Flamengo empatou em 2x2, conseguindo o resultado que precisava para ser campeão. Foram momentos de muito abatimento.

Lembro de estar sentando na escada, com os pés entre os degraus, enquanto meu pai estava em algum lugar embaixo. A casa não tinha muitas lâmpadas, tudo estava meio escuro. O Fluminense teve dois expulsos, o título parecia caminhar definitivamente para o Flamengo. Já era pra lá dos 40 minutos quando Ailton fez a jogada e o narrador explodiu no gol do Fluminense.

Há uma curiosidade na transmissão de rádio. Pelo acompanhamento frenético das jogadas você até imagina que o gol é o do seu time e comemora, mas a confirmação definitiva só ocorre quando o grito de gol termina e chega na parte do "é do Fluminense". Sim, era o gol do título.

Foram alguns minutos de tensão épica, como sempre costumam a ser os jogos no rádio. Até o juiz apitar e decretar o fim do jejum de 10 anos do Flu.

Voltamos para a frente da TV, a tempo e ver os gols do Flamengo e o gol do título. Descobrimos ali que não foi de Ailton, mas sim de Renato Gaúcho de barriga. O final de um jogo épico, marcado para a antologia desde a sua concepção.

Comentários

Postagens mais visitadas

O Território Sagrado de Gilberto Gil

Gilberto Gil talvez não saiba ou, quem sabe saiba, mas não tenha plena certeza, mas o fato é que ele criou a melhor música jamais feita para abrir um show. Claro que estou falando de Palco, música lançada no álbum Luar, de 1981 e que, desde então, invariavelmente abre suas apresentações. A escolha não poderia ser diferente agora que Gil percorre o país com sua última turnê, chamada "Tempo Rei" e que neste último sabado, 7 de junho, pousou na Arena Mané Garrincha, em Brasília.  "Subo neste palco, minha alma cheira a talco, feito bumbum de bebê". São os versos que renovam os votos de Gil com sua arte e sua apresentação. Sua alma e fé na música renascem sempre que ele sobe no palco. "Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar, fogo eterno pra  consumir o inferno fora daqui". O inferno fora do palco, que é o seu território sagrado. Território define bem o espetáculo de Gil. Uma jornada por todos os seus territórios, da Bahia ao exílio do Rio de Janeir...

Tudo se aposta

 No mundo das apostas esportivas é possível apostar em vencedores, perdedores, empatadores, em placares, em número de faltas, em número de escanteios, em número de laterais, em cartões, em expulsões, em defesas, em gols sofridos. É possível combinar mais de uma estatística para faturar números ainda maiores. É possível apostar pequenas quantidade, assim como grandes quantidades. É um mundo à margem da lei, no qual é possível inclusive manipular a realidade para obter vantagens. É isso que mostra a investigação iniciada no Ministério Público de Goiás sobre aliciamento de atletas por apostadores. Quase todo grande escândalo esportivo envolve apostas. No futebol brasileiro nós tivemos o caso da máfia das loterias nos anos 80, depois o escândalo do juiz Edilson em 2005. Só que, esses casos, envolviam placares de jogos, arranjos mais complexos. Hoje em dia, quanto tudo se aposta, a manipulação é quase inevitável. Faz tempo que a gente escuta notícias de manipulação de resultados em jogo...

2010: Considerações Finais

Minhas considerações finais sobre o meu quase finado ano de 2010. - Passei no concurso público que eu fiz. A perspectiva de ser chamado e começar a trabalhar em breve é boa. - Ter assistido a todos os jogos possíveis da Copa do Mundo. E foram todos os 56 jogos assistido (exceção feita a 10 minutos do jogo entre Austrália e Gana) e mais boa parte das reprises dos 8 jogos simultâneos. Imagino que não terei a oportunidade de fazer isso tão cedo, talvez quando eu estiver aposentado na longínqua copa de 2054. E ah, o melhor: foi uma copa muito boa. - Ter tido uma boa relação com as pessoas que conheço. Ter conhecido minha afilhada. Não ter me decepcionado com ninguém. Em compensação, o primeiro semestre do ano foi o pior semestre da minha vida. Começando por um pequeno problema pessoal e depois, pela minha saúde. Problemas com açúcar uma época, problemas intestinais, queimaduras de sol que me fizeram sentir a maior coceira da história da humanidade. E então a virose que me deixou de cama po...