Pular para o conteúdo principal

A final da Copa de 70

A final da copa de 70 é um jogo histórico por diversos motivos, como a posse definitiva da taça Jules Rimet. Até por isso a primeira Copa no México foi considerada o fim de uma era. A seleção brasileira foi a primeira a ser campeã ganhando todas as seis partidas e é considerada a melhor da história. O Placar de 4x1 é clássico e os gols, principalmente o quarto de Carlos Alberto, já foram repetidos a exaustão. Quase 40 anos depois, vi pela primeira vez o jogo, na ESPN, e anoto algumas observações.

1) A copa de 70 foi a primeira recheada de resultados chatos. O grupo 2 por exemplo, teve só 6 gols nos 6 jogos. Muitos jogos foram disputados no calor e na altitude. Mas, vários dos jogos a partir das quartas de final estão na lista dos maiores das histórias dos mundiais.

2) Muito se fala sobre o ritmo do jogo. Era sem dúvida mais lento, mas não é nada tão impressionante. Havia alguma marcação na saída de jogo e depois, só na defesa. O meio de campo dava um espaço absurdo. Gerson podia caminhar vários passos com a bola nos pés sem ser incomodado. Mas o espaço não é muito diferente do que se observa num jogo da Friburguense, Volta Redonda ou qualquer outra equipe pequena do futebol carioca.

3) Gerson, aliás, foi o melhor jogador da final. Todas as jogadas passavam por ele. Distribuia o jogo e fazia lançamentos incríveis. Fez o gol do 2x1 e fez o impressionante lançamento que originou o terceiro.

4) Apesar do espaço dado a marcação na defesa era dura. Quase uma carnificina. Perdi a conta de quantos carrinhos por trás, tesouras no tornozelo eu vi. Dos dois lados. Nos tempos atuais dificilmente a Itália terminaria com 11 em campo. Jogo muito mais violento do que qualquer um que eu vejo atualmente.

5) Sempre convivi com a lenda de que o lateral esquerdo Everaldo não passava do meio de campo. Mentira, ele passava naturalmente. Estava no ataque no lance do segundo gol, finalizou uma vez e foi mais eficiente no apoio do que Carlos Alberto. Que por sua vez não fez um grande jogo. Errou muitos passes.

6) Rivellino fez uma partida péssima. Cobrou quatro faltas na arquibancada, escorregou sozinho três vezes, tropeçou na bola. E com o jogo decidido recebeu lindo passe do Gerson, mas bateu de tornozelo, bisonhamente. Merecia uma nota 4. Ou 5, por uma falta batida na trave.

7) O primeiro tempo do Brasil, aliás, foi ruim. A equipe tinha mais a bola, mas pouco fez fora o gol de Pelé e uma finalização de Everaldo. Jairzinho mal tocou na bola, desaparecido na marcação do sensacional zagueiro italiano Facchetti. Pelé pouco participou do jogo. Tostão brigou muito entre os zagueiros, mas sem efetividade. O gol foi num lance isolado.

8) O gol da Itália também nasceu em uma besteira incrível da defesa brasileira, culminando no toque esquisito de calcanhar. Fora isso a Itália só ameaçou em um chute logo no começo, de Luigi Riva. Fora isso foi uma partida apática italiana, provavelmente cansada pela épica semifinal contra a Alemanha, o "jogo do século".

9) Pelé realmente pouco fez. Em uma bola fez o gol. Em outra teria feito o gol se o juiz não tivesse apitado uma suposta falta. Na outra vez bateu uma falta fora do estádio e depois ajeitou de cabeça para o terceiro gol, de Jairzinho.

10) Suposta falta porque a transmissão... como as coisas mudaram. Replay só na hora do gol. Vários lances duvidosos ficaram sem explicação. Impedimentos, faltas. Só restava confiar no juiz, que não vivia a pressão de ter todos os seus erros expostos cinco segundos após o lance.

De conclusão... o jogo vale pelo segundo tempo, quando o Brasil atropelou os italianos cansados. Mas, transportado para os tempos atuais o jogo foi sem dúvida um tanto quanto decepcionante.

Comentários

Postagens mais visitadas

O Território Sagrado de Gilberto Gil

Gilberto Gil talvez não saiba ou, quem sabe saiba, mas não tenha plena certeza, mas o fato é que ele criou a melhor música jamais feita para abrir um show. Claro que estou falando de Palco, música lançada no álbum Luar, de 1981 e que, desde então, invariavelmente abre suas apresentações. A escolha não poderia ser diferente agora que Gil percorre o país com sua última turnê, chamada "Tempo Rei" e que neste último sabado, 7 de junho, pousou na Arena Mané Garrincha, em Brasília.  "Subo neste palco, minha alma cheira a talco, feito bumbum de bebê". São os versos que renovam os votos de Gil com sua arte e sua apresentação. Sua alma e fé na música renascem sempre que ele sobe no palco. "Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar, fogo eterno pra  consumir o inferno fora daqui". O inferno fora do palco, que é o seu território sagrado. Território define bem o espetáculo de Gil. Uma jornada por todos os seus territórios, da Bahia ao exílio do Rio de Janeir...

Paz

Não há como ser contra a paz. Mas seus pedidos costumam a ser vagos. Coisa de ator da globo em vinheta de final do ano. Paz é algo intangível, variável. Mas, repito: não há como ser contra a paz. O atentado do Realengo traz novamente, pedidos de paz. Em um caso que nada tem haver com a paz. O massacre não é uma cena do caos urbano da cidade, da violência desenfreada. A paz que faltou, foi na mente perturbada de Wellington. Pessoas tendem a pedir paz em casos isolados. Pediu-se paz quando a menina Nardoni foi jogada pela janela. Quando Eloá foi baleada. Em todas essas situações, não há influência nenhuma de uma cultura das armas ou o que quer que se diga. Um é um caso passional, o outro um problema familiar. A paz deve ser pedida, por mais difícil de definir que ela seja, a cada assalto, cada latrocínio, seqüestro. Situações criminosas que se repetem com freqüência. A Paz nada tem haver quando uma mente perturbada pega em armas para tentar resolver problemas pessoais.

Melhores tenistas sub-18 desde 2000

O título do brasileiro João Fonseca no ATP Next Gen disputado na última semana cria expectativas de que talvez estejamos diante de um fenômeno. De fato, João tem números muito bons para um rapaz de 18 anos e, mais do que o título, termina 2024 como o melhor tenista sub-18 do ranking da ATP. Sim, no torneio disputado na Arábia Saudita ele era o caçula da lista. Para tentar entender o que isso pode representar, fiz uma busca sobre os melhores tenistas de até 18 anos no último ranking da ATP em cada ano do século atual (O ano 2000 entra de lambuja). Vamos a lista. 2000: Guillermo Coria era número 88. O argentino chegou a ser número 3 do mundo e conquistou 9 títulos na carreira. Foi finalista de Roland Garros em 2004 e venceu dois Masters 1000. 2001: Carlos Cuadrado era número 280. O espanhol chegou no máximo ao número 222 do ranking, com apenas 8 jogos entre os profissionais. 2002: Mario Ancic era número 89. O croata chegou a ser número 7 do mundo. Ganhou três títulos na carreira, todos e...