Pular para o conteúdo principal

A vida de Cristina

Cristina, ou melhor Maria Cristina, é uma mulher que recebe muito telefonemas de cooperativas de crédito. Ela morava em Pedra Preta, mas decidiu se mudar para Campo Novo do Parecis em dezembro do ano passado, contratando um caminhão para fazer a mudança entre as cidades mato-grossenses.

Antes de se mudar, ela decidiu vender uma moto Fan 2014, anunciando-a em um grupo de WhatsApp. Agora em Campo Novo, ela mantém amizade com o Cassiano (caubói) e com a Sirley, que é muito insistente nas mensagens de bom dia.

Certamente Cristina tem algum descendente que estuda na turma do 5º Ano A. Ela participa de retiros espirituais, que podem durar o sábado inteiro, em que cada um deve levar sua bíblia e deixar o celular em casa. Ela também tem aulas no sábado, no PAP Cursos.

Maria Cristina entrou na minha vida por meio das ligações por engano. Eram tantas e tão frequentes, que passei a desconfiar de que alguma coisa estava errada. A partir do momento em que os contatos começaram a ser feitos por WhatsApp e traçando o caminho da mudança de cidades, não tive dúvidas: o número dela deveria ser igual ao meu, só que com um DVD diferente. De fato, o DDD 66 é algo relativamente recente em Mato Grosso. É adotado em Rondonópolis, mas não em Campo Novo, sua nova casa.

Não tive dúvidas e adicionei o número no contato "Cristina?". Observei sua foto de perfil em frente a uma estante com muitas imagens santas.

Os contatos não paravam, de cada três ligações que eu recebia, pelo menos uma era direciona a Maria Cristina. Inclusive uma criança muito insistente. Então, resolvi logo perguntar para o meu contato se ela era a Maria Cristina. Ela confirmou o fato, mesmo com estranheza.

Desde então, sempre que alguém me liga para falar com ela, informo que o seu DDD é 66. Isso talvez, que pena, faça com que eu tenha menos informações sobre a sua vida.

Acabei me transformando em secretário particular de Maria Cristina.

Comentários

Postagens mais visitadas

O Território Sagrado de Gilberto Gil

Gilberto Gil talvez não saiba ou, quem sabe saiba, mas não tenha plena certeza, mas o fato é que ele criou a melhor música jamais feita para abrir um show. Claro que estou falando de Palco, música lançada no álbum Luar, de 1981 e que, desde então, invariavelmente abre suas apresentações. A escolha não poderia ser diferente agora que Gil percorre o país com sua última turnê, chamada "Tempo Rei" e que neste último sabado, 7 de junho, pousou na Arena Mané Garrincha, em Brasília.  "Subo neste palco, minha alma cheira a talco, feito bumbum de bebê". São os versos que renovam os votos de Gil com sua arte e sua apresentação. Sua alma e fé na música renascem sempre que ele sobe no palco. "Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar, fogo eterno pra  consumir o inferno fora daqui". O inferno fora do palco, que é o seu território sagrado. Território define bem o espetáculo de Gil. Uma jornada por todos os seus territórios, da Bahia ao exílio do Rio de Janeir...

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Wilco de 1 a 13

No próximo domingo o Wilco retorna ao Brasil para a sua terceira passagem em solo nacional (a primeira vez que irei assistir). Uma oportunidade para resgatar a discografia deste grupo que conheci em 2004 e pouco depois se tornou uma obsessão pessoal. 1. AM (1995) O Wilco nasce das cinzas do Uncle Tupelo, aclamado grupo da cena country alternativa norte-americana. O nascimento foi meio traumático, já que o Uncle Tupelo acabou no momento em que Jay Farrar avisou que odiava Jeff Tweedy. Bem, os outros membros do Uncle Tupelo ficaram com Tweedy para formar o Wilco, então o problema devia ser Jay Farrar. O primeiro disco do Wilco segue caminhando exatamente no mesmo caminho onde estava o grupo anterior, um Country Rock moderno com um pouco de PowerPop setentista, bebendo na fonte do Flying Burrito Brothers. Há algumas boas músicas como I Must Be High , Box Full of Letters e Passenger Side , mas o resultado não impressionou nem público, nem crítica. Tivesse o Wilco se desintegrado após este...