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O Gato na Janela

Observo a gata que agora mora com minha namorada e que deve ter menos de dois meses. Minúscula, poderia guardá-la dentro de um tênis meu. Mas é inegável ver que ela evoluiu neste pouco menos de um mês que ela habita a casa da minha namorada. Mais esperta a cada a dia, ela agora sobe no sofá, sobe no apoio do braço e até sobre o apoio da cabeça. Fica de lá observando a imensidão do mundo em sua pequenez.

Olho a Runna no topo do sofá e de súbito sou tomado por uma imagem do futuro e a imagino daqui a cinco anos, grande, no mesmo lugar ainda observando o mundo. Penso que daqui a 10 anos, ainda irei no apartamento da minha namorada e verei a gata no mesmo lugar. Que de hoje em diante, toda vez essa cena irá se repetir.

Lembro da gata aqui de casa que já está com quase 10 anos e lembro que uma época ela sempre ficava parada na janela observando o mundo lá fora, não vendo mais nada além do que estava na sua cabeça. Com o tempo ela abandonou esse hábito. A gata aqui de casa tem o costume de escolher um lugar favorito seu na casa durante algum tempo, até que ela enjoa e passa para outro. Não sei se todas são assim.

Vejo meus cachorros dormindo e lembro que Bwana já tem mais de 10 anos. Que eu era um estudante de terceiro ano que tinha calafrios ao pensar sobre o que teria de fazer na vida e que ela já estava ali dormindo quando a noite chegava. Cachorros são ainda mais fieis às suas rotinas.

E o seu animal de estimação se torna um fragmento de nossa própria rotina. Ele sempre estará ali, porque ele nunca irá ficar brigado com você, durante o tempo que ele durar.

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