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O outro lado do rio

Geralmente os rios passam despercebidos em nossa vida. Eles ficam ali, escondidos entre as matas. Nós só o percebemos quando passamos pelas pontes. As pontes ligam municípios, estados e bairros. E nos ligam também aos rios.

Quando você mora perto de um rio, ele faz parte de um cotidiano oculto. Você sabe que ele esta lá e o mundo termina naquele rio. Agora, o que há do outro lado do rio? Boa pergunta. Sempre pergunto isso quando eu estou na beira de um rio, sem uma ponte. Vivi 20 e poucos anos da minha vida sem saber o que havia do outro lado do rio. Só descobri quando o Google Maps entrou em nossas vidas.

Sempre que estava do outro lado, passei a tentar acertar o lugar exato. Não sei se eu consegui. Posso ter apenas uma ideia. Ali, tão perto da minha casa, mas com aquele rio intransponível no meio. Não por muito tempo.

Olho para aquela ladeira e lembro que ali levei um dos maiores tombos da minha vida. A ladeira da Rua dos Eucaliptos sempre foi bem ingrime, era um desafio descê-la correndo de bicicleta. Quando eu caí a rua estava recentemente asfaltada. Fui surpreendido quando o asfalto acabou subitamente em sua metade. Perdi o controle e caí ladeira abaixo rolando e me ralando em todas as pedras do caminho.

A ponte chega e mata a dúvida do outro lado. Mata também a ladeira. A ponte seguirá reta, escondendo todas as histórias daquela ladeira, as casas que ali ficam. A casa amarela do lendário Chico Preto, com o número 25 na porta e seu nome escrito. Agora, isolada, sem a mata que a escondia, ela toma ares de patrimônio histórico. O nome escrito faz com que Chico pareça uma espécie de Tiradentes local.

Em breve o outro lado estará interligado. A ladeira morta, o bairro transformado. Olho para o resto da mata, bucólica. Eu sei, é apenas o desenvolvimento. Mas meus olhos não se acostumam com a mudança.

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