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Andei Escutando (15)

Ash – Nu-Clear Sogns (1998): O Ash sempre mistura o rock pesado com baladas açucaradas. Se dá bem e mal nas duas frentes. Alguns rocks são empolgantes, outros constrangedores. Tão constrangedor quanto algumas baladas são – por outro lado, outras são sensacionais. Na média, a banda é bem isso... média.
Melhores: Folk Song e Wild Surf.

Cold War Kids – Robbers & Cowards (2006): Uma banda de rock com bastante influência do gospel e ritmos com percussão. Baixo forte, teclados e tambores. Do meio dessa confusão, saem algumas músicas boas e outras que talvez soem melhores caso você seja uma pessoa que usa camisa regata branca e sandália.
Melhores: Hang me up to dry e Saint John.

Dead Kennedys – Plastic Surgery Disasters (1982): É tudo uma questão de tempo. Esse disco soa menos irônico. O humor negro e politicamente incorreto que sugeria a morte dos pobres foi deixado de lado, para um protesto mais politizado. Sem essa ironia, os Kennedys perdem muita da sua graça. O EP In God We Trust, lançado um ano, ainda conserva a crítica ácida do primeiro em Religious Vomit e Nazi Punks Fuck Off.
Melhores: Government Flu e Riot.

Fran Healy – Wreckorder (2010): Geralmente, o que se espera de um disco solo de um membro de uma banda ainda existente, é um som diferente. Músicas que busquem outros rumos fora da identidade da banda. Nesse sentido, o primeiro disco solo do vocalista do Travis é insignificante. Qualquer uma das canções de Wreckorder poderia estar em um disco do Travis – um disco bem mediano, claro. Talvez tenha sido um modo de se livrar de algumas canções bobas enquanto a banda dá uma pausa.
Melhores: Holiday e Fly in the Ointment.

George Harrison – Cloud 9 (1987): O que vemos aqui, é George Harrison tentando sobreviver aos anos 80 – anos que não foram bondosos com muita gente. A primeira impressão é ruim, já que na capa George parece o Falcão (sim, aquele para quem homem é homem, menino é menino, macaco é macaco e viado é viado). Entre alguns números cafonas, George mantém a dignidade nas faixas em que sua sempre preguiçosa guitarra consegue chorar, gentilmente. Mostrando que quem foi Beatle um dia, nunca perde a magia. Foi o último disco lançado em vida por George.
Melhores: Just for today e That what it takes.

Beatle é Beatle

Os Paralamas do Sucesso – O Passo do Lui (1984): A impressão sempre foi de que os Paralamas funcionavam bem em coletâneas, mas não conseguem manter o nível em um disco normal. Para quebrar essa impressão, nada melhor do que um disco que parece uma coletânea. Desde Óculos, passando por Meu Erro, Romance Ideal, Mensagem de Amor até Assaltaram a Gramática, são 8 músicas que qualquer um tem em sua memória musical. Um disco clássico, para animar a vida de qualquer um.
Melhores: Meu Erro e Romance Ideal.

The Jimi Hendrix Experience – Electric Ladyland (1968): Ok, Jimi Hendrix é um guitarrista sensacional e consegue fazer sons impressionantes com o seu instrumento. Mas nem sempre ele consegue converter esse talento em grandes músicas. Nesse disco duplo, há uma dúzia de canções em que a guitarra parece falar, gritar, chorar, grunhir, sussurrar – mas algumas não dizem nada. Individualmente é um bom disco, mas coletivamente não.
Melhores: All Along the Watchtower e Gipsy Eyes.

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